O delegado da Polícia Civil de Mato Grosso, lotado em Nova Xavantina (658 km de Cuiabá), Raphael Diniz Garcia, virou réu em um processo criminal pela suspeita de desviar drogas, que deveriam ser incineradas, para comercializá-las, o que configura envolvimento direto com o tráfico de drogas.
Também pesa a acusação de manter ilegalmente a posse de armas de fogo de uso restrito. A denúncia criminal do Ministério Público foi recebida pelo juiz Alexandre Delicato Pampado no dia 4 de outubro de 2022, porém, tornou-se pública somente nos últimos dias.
De acordo com a denúncia assinada pela promotora Fabíola Fuzinatto Valandro, no dia 30 de outubro de 2017, aproximadamente às 8h, foi cumprido um mandado de busca e apreensão na casa do delegado Raphael Diniz Garcia e encontradas 14 porções de cocaína, correspondente a 81,97 gramas, e 15 porções de maconha, equivalente a 276,29 gramas.
De acordo com as investigações, as drogas foram desviadas da Polícia Civil. Elas deveriam ser incineradas após serem apreendidas com criminosos. No entanto, parte da maconha e da cocaína foi desviada pelo delegado, que as manteve em sua casa, dentro de uma caixa de papelão.
Também foram encontradas 71 municções de calibre 40, uma arma calibre 45, 26 munições calibre 765, 4 munições calibre 22 e 12 munições calibre 38.
A promotora de Justiça Fabíola Valandro ainda cita na denúncia criminal a gravidade do episódio. Isso porque o delegado Raphael Garcia ainda mantinha em sua casa cinco granadas de mão, em desacordo com a lei.
Atualmente, o processo criminal está na fase de produção de provas, após a defesa prévia apresentada pelo delegado. Em 2018, Garcia também se envolveu em outra polêmica, por suspeita de facilitar a fuga de um presidiário em Poxoréu (263 km de Cuiabá).
Outro lado
A Polícia Civil confirmou ao RepórterMT que foi instaurado inquérito policial na Corregedoria-Geral para apurar as condutas do delegado, sendo concluído e encaminhado à Justiça em outubro de 2020 e, no mesmo ano, foi instaurado procedimento administrativo disciplinar (PAD) pela Corregedoria-Geral da Policial Civil para apuração dos fatos na esfera disciplinar.
O PAD foi concluído em fevereiro de 2023, pelo órgão correicional, opinando pela aplicação de pena de demissão ao servidor.
O PAD está sob análise do Conselho Superior de Polícia (CSP).
REPÓRTER MT