Em uma reviravolta importante no caso dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, o ex-policial militar Élcio Queiroz realizou uma delação premiada na qual detalhou sua participação nos crimes.
DELEGADO 1: Como começou sua relação com o RONNIE (Lessa) e como que ela se desenvolveu durante os anos?
ÉLCIO DE QUEIRÓZ: Eu conheço o RONNIE há mais de 30 anos, se não for isso, é próximo a isso; eu já conhecia a esposa dele, a ELAINE, desde criança, na pré-adolescência, 12 anos de idade. Tudo começou quando ele começou a namorar a ELAINE e teve um problema com o meu pai, um desentendimento e tal, mas no final acabaram ficando amigos e eu passei a ficar amigo dele; em suma, ele era da Polícia Militar e eu estava entrando pra Polícia Militar na época, mas nunca trabalhamos juntos na mesma unidade, chegamos a frequentar só mesmo uma vez quando ele era adido, deixou de ser adido e voltou pra Polícia Militar, e eu na época estava no grupamento aeromarítimo e fui transferido para o Batalhão de Choque; nos encontramos no choque, mas nunca trabalhamos na mesma equipe, só nos encontrávamos quando ele estava em operação, ele estava adido da polícia Civil, e eu com minha equipe da Polícia Militar, que as vezes dava algum apoio para o mesmo na minha área de atuação, quando fazia alguma operação naquele local.
DELEGADO 1: Perfeito. E a partir de
essa é sua parte mais profissional com o RONNIE.
Em relação a sua família, ele possui algum vínculo mais próximo? O senhor tem uma relação, tinha pelo menos, naquela oportunidade, uma relação de afeto com a família dele, etc?
ÉLCIO: Sim, o RONNIE é padrinho de consideração do meu filho Patrick; o Patrick gosta muito dele, ele faz as vontades do Patrick, então a nossa relação é nesse sentido, de família, eu sou amigo da família dele, ele é amigo da minha família.
DELEGADO 1: O Patrick chegou a viajar com ele?
ÉLCIO: Chegou a viajar com ele para os Estados Unidos.
DELEGADO 1: O senhor foi expulso da Polícia Militar quando?
ÉLCIO: Se não me engano, em 23/12/2015 no Diário Oficial; no Diário da Polícia Militar não tenho certeza se foi no dia seguinte.
DELEGADO 1: Foi por conta da “Guilhotina”, né?
ÉLCIO: Por conta da “Operação Guilhotina”.
DELEGADO 1: A partir desse período, qual era sua fonte de renda?
ÉLCIO: A partir daí, minha fonte de renda era fazer alguns serviços “freelancer” de segurança; trabalhei no laboratório “Pastlabor”, já trabalhei no “Blueman”- fábrica de roupa como segurança da empresa – já trabalhei como motorista de aplicativo, e no final, eu estava trabalhando agora como escolta de carga. Trabalhei na “Toplog” que fazia escolta das “Casas Bahia”, “Bomfree” e “Assaí” (inaudível)
nas Casas Bahia em Santa Cruz da Serra. Na época do crime eu já trabalhava em outra empresa de escolta, na outra transportadora, no caso, na “Jadlog”.
DELEGADO 1: Nesse período o senhor teve alguma dificuldade financeira?
ÉLCIO: Sim, tive dificuldade financeira logo no início, perdi minha renda que era certa, fiquei somente com esses bicos que eu fazia, e na época o RONNIE que me ajudou muito; vira e mexe ele me ajudava
com um dinheiro pra fazer uma compra, sempre que podia ele me ajudava quando a gente se encontrava em algum momento
algumas vezes ele me ajudava financeiramente.
DELEGADO 1: Por conta dessa relação pessoal que vocês construíram durante esses 30 anos?
ÉLCIO: Verdade, as vezes ele me emprestava e eu pagava parceladamente também, conforme ia fazendo os serviços, muitas vezes também ele abria mão de alguma coisa ou outra (não precisa me pagar essa daí), e assim sempre nossa amizade foi baseada nisso daí, independente do dinheiro, mas a gente tinha uma relação de como se fosse irmão;
DELEGADO 1: Ele tinha uma boa situação financeira, o RONNIE?
ÉLCIO: Tinha, tinha uma boa situação financeira.
DELEGADO 1: O senhor sabe qual que era a origem dos recursos dele?
ÉLCIO: Ele sempre falou a respeito dos quiosques que tem em uma favela de Manguinhos, mas eu nunca vi, ele sempre falou. Agora eu sei da situação dele, a respeito que ele tinha uma sociedade com uma pessoa em GATONET isso dava uma renda pra ele mensal; e máquinas caça-níqueis
que também tinha ciência que ele tinha uma renda em máquinas de caça-níqueis.
DELEGADO 1: Com quem era a sociedade no GATONET?
ÉLCIO: No GATONET era com MAXWELL *(o ex-bombeiro Suel, preso nesta segunda-feira, 24)*, na área de Rocha Miranda; e no caso do RONNIE era mais pra dentro da comunidade do “Jorge Turco” ali, e todo o asfalto, todas as ruas ali, algumas favelinhas; abaixo da comunidade é do MAXWELL; a maior parte é do MAXWELL, só uma parte que era do RONNIE.
DELEGADO 1: A partir disso, os senhores tinham uma relação de confiança lastreada nesses trinta anos juntos, e o senhor, não que virou dependente econômico dele, mas ele lhe emprestava muito dinheiro de forma reiterada?
ÉLCIO: Sim, sempre que podia, que eu estava com ele, sempre me ajudou, e as vezes eu mesmo o procurava, pedindo uma ajuda e ele sempre me ajudou.
DELEGADO 1: Então o senhor tinha uma relação um tanto quanto dependente do RONNIE?
ÉLCIO: Não digo dependente, mas eu tinha uma dívida de gratidão com ele, por tudo que ele fez por mim, sempre tive gratidão, que ele me ajudou no momento mais difícil da minha vida, foi ele uma das pessoas que me ajudou.
DELEGADO 1: Foi depois da exclusão da PM?
ÉLCIO: Foi depois da exclusão da PM, sim.
DELEGADO 1: Agora em relação ao fato em si, quando que o senhor recebeu ou constatou, ou deduziu
foi a primeira situação vinculada em si a execução da vereadora e do motorista dela?
ÉLCIO: Primeira situação foi relacionada ao carro; porque aí eu vou descrever a situação do veículo. A primeira vez que eu fiquei sabendo do veículo em si, foi quando eu fui na casa dele uma vez no meu carro, que eu tinha um Corsa velho, estava com problema de bateria; eu vi na varanda dele uma bateria, e nessa ocasião eu pedi emprestada a bateria do veículo pra retornar pra casa, que estava falhando; me emprestou a bateria e alguns dias depois ele cobrou essa bateria, eu tive que devolvê-la; eu consegui comprar uma nova, e ao chegar lá ele me informou que teria um carro que não era bom, não sei se clonado ou furtado ou roubado, não sei
um carro de procedência duvidosa, e essa bateria seria pra esse carro, porque eles já tinham tido um outro carro, e esse carro foi recuperado pela Polícia Militar por local mal estacionado, pneu vazio; a Polícia Militar passou e verificou que o carro não estava em boas condições e rebocou o veículo; então ele conseguiu outro carro e a primeira coisa que ele fez foi botar a bateria nesse carro aí, pra não passar sufoco.
DELEGADO 1: Isso foi aproximadamente quando?
ÉLCIO: Alguns meses, em torno de agosto de 2017, aproximadamente.
DELEGADO 1: Em relação a bateria e a esse eventual carro que o senhor imputa como sendo o carro de procedência duvidosa, o senhor inferiu isso que era um carro de procedência duvidosa pelas palavras dele ou o senhor conseguiu perceber, ele lhe falou?
ÉLCIO: Isso, pelas palavras, pelo jargão seria um carrinho ruim
um carrinho ruim é um carro de procedência duvidosa, um carro roubado, vulgarmente conhecido como “cabra”, essa foi a situação.
DELEGADO 1: Ele usava reiteradamente carros dessa natureza?
ÉLCIO: Ele não usava, como se diz, a palavra certa não é reiterada, mas eventualmente ele possuía um carro desse tipo.
DELEGADO 1: Não foi a primeira vez?
ÉLCIO: Não, não foi a primeira vez; mas não era uma coisa que todo dia tinha um carro diferente, não era nesse sentido, era que eventualmente ele tinha um carro ruim sim, nessas condições.
DELEGADO 1: Em relação a essa recuperação realizada pela Polícia Militar, o senhor falou que como o carro estava em uma situação degradante, a Polícia Militar estranhou e fez a retirada do veículo do local onde ele estava; primeiro, como se deu essa retirada, o senhor sabe por que se deu essa retirada? E o senhor sabe onde estava esse veículo?
ÉLCIO: Pelo que ele falou, a situação degradante do veículo chamou a atenção da Polícia Militar; a PM conferiu o veículo, acredito que não pela placa, acredito que a placa deu o mesmo veículo, porque seria um veículo clonado; foi no caso pelo chassi e justamente isso chamou atenção, o carro estava em más condições de uso, com pneu vazio, aí a Polícia Militar recuperou o carro.
DELEGADO 1: E o senhor não sabe em qual local que foi realizada essa recuperação?
ÉLCIO: Ele me falou que o carro ficava entre Barra da Tijuca e Rocha Miranda; aí depois disso aí, fiquei sabendo de um outro veículo, que foi no caso que ele iria usar essa bateria, seria pra usar em um outro veículo, que ele conseguiu um outro veículo e essa bateria seria usada nele.
DELEGADO 1: O senhor soube pra onde esse carro foi destinado, pra onde a Polícia Militar mandou o carro que foi rebocado?
ÉLCIO: Não sei dizer, não sei dizer nem o modelo, nem pra onde foi, nem para o local que foi.
PROMOTOR 1: Entre Barra e Rocha Miranda, você quer dizer que ou fica na Barra ou fica em Rocha Miranda?
ÉLCIO: Isso, justamente, ou ficava na Barra ou em Rocha Miranda; aí depois eu fiquei sabendo que esse novo veículo passou a ficar mais na Barra da Tijuca, e sempre sendo trocado de lugar, para não dar margem novamente para ser recuperado.
DELEGADO 1: Qual o novo veículo?
ÉLCIO: Qual o novo veículo? COBALT PRATA.
DELEGADO 1: Então a partir da recuperação desse veículo que o senhor não sabe identificar, pela Polícia Militar, o RONNIE pegou esse COLBALT PRATA pra servir de
como seu novo clone, seu novo duble, correto?
ÉLCIO: Correto.
DELEGADO 1: Então, essa recuperação pela Polícia Militar se deu aproximadamente em agosto ou julho de 2017, o senhor acredita?
ÉLCIO: ou setembro, não sei, é esse período do meio do ano.
DELEGADO 1: E a partir de setembro ele já estava com o COBALT em mãos, correto?
ÉLCIO: É. Por outras coisas eu sei que ele estaria com esse carro nessa época.
POLICIAL CIVIL 1: Quando você viu o carro pela primeira vez?
ÉLCIO: Eu vi a primeira vez quando estava eu estava indo para o quebra-mar à tarde
(inaudível); quando estava chegando pra procurar
não tinha lugar pra estacionar no quebra-mar, eu procurei antes que tem um quiosque ali na Avenida do “Pepê”, tava procurando uma vaga, aí eu vi, antes de estacionar, eu vi o SUEL sentado
o MAXWELL sentado nesse COBALT PRATA e o RONNIE em pé, conversando com ele; aí eu consegui uma vaga ali, aí fui até ele; aí o RONNIE já estava se despedindo dele; aí foi que o RONNIE comentou comigo que era um carrinho, era o tal carro que estava sendo usado em um trabalho.
DELEGADO 1: Nesse período ele falou trabalho com o senhor?
ÉLCIO: Trabalho, trabalho.
DELEGADO 1: Mas o senhor remeteu a que? O que o senhor deduziu disso aí, que eles iam usar esse carro pra que?
ÉLCIO: Pra uma campana, diversas coisas, coisa que fosse ilícita; na época eu não sabia do que se tratava.
DELEGADO 1: Então essa foi a primeira oportunidade que o senhor viu o veículo. O senhor viu o veículo em quais outras ocasiões, o senhor sabe destacar?
ÉLCIO: Numa outra, a segunda vez que eu vi o veículo foi quando eu já estava no quebra-mar e o RONNIE comentou com o SUEL pra ele não deixar o carro no mesmo lugar, pra não acontecer a mesma coisa, aí falou: “troca o carro de lugar”; aí que eu fiquei sabendo que o carro estaria ali na Praia dos Amores; aí de imediato o SUEL saiu e foi lá trocar o carro de lugar; mas eu não vi onde era, só sei que era ali porque ele falou que era ali, nisso o MAXWELL foi andando.
DELEGADO 1: Então o MAXWELL era o cara que tinha a incumbência de fazer a troca de local desses veículos?
ÉLCIO: Correto, até por que o RONNIE não pode dirigir por causa da perna dele, só se for automático; então a chave ficava com MAXWELL pra ele trocar o carro de lugar, ali na Barra da Tijuca, não sei se ele ia pra Rocha Miranda; mas ali naquele local eu sei que ele trocava ali do estacionamento de um lugar do estacionamento pro outro; tem dois lugares ali na Praia dos Amores, ali tirava de um local, como se fosse algum hóspede, alguém que frequentasse aquele local ali, pra não ficar o carro parado nas mesmas condições que aconteceu com o carro anterior.
DELEGADO 1: A partir disso, isso foi aproximadamente em setembro já, outubro de 2017?
ÉLCIO: É, depois disso aí não vi mais o carro, eu só fiquei sabendo depois desse carro, numa conversa que nós tivemos no ano novo, na virada de 2017/2018, e no dia do crime.
DELEGADO 1: Então, detalha como foi essa conversa no dia 31 pra mim, por favor.
ÉLCIO: No dia 31, nós passamos nossa família junto com a dele, na casa dele na Barra da Tijuca, no Condomínio Vivendas; já tínhamos bebido bastante, aí em tom de desabafo ele comentou comigo que estava chateado, que ele estava num trabalho já algum tempo e teve a oportunidade de um alvo que seria uma mulher; estava com esse trabalho ele, o SUEL e o MACALÉ; estavam nessa época aí, já um tempo “campanando” esse alvo e teve uma oportunidade de chegar até esse alvo um dia, na área do Estácio, e na hora que foi pra acontecer o fato, o crime, no caso seria uma execução
o piloto (inaudível) do carro era o MAXWELL, o atirador na frente seria o RONNIE, o outro no banco de trás seria o EDMILSON MACALÉ. O RONNIE achou que houve um refugo, o carro deu um problema, pediu pra emparelhar, era um táxi; essa pessoa, essa mulher estaria num táxi e tinha uma oportunidade, só que na hora que ele mandou emparelhar, o carro deu um problema; e o RONNIE desabafou comigo, dizendo que não acreditava que teve problema, que foi medo, refugou; o MAXWELL que refugou no momento que queria, e a função dele era dirigir, do RONNIE seria o atirador; e do MAXWELL seria contenção do local em si, ele teria que descer do carro e sustentar
MACALÉ.
DELEGADO 1: Espera aí, esclarece de novo, quem estava no motorista, quem estava no banco da frente, e quem estava no banco de trás?
ÉLCIO: Motorista seria MAXWELL, o SUEL; banco do carona RONNIE com a metralhadora dele, a MP5; e no banco de trás, na contenção, seria o EDMILSON MACALÉ, que faria a contenção com AK47; foi essa a situação que ele me passou; nesse dia do ano novo que ele desabafou, aí eu fiquei sabendo que era o mesmo carro.
DELEGADO 1: Então pelo menos esses três, desde esse último trimestre de 2017 já estavam fazendo o monitoramento do alvo?
ÉLCIO: Até o final do ano estavam fazendo monitoramento do alvo.
DELEGADO 1: O senhor sabe como que estavam fazendo monitoramento do alvo, se era pesquisa, quem fazia?
ÉLCIO: Não, não sei; eu sei que era em torno ali da Tijuca, em redondezas ali; isso aí ele chegou até a falar, mas não sei dizer pro senhor.
DELEGADO 1: Pulando um pouco aqui na cronologia, mas eu já retornarei; Ficou evidenciado sobretudo no inquérito da Polícia Civil, que no mês de fevereiro, em alguns dias do mês de fevereiro, recorda-se de cabeça pelo menos dia primeiro, dia sete, dia quatorze de fevereiro, tiveram algumas campanas na região da Tijuca, em tese em relação ao alvo; esses locais o senhor teve ciência também que teve campana? Quem participou dessa campana? Ou se esses lugares eram praticamente os mesmos daqueles da campana desse último trimestre de 2017?
ÉLCIO: Dia quatorze eu lembro. O que acontece, eu não sabia no dia do interrogatório na DH, eu não sabia
eu só liguei os fatos do local, da data, foi na audiência de instrução, que foi quando o inspetor da Polícia Civil, da Delegacia de Homicídios, ele falou das datas e mostrou o carro nas localidades, justamente ali próximo da Tijuca; ali alguns locais onde o RONNIE já tinha comentado que estaria lá fazendo esse levantamento desse alvo. Aí foi só na audiência de instrução que eu tive a certeza de que era aquele local.
DELEGADO 1: Retorno (inaudível) do prazo pra essa tentativa frustrada em razão do refugo, suposto refugo do MAXWELL, o senhor sabe se foi na região da Estácio ou tem alguma indicação de algum local especifico, se o alvo estava se destinando pra algum evento, pra algum local?
ÉLCIO: Não, não; ele só falou que nesse dia em si teve a facilidade porque ela estaria num táxi na área do Estácio ali, e seria o local mais propício pra cometer o crime; mas ele já tinha falado que era a área da Tijuca e redondezas, então chego à conclusão de que é ali próximo a Tijuca, tanto que no dia do crime ela passou também pelo mesmo bairro.
DELEGADO 1: Então vou passar para o dia da execução. Pode me narrar qual foi sua rotina no dia 14 de março de 2018, por favor?
PROMOTOR 2: Entre o ano novo e o dia da execução ocorreu alguma outra coisa relacionada a esse fato, a MARIELLE alguma conversa, alguma coisa, algum encontro com MAXWELL? Do ano novo até março, dois meses e meio?
ÉLCIO: Não, depois ele tinha alguns encontros com outra pessoa, vou falar posteriormente; encontros casuais; apareceu também celular, que eu achei estranho aquele celular aparecer pra ele; ele costumava andar com celular de última geração, era um celular feio, mas era um smartphone; e o RONNIE não fala em telefone, só digita; aí eu perguntei e ele falou que era de uma pessoa que tinha fornecido pra ele.
PROMOTOR 2: Só voltando um pouquinho na vigilância; além do LESSA e do MAXWELL, o senhor tem conhecimento de mais alguém que tenha participado?
ÉLCIO: Sim, da vigilância, o EDIMILSON MACALÉ esteve presente em todas; inclusive foi através do EDIMILSON que trouxe
vamos dizer, esse trabalho pra eles; essa missão pra eles foi através do MACALÉ, que chegou até o RONNIE.
DELEGADO 1: Uma última pergunta em relação a isso também; na verdade era
a gente pode chamar de vigilância, pelo que o senhor está narrando; quero que o senhor confirme ou não, uma vigilância ou uma janela de oportunidade?
ÉLCIO: Correto; uma vigilância buscando uma janela de oportunidade; e essa janela de oportunidade apareceu, por que eles sempre estavam preparados pra pronto emprego, e nessa oportunidade houve o refugo.
DELEGADO 2: Inclusive o senhor narrou que ele estava nitidamente chateado por perder uma janela de oportunidade.
ÉLCIO: Justamente por que perdeu uma oportunidade que das outras vezes não teve uma oportunidade assim, tão clara como dessa vez, que seria somente o carro e o carro deles.
DELEGADO 1: E essas pessoas que o senhor narrou, notadamente MAXWELL, MACALÉ, eles tinham ciência disso?
ÉLCIO: Do alvo no caso, do trabalho em si?
DELEGADO 1: Do alvo, do trabalho e da janela de oportunidade?
ÉLCIO: Tinha, tinha sim; eles estavam justamente na missão, tanto que um estava com a metralhadora MP5 sempre e o outro com a função
com a AK47, com a função de fazer sempre a contenção do local. Não teria um outro porquê se não fosse por isso.
DELEGADO 1: Antes de entrar na execução, pelo que eu depreendi aqui dos seus anexos, parece que o senhor não tem tantas informações assim sobre eventual planejamento; mas não vou me furtar de perguntar, tudo bem, doutora?
ADVOGADA: Gesto positivo com a cabeça.
DELEGADO 1: Em relação a arma do crime, o senhor sabe a origem? De onde ela veio?
ÉLCIO: Sim, o que eu sei é o que foi passado por ele; essa arma ele adquiriu, segundo ele, tudo eu estou passando segundo ele me passou; de que houve um incêndio no Batalhão de Operações Especiais, no paiol, e essa arma foi extraviada; essa e outras armas foram extraviadas nesse incêndio aí, e essa arma ficou com uma pessoa que eu não sei quem é; essa pessoa conseguiu fazer a manutenção dela e vendeu pra ele; então ele tinha essa arma aí, conseguiu essa arma, por que ele já trabalhou no Batalhão de Operações Especiais, e o que acontece, essa arma já usou em serviço, pela numeração é de uma pessoa, mesmo policial que está acostumado a trabalhar sempre com a mesma arma; é costume, pessoa eu quero afinar o número 75 já sabe que aquela arma não vai dar problema; então tinha um carinho por aquela arma, que ele usava sempre quando estava em operação no Batalhão de Operações Especiais; e ele reformou ela todinha, deixou ela cem por cento.
DELEGADO 1: Senhor sabe quando foi esse incêndio?
ÉLCIO: Não sei, mas tem muitos anos.
POLICIAL CIVIL 1: O senhor tem ideia de quando ele adquiriu a arma dessa pessoa?
ÉLCIO: Foi antes disso tudo aí, que eu contei esse fato todo aí, ele já tinha e ele falou assim feliz, que tinha conseguido a arma; a data em si não, mas foi antes desse levantamento aí; eu seria até
chutar a data fica difícil, não tenho como, pode ter sido um ano antes; não chega a cinco anos antes; é uma perspectiva, acho que não chega um ano, nem dois anos; um ano antes do
já tinha conseguido a arma.
DELEGADO 1: O senhor sabe quem foi que vendeu a arma? Senhor sabe se era policial ou não era?
ÉLCIO: Não sei. Possivelmente policial porque essa arma foi extraviada do Batalhão de Operações Especiais; então alguém que tinha acesso as armas somente quem era; na época eu nem sei se realmente houve esse incêndio, ele passou que houve, já ouvi boatos que houve incêndios, mas eu não sei quando é, quando foi, não sei nem se eu estava na Polícia Militar; mas ele me passou que foi essa situação.
DELEGADO 1: Munição, UZZ18 da Polícia Federal, o senhor sabe como tiveram acesso?
ÉLCIO: Não sei, ele nunca falou desse assunto da munição; da munição infelizmente não.
DELEGADO 1: Ele tinha algum amigo Policial Federal?
ÉLCIO: Amigo Policial Federal que eu saiba, ele deve ter sim até hoje, mas eu não me lembro de alguém relacionado; eu lembro da época que uma amizade com aqueles rapazes que foram presos, MAUÉS (inaudível), BARRUAN; nessa época eram amigos, mas tem muitos e muitos anos, não é coisa recente; ele tem muita amizade que eu não conheço.
DELEGADO 2: Voltando a questão do carro, teve algum episódio no qual o RONNIE demonstrou alguma preocupação em relação a umas imagens que poderiam ter captado?
ÉLCIO: Sim; depois do fato do crime ele ficou preocupado porque aonde ele parava, localidade que ele parava ali debaixo do viaduto, ali sentido Praia dos Amores tem dois lugares pra estacionar, e ali tem uma pousada, e essa pousada poderia ter captado a imagem dele; isso depois do crime, pois foi divulgado amplamente na televisão que o carro passou por ali; então, fazendo retrocesso das imagens, poderia chegar na imagem dele, do MACALÉ e do SUEL entrando no veículo ali debaixo na Praia dos Amores, nessas campanas que eles estavam fazendo. Tinha essa preocupação sim, e depois de um outro local depois do crime, ficou preocupado também do local onde foi que eu fiquei, que eu embarquei no veículo no dia do fato; ele também ficou preocupado com aquele local ali; das imagens daquele local; mas principalmente da Praia dos Amores em si, desse episódio em si, que teria a imagem retroativa dos três.
DELEGADO 1: Eu vou avançar então na execução; depois faço algumas outras perguntas sobre o planejamento. Me diz então como foi a cronologia dos fatos no dia 14 de março de 2018, por favor.
ÉLCIO: No dia 14 de março eu estava de serviço nas Casas Bahia em Santa Cruz da Serra, fazendo acompanhamento; não é nem escolta; acompanhamento, que era só uma pessoa com meu veículo particular, Renault Logan (inaudível); vinha de Santa Cruz da Serra com três caminhões; até depois o senhor tem todos os dados do motorista, localização, GPS e tudo, tem como confirmar; em suma eu vim descendo com os três caminhões; teria que fazer a área de Madureira e Rocha Miranda; acompanhei os caminhões até o Madureira Shopping, dois caminhões ficaram no Madureira Shopping, o outro foi fazendo porta a porta em Rocha Miranda, enquanto os dois ficaram estacionando lá dentro; a minha função era acompanhar porta a porta a entrega de eletrodomésticos; por volta do meio dia, pelo aplicativo “CONFIDE”, recebi mensagem do RONNIE LESSA perguntando onde eu estava, se estava em casa, enfim se eu estava de folga; por onde eu estava; eu falei que estava trabalhando, e ele perguntou que horas eu sairia; eu falei que estava com esse caminhão, mandei até a foto pelo aplicativo CONFIDE, pra mostrar que eu estava no viaduto de Rocha Miranda em frente o grêmio recreativo de Rocha Miranda; aí mandei pra ele pra realmente ver que eu estava ali, não estava em casa; tô aqui, tô trabalhando, e não sei que horas vou sair; aí ele falou se até umas dezessete horas
umas dezenove horas
eu estaria liberado; aí eu falei que tinha esse caminhão; tem um outro lá; aí acabou que os caminhões que eu teria que fazer acompanhamento de Madureira, do Shopping Madureira me dispensou; então acabou o serviço duas horas da tarde; aí eu perguntei: mas pra que é? Ele respondeu que era pra dirigir pra ele; aí eu falei, mas qual foi, pra que é? aí eu recebi uma imagem pelo aplicativo CONFIDE; quem conhece sabe que tem que deslocar o dedo, correr o dedo pela tela, então fica tipo uma tarja acompanhando a imagem; não dá pra ver a imagem total, ela vai conforme vai passando o dedo, ela vai correndo; aí depois automaticamente ela se destrói; como eu estava ali meio que parado, dirige não dirige, atento, eu só vi a imagem 400 de várias mulheres reunidas; depois eu soube que era um evento da Casa das Pretas.
DELEGADO 1: Naquele momento o senhor não teve acesso? ÉLCIO: Não, não
até porque se mostrasse e falasse do nome da pessoa eu não iria reconhecer, pois na época eu não conhecia a Senhora MARIELLE FRANCO.
DELEGADO 1: O Senhor falou que vocês se comunicaram pelo CONFIDE
dois fatos, duas perguntas na verdade: Por que pelo CONFIDE e se o senhor tratava de assuntos específicos com o RONNIE pelo CONFIDE, e outros assuntos triviais por outro aplicativo?
ÉLCIO: Eu tratava de assuntos triviais pelo WhatsApp normal, mas quando era alguma coisa assim muito reservada, aí eu tratava no CONFIDE.
DELEGADO 1: Reservado de qual natureza?
ÉLCIO: Podia até ser uma traição, digamos assim uma mulher; mas poderia ser alguma coisa relacionada a
não sei
alguma coisa que não fosse legal; uma coisa que se tratasse de uma ilegalidade, vamos dizer assim
DELEGADO 1: Vocês exploravam então a criptografia do aplicativo? Como que o senhor sabia que o aplicativo era pra essa natureza de conversas reservadas?
ÉLCIO: Eu fiquei porque eu recebi um convite de um dos conhecidos nossos, não sei se foi dele não; não tenho certeza, eu acho que não foi dele, mas todos os nossos conhecidos já estavam usando isso aí, então era até as vezes, um meio de quando não atendia um, chamava também no CONFIDE, porque fazia outro tipo de toque; mas a gente já sabia que era uma mensagem criptografada, até porque se chegasse em casa e tivesse alguma coisa
a minha mulher ver ou alguma coisa
não veria nada porque se desfaz; mas se fosse alguma coisa também que não fosse legal, também seria por ali.
DELEGADO 1: O Senhor se recorda mais ou menos que horas que o senhor recebeu essa mensagem no CONFIDE?
ÉLCIO: Foi em torno de meio dia; que ele me chamou foi por volta da hora do almoço, assim
logo em seguida eu sai as duas horas, então quer dizer que não demorou muito; eu acabei logo ali, deve ter sido meio dia em diante; eu sai duas horas; eu falei que estava livre e dispensado
aí ele falou: vai pra casa e eu vou te chamar no momento que for; fui pra casa tomei banho, almocei e fiquei aguardando; tem um jogo lá do Flamengo e Emelec na Libertadores, eu fiquei ali; a minha esposa perguntou se eu ia sair
alguma coisa
eu falei que ia ver o jogo; não falei nada que iria me encontrar com o RONNIE, pra algum tipo de coisa nenhuma; a minha esposa não sabe de nada, eu falei e ela confiou. Então, na sequência ele me chamou e
umas quatro e pouco da tarde pelo CONFIDE; foi só o tempo
vocês tem até na investigação, no caso, o horário exato na entrada no condomínio; mas foi só até o tempo dele me chamar eu já estava pronto, peguei ali
eu moro do lado da linha amarela
peguei a linha amarela, passei ali pelo (inaudível) e já estava
não peguei horário de rush, cheguei na casa
peguei Ayrton Senna, Lúcio Costa e entrei na casa dele.
DELEGADO 1: Nessa passagem pela linha amarela, o senhor pagou o pedágio?
ÉLCIO: Paguei o pedágio, eu lembro que eu tinha
guardei até o comprovante, mas só que ele com o tempo some.
DELEGADO 1: O senhor foi com o Logan?
ÉLCIO: Fui com o Renault Logan Prata; aí eu passei e paguei, na época eu estava devendo o passe expresso; aí tentei até botar o pré-pago, mas não consegui; aí parei de pagar
aí eu paguei, passei e fui pra casa
cheguei lá por volta de cinco horas; quando eu cheguei no condomínio dele eu anunciei a chegada, porque eu não sou
tem algumas pessoas que até tem liberdade de entrar no condomínio dele, mas eu não era essa pessoa; eu estacionei o carro, ele informou – até na investigação tem ele recebendo a chamada, mandando
autorizando a minha entrada – quando eu cheguei na casa dele, o veículo dele, a Evoque já estava posicionada em frente
estaciona ali
estava em pé, de calça
estranho porque ele anda de bermuda pra tudo que é lugar; e ele falou, vamos embora, deixa seu carro ali
aí entrei já no carro dele, ele botou a bolsa e saímos.
DELEGADO 1: Ele estava com uma bolsa quando senhor encontrou na área, já em pé?
ÉLCIO: Ele estava com uma bolsa, tipo bolsa de viagem, em pé do lado de fora, mandando e apontando onde tinha que estacionar dentro da garagem dele; aí quando eu desci do carro, ele já tinha colocado a bolsa no carro e assumido a direção; eu entrei do lado, saímos.
DELEGADO 1: A arma estava dentro dessa bolsa?
ÉLCIO: Depois eu fiquei sabendo que estava ali; não falou nada ali, só pegou a bolsa
aí saí; chegou na portaria, morador não marca nem entrada nem saída, só no caso visitante; saímos, entramos logo depois
ali não sei se era o Vivendas, não sei
acho que cresce a numérica
cresce a numérica
então ele morava no 3100, e na Vivendas depois do 3200 tem uma entrada, que essa entrada vai até os fundos de um condomínio, que tem uma portaria que leva até uma balsa
essa balsa atravessa pra Avenida das Américas; então quando chega próximo a esse portal, tem uma entrada pra esquerda que é os fundos realmente do condomínio; então fica o condomínio e essa entradinha da balsa; estava parado ali o Renault
desculpa, o COLBALT PRATA; ai parou; ele me orientou; falou pra desligar o telefone; eu lembro que
eu não sei se ele desligou ou se deixou ligado; ele falou deixa o telefone aqui; ele falou
não sei, não lembro se ele falou desliga, mas ele falou deixa aqui.
DELEGADO 1: Deixa aqui aonde?
ÉLCIO: No console do carro dele; e como com toque essas coisas podem acionar o alarme, eu sei que isso acontece, eu por mim mesmo já botei no modo avião e desliguei; ele eu não sei o que ele fez; se ele só desligou ou botou no mudo; descemos do carro e nosso telefone ficou ali; me deu a chave e eu assumi a direção, ele botou a bolsa atrás.
DELEGADO 1: Ele sentou aonde?
ÉLCIO: Ele sentou no banco do carona, no banco do passageiro na frente; aí saímos; esse condomínio tem uma saída do outro lado, nós entramos a primeira a direita, quer dizer nós saímos na outra entrada, passamos por dentro tem um “shoppingzinho” ali, uma padaria e tal, saímos ali; acho que sai do lado até de um banco; se eu não me engano o banco é até a esquerda ali; fizemos um retorno e fomos em direção
ele falou vai em direção ao centro, vamos pegar o Alto da Boa Vista; no caminho fui perguntando qual é a situação, aí ele falou que era a vereadora, falou o nome, mas eu não sabia quem era; mas aí eu falei o que é a situação? Ele falou que era pessoal; mas tem dinheiro nisso aí, o que é? Aí ele falou não, é pessoal. Aí fomos seguindo, ele foi me orientando.
DELEGADO 1: Então me fala só em relação a esse caminho, como que foi?
ÉLCIO: Aí ele foi me orientando; passamos pelo quebra mar, passamos debaixo do viaduto, a Avenida das Américas estava um pouco engarrafada, aí pegamos aquela ponte-estrada do Itanhangá; seguimos o Alto da Boa Vista, subimos o Alto, passei até em um radar onde foi visto o carro; passei naquele radar; descemos; pegamos a Haddock Lobo, depois a Saens Pena, acho que foi esse aí o caminho, se eu não me engano; eu posso tá enganado, mas
em frente toda vida, chegando lá, já na parte do centro da cidade foi me orientando, que ali não conheço bem
foi me orientando que seria do lado do antigo ICE – eu me lembro do antigo ICE, porque eu cheguei a pegar o antigo ICE na época que eu trabalhava, mas não é mais no mesmo lugar – mas eu não sabia chegar na rua que ele falou.
DELEGADO 1: Mas isso ele estava vendo aplicativo/celular?
ÉLCIO: Não, ele já sabia do local, por que ele falou que já tinha feito o local pelo
não sei se foi google maps ou
é algum aplicativo nesse sentido.
DELEGADO 1: Mas ele já tinha feito levantamento do local? Qual local? Na Rua dos Inválidos?
ÉLCIO: Do local da Casa das Pretas; depois fiquei sabendo que era da Casa das Pretas; é ali, Rua dos Inválidos, do lado do ICE; passamos, não tinha vaga, ele achou que estava até meio atrasado, já estava escurecendo.
POLICIAL CIVIL 1: Mas, desculpa interromper
quando você fala ele tinha feito o local pelo aplicativo, ele fez seguindo o aplicativo ou ele fez de fato, ele foi até o local?
ÉLCIO: Ele passou, pelo que eu entendi; ele fez via internet, mas me causou estranheza que ele já sabia a posição de tudo ali do local.
DELEGADO 1: Por que?
ÉLCIO: Tipo
para aqui, aqui dá pra parar, ali tem uma câmera, tem uma câmera aqui atrás, o local é aqui e tal
como se a pessoa já tivesse ido no local; por que só pela internet é uma coisa e pra pessoa ir no local é totalmente diferente. Aí não tinha lugar e ele falou dá mais uma volta; aí ele achou até que já tinha extrapolado o horário, tinha passado já.
DELEGADO 1: Mas ele sabia então um horário pré-determinado?
ÉLCIO: Sabia por causa que ele tinha visto que era um local que teria a reunião naquele horário, no caso, acho que as 19 horas.
DELEGADO 1: Você sabe qual foi a origem dessa informação?
ÉLCIO: Eu acho que foi do Instagram.
DELEGADO 1: Do Instagram da vereadora?
ÉLCIO: É, por que ele me mandou essa
a mesma foto; eu não se se foi da vereadora ou da Casa das Pretas; mas que veio a imagem pra mim do local, então, uma coisa leva a outra, né
então acredito que ele fez por Instagram.
DELEGADO 1: Ele falou que vocês tinham que chegar lá até que horas, ele falou alguma coisa?
ÉLCIO: Falou
acho que até as 19 horas
dezenove não
é, sete horas
é dezenove horas
aí sete horas ele ficou preocupado; não viu nada, não viu movimento, acho que acabou, até o evento já era; ele (RONNIE): dá mais uma volta pra gente ver; aí dei mais uma volta; procura um lugar pra estacionar, que não tinha; com muito custo ali, paramos ali – onde tem as imagens amplamente divulgadas – nós estacionamos; nesse instante; ele para ali e fala o seguinte: agora você precisa me ajudar
aí eu não entendi muito bem
aí ele começou a arriar o banco; deixou totalmente na horizontal pra passar pra trás, na parte do banco de trás; nisso que ele vai pra parte de trás a perna dele
não tem como ele levar a perna, isso que eu tinha que ajudar; conduzir a perna dele; não tem aquela situação dele se arrastar da esquerda pra direita.
DELEGADO 1: O carro balançou por que ele saiu da frente pra trás?
ÉLCIO: Ele saiu da frente pra trás; aquilo que foi feito pela perícia não tem nada a ver; ele parou e ele é muito grande, então ele ficou naquele túnel ali com uma perna de um lado e a outra de outro, dentro do automóvel ali, e eu fui ajustando o banco; nesse momento que eu estou ajustando o banco, que eu olho para o retrovisor, ele já estava colocando o casaco, tipo que se equipando, vamos dizer assim, se preparando; botou o casaco; daqui a pouco ele tira a metralhadora; no caso a arma do crime; coloca o silenciador; e ele nesse momento, até uma coisa assim que eu não esperava, ele pegou um binóculo, e ficou com o binóculo; nisso o carro desligado e totalmente fechado; aí a gente começou a ver uma movimentação ali do lado, a movimentação parecia ser uma pequena
(inaudível) um tráfico de drogas; aí bateram no vidro e ele disse para ficarmos em silêncio; aí foi abafando, abafando
e ele olhando e olhando; ai teve uma hora que saiu uma senhora lá, e depois eu vi que era parecidíssima com a vítima, o tipo de cabelo e tal; aí ele falou eu acho que é ela
não é ela não; então quer dizer, ele sabia exatamente como que era a pessoa; o perfil, quer dizer, não é só o rosto, ele sabia identificar a pessoa; eu não sabia quem era, não sabia distinguir uma da outra, nunca tinha visto; aí nesse momento ele falou assim: “cara, tá abafado, então liga aí só o ar condicionado
.liga aí se não tiver jeito”; porque eu falei que estava embaçado os vidros, vai chamar atenção; aí ele falou liga o carro; aí nesse momento que ele falou liga o carro, o COBALT, mesmo não acionando a lanterna no momento que liga, o painel acende e vem aquela luminosidade; aí quando ele percebeu a luminosidade ele mandou uma touca para tapar a claridade, uma touca ninja; aí coloquei, eu tapei
então, justamente aquela imagem que aparece na televisão, daquela iluminação assim, não é celular nenhum, foi o painel que refletiu a luz pra fora e eu tapei com a touca.
DELEGADO 1: Você tem as características desse casaco que ele vestiu?
ÉLCIO: Sim; era um casaco preto com detalhes vermelho e branco, de algum time estrangeiro, não sei, Inglaterra, algum time assim; parecia um casaco até com as cores do flamengo, mas não era, as mangas eram pretas só que tinha um detalhe vermelho e branco.
DELEGADO 1: O senhor já tinha visto ele com esse casaco?
ÉLCIO: Não, nunca tinha visto.
DELEGADO 1: Viu depois ou ele se desfez?
ÉLCIO: Ele se desfez; ele falou pra mim que se desfez do casaco depois do fato.
DELEGADO 1: Em qual momento você soube qual era o objetivo ali do RONNIE? Quando o senhor entrou dentro do carro, o senhor já sabia?
ÉLCIO: Eu sabia, mas ele não falou com essas palavras de executar e tal, só falou que era um trabalho; eu perguntei se era o dinheiro e tal, mas até então, eu não estava sabendo exatamente o que era, poderia ser sim uma execução, mas até então, ele não falou com essas palavras; mas no momento que passa pra trás, se equipa, coloca uma arma, bota silencioso
a MP5 são dois tipos de trava, já destravou, pá, pá, pá
todos os tipos de trava foram tirados; são três tipos de trava; eu já sabia que era execução; quando a senhora apareceu, ele falou assim, com essas palavras: “tô pensando em pegar aqui mesmo”
; pegar a gente já sabe que é matar; aí eu falei: tá louco, fazer isso aqui no meio
DELEGADO 1: Aqui mesmo na Casa das Pretas?
ÉLCIO: Ali, no caso se ela aparecesse ali seria feito ali naquele local; eu falei, olha as câmeras; ele disse não
a gente não vai fazer nenhuma loucura. Aí apareceu
o motorista dela já estava em pé ali com o telefone na mão e tal, e nisso ele tá no banco de trás, já com o telefone verificando
como se diz, local pra se
conforme a gente saísse dali, pra gente ver se teria algum obstáculo na frente, alguma operação da Polícia Militar, nesse sentido; eu não vi o que ele digitou, não vi se ele botou no aplicativo “Waze” ou “Google Maps”; ele tinha falado “Google Maps”, mas eu tinha falado pra ele botar no “Waze”, que o “Waze” marca direitinho onde tem engarrafamento e onde que não tem.
DELEGADO 1: O senhor sabe dizer o qual parâmetro ele usou de pesquisa?
ÉLCIO: Não sei.
DELEGADO 1: Mas essa pesquisa foi feita na
ÉLCIO: No celular, esse mesmo celular que eu vi
que ele apareceu no quebra-mar, diferenciado dos outros, que depois ele me falou de que era.
DELEGADO 1: E esse celular
e essa pesquisa foi realizada ali quando vocês estavam na Casa das Pretas?
ÉLCIO: Isso, isso, ali
dali na hora do momento que ela saiu, ele falou: “é ela”, aí ela deu a volta – aparece até na televisão que ela deu a volta – só que ela fala com uma pessoa; ela tá falando com uma pessoa, com uma senhora, só que tinha uma pessoa na porta, na porta da casa, desse sobrado; ela fala alguma coisa com a pessoa; e eu achei que essa senhora estava se despedindo dela, que ela iria embora, mas não, só que essa pessoa entrou no carro
e quando entrou no carro, aí eu falei: e agora, e essa senhora? Achei que ia abortar a missão, mas ele falou pra ficar tranquilo que não ia pegar nela não, ele me tranquilizou; aí nisso ela entrou e o carro saiu.
POLICIAL FEDERAL 1: Alguma atitude do RONNIE naquele momento deu a entender que ele sabia, conhecia o motorista ou o carro que ela ia embarcar, alguma coisa assim, ele sugeriu alguma coisa, vocês sabiam qual era o carro dela?
ÉLCIO: Não, ele sabia quem era porque as pessoas ali que frequentavam eram muito parecidas, essa senhora que apareceu era muito parecida com ela, e ele falou imediatamente que não era ela.
POLICIAL FEDERAL 1: A minha pergunta é, se ele sabia do veículo ou nem teve nenhuma atitude que sugerisse que ele sabia qual era o veículo?
ÉLCIO: Não, do veículo não sabia, ele não falou nada não; ele desconfiou porque o cara estava em pé ali na porta com o celular, ele achou que era aquele veículo ali; não posso afirmar, de repente pode até ter falado, não lembro, eu não vou falar uma coisa que eu realmente não lembro; desse fato dele ter falado “é esse carro aí”, isso aí eu não me lembro dele ter falado isso aí não. Dando continuidade, o veículo saiu e eu fui atrás, só que ele estava muito veloz, ele saiu logo
aí ele falou pra manter um pouco de distância e eu falei que estava tomando distância
não houve nenhum assim
no percurso, nada que parasse o veículo dela e nem o nosso, os sinais estavam
a rua estava tranquila; a Rua Mem de Sá ali
Frei Caneca, não sei
estava tudo tranquilo, sinais abertos e ele estava andando bem; teve um momento que um carro começou
apareceu até na televisão que era um Logan, mas eu tenho quase certeza que era um Vectra rebaixado com o vidro preto, muito preto, com as rodas pretas e a gente achou que era carro de polícia; e se acontecesse alguma coisa, poderia tomar tiro desse carro
então fomos indo, indo
só que ele foi tomando distância e quando chegou ali perto do Hospital da PM, tem uma viatura que fica ali no Morro do São Carlos, parada, e o sinal de pedestre
mas antes disso, eu pensei que estava se distanciando, vamos perder de vista, e ele falou pra ficar tranquilo, que se não pegar aqui, tem uma situação que ela para, que é um barzinho, eu não sei nem se ela bebia; sei que para nesse bar pra beber alguma coisa, inclusive já deu até medalha pra essa senhora, da ALERJ ou Assembleia Legislativa, ela recebeu uma moção no caso.
DELEGADO 1: A dona do bar?
ÉLCIO: A dona do bar, isso
não sei se a medalha era pela internet
Tiradentes
não sei
ele falou alguma coisa desse tipo; ele já sabia desse local também, que eu não sabia; ele falou pra ficar tranquilo que se não parar aqui, vai parar em outro lugar; então, quer dizer, não tinha jeito, ele ia fazer de um jeito ou de outro; aí quando eu ia parar no sinal, o carro já tinha passado, ele fala tinha uma passagem e esse Vectra parou e todo mundo parou; e ele viu que era sinal de pedestre e disse para avançar que era de pedestre; no momento que a gente avança e eu entro a primeira a direita naquele largo do Estácio, o carro estava parado transversalmente e aguardando um veículo passar por ele pra ele poder entrar naquela rua, pra atravessar ali o viaduto
aquele viaduto ali; o veículo estava parado esperando uma oportunidade pra poder entrar, e nesse momento ele falou: é agora e emparelha
emparelha no caso a minha janela com a
porque no caso ela estava
emparelha a minha janela com a de trás do lado direito
o mesmo que ele falou lá atrás retomando
vai ter que ser pelo lado direito do carona direito, eu me lembrei agora desse fato, traseiro direito.
DELEGADO 1: Por que vocês tiveram o visual dela entrando dentro do carro?
ÉLCIO: Isso, justamente. Ele já estava de touca esse tempo todo depois que a gente saiu; ele já estava com a touca ninja. Nesse momento que está parado, esperando pra entrar, eu emparelhei e botei meu vidro
a minha janela paralela ao carona do carro do ANDERSON; não vi, pois o vidro é escuro; ele já estava com o vidro aberto e eu só escutei a rajada; da rajada, começou a cair umas cápsulas na minha cabeça e no meu pescoço; (inaudível) quem pensa que silencioso
mas faz um barulho danado, não tinha nem noção; quem pensa que é pouco barulho
mas é muito barulho; aí caíram as cápsulas em mim e ele falou “vão bora”; eu nem vi se acertou quem, se não acertou.
PROMOTOR 2: Nesse momento dos disparos, o RONNIE já tinha colocado a balaclava pra esconder, porque você falou que ele deu a balaclava pra esconder e depois ele pegou a balaclava?
ÉLCIO: Ele tinha outra; ele tinha duas, a outra era pra mim, mas eu não cheguei nem a usar, eu deixei no painel.
PROMOTOR 2: No momento dos disparos, ele estava de touca e casaco?
ÉLCIO: Touca ninja e casaco preto sem luvas; até porque eu acho que a testemunha fala de uma camisa do flamengo, mas não era flamengo; tinha até as cores do flamengo, mas era de um time estrangeiro, que não era o flamengo.
PROMOTOR 2: Mas tinha detalhe vermelho?
ÉLCIO: Tinha detalhe vermelho; era todo preto com detalhe vermelho e branco; não sei se era uma faixa; o símbolo era vermelho também. Esse casaco ele falou até que depois se desfez.
DELEGADO 1: Ele tirou esse casaco que horas?
ÉLCIO: Depois que a gente chegou; no final já do trajeto.
DELEGADO 1: Tá, então você conta como foi o trajeto?
ÉLCIO: Aí nós saímos, eu só falei pra
eu fiquei preocupado com a situação
e a senhora? Ele disse pra eu ficar tranquilo, ir embora. Ai ele já, nesse momento, trocou o carregador e colocou um cheio; e falou que agora era pra fazer barulho, se alguém viesse roubar a gente – tem que fazer barulho – aí ele tirou o silenciador da metralhadora e falou que agora teria que ajudar de novo, aquela mesma manobra de arriar o banco e deixar na horizontal; e ele foi passando pra frente e rastejando ali, e voltou pro banco da frente e sentou.
DELEGADO 1: Assim que os disparos foram realizados, assim que a rajada foi realizada, qual foi o trajeto?
ÉLCIO: Ele falou pra ir pela 24 de maio
pega a 24 de maio
e eu falei pra ele que a 24 de maio é um funil, e tem várias operações da Polícia Militar, é corriqueiro ali; eu falei que era melhor ir pela Brasil, e ele disse “faz o teu caminho aí”; aí eu fui e peguei a Leopoldina; e nesse momento eu não lembro mais se ele já estava com o telefone ou não, não tenho certeza, não posso afirmar; mas até o momento dos disparos ele estava com o telefone; eu não sei em que momento
poderia tá? Sim; mas eu não sei em que momento ele se desfaz do telefone; guarda e fala que agora tá tranquilo, porque a rua estava tranquila; aí depois pegamos a Avenida Brasil.
DELEGADO 1: Primeiro, em relação ao telefone, ele só manuseava, ele não ligava pra ninguém durante (inaudível)
nem WhatsApp, etc? Ele só manuseava?
ÉLCIO: Não sei; ele manuseava.
DELEGADO 1: Mensagem o senhor não sabe se ele estava mandando?
ÉLCIO: Não sei; eu não sei qual aplicativo que ele estava usando.
DELEGADO 1: Eu quero que o senhor seja especifico em relação ao trajeto.
ÉLCIO: Correto; dali do local, seguimos em frente, na mesma posição que estava o carro, não entramos para o lado da Tijuca, fomos em sentido a Leopoldina, pegamos a primeira agulha ali, fizemos aquele contorno, passamos pela
DELEGADO 1: Aquela primeira agulha ali seria da Sul América?
ÉLCIO: Sul América, que se perder ali, só indo pro centro da cidade e retornando; aí pela o caminho da Leopoldina ali, que tem até um retorno ali, um viaduto que pega a Estação da Leopoldina, vai em frente, como se fosse em direção a Ponte Rio-Niterói; só que não vai pra Ponte Rio-Niterói, desce a Avenida Brasil; na Avenida Brasil, fui pegando a pista do canto, eu entrei em uma agulha próxima ao viaduto de Benfica, antes tem uma agulha pra entrar pra pista do canto, pois justamente a pista do canto tem radar, tem um monte de coisa; peguei a pista do canto, passei pelo retorno do viaduto de Benfica, segui em frente; peguei linha amarela sentido Barra; no meio caminhou ele falou pra tocar pra casa da mãe dele – a mãe dele é no Meier – então, pela linha amarela desci ali antes do pedágio; Rua Pompilho de Albuquerque, esquerda Rua Borja Reis, em frente; passei pela entrada da minha casa, fui direto, Dias da Cruz; na Rua Dias da Cruz em frente ao Esporte Clube Mackenzie entramos na Rua do Rio, que é onde a mãe dele mora, esqueci o nome daquela rua; fomos até o final, passamos nos fundos da 26 DP e retornamos; passamos pela entrada da casa da mãe dele; na portaria da mãe dele, e fomos parar na Casa Branca, casa de festas, que não tem câmera, mas estava cheia; fiquei procurando vaga; a última na ponta da Casa Branca, já próximo a entrada do edifício, eu estacionei ali; ele ficou até com um pouco de preocupação, com medo do edifício ter alguma câmera ali, mas acho que o edifício não tinha câmera na portaria; aí descemos do carro e ele tocou lá e chamou
desceu o irmão dele, e ele começou a falar com o irmão se estava tudo bem e tal, não me lembro o que ele falou; e me lembro depois, que ele pediu para o irmão arrumar um táxi; ele pediu pra eu pegar uma bolsa no carro; aí eu peguei a bolsa no carro; ele já não estava mais de casaco; peguei a bolsa no carro
DELEGADO 1: Ele já tinha tirado o casaco?
ÉLCIO: O casaco já tinha guardado já; aí entreguei a bolsa a ele; aí ele pegou e pediu pro irmão dele guardar; o irmão falou que iria guardar e aproveitar pra pedir um carro; o irmão disse que iria pedir um táxi da “TÁXI MEIER” do Meier (ele teria cadastro) – Cooperativa Taxi Meier;
DELEGADO 1: Essa rua ali pode ser a Magalhães Couto?
ÉLCIO: Ela é transversal a Magalhães Couto, ela é paralela a rua dele;
DELEGADO 1: A casa da mãe do LESSA?
ÉLCIO: A rua em frente ao Esporte Clube Mackenzie, nos fundos da Delegacia; entrei na Rua do Rio, fui até o final, fiz o retorno e peguei essa rua ali (que não sei o nome, retornando), tem a Casa Branca do lado direito; após os prédios; tem um conjunto habitacional grande ali, onde a mãe dele mora; passou ali a portaria da mãe dele e ali logo em seguida tem a Casa Branca; ali na última vaga já chegando num edifício entre a Casa Branca; aí nesse momento ele desceu do carro; ele interfonou e o irmão dele desceu; e aí pediu se o irmão poderia pedir um táxi pra gente, sentido Barra.
DELEGADO 1: Até ali você acha que demorou quanto tempo?
ÉLCIO: Muito rápido; não tinha trânsito nenhum.
DELEGADO 1: 15 minutos?
ÉLCIO: Pode ser isso ou um pouco mais, não chega a quarenta minutos. Uns trinta minutos, foi muito rápido. Até as pessoas perguntam como que você voltou com esse carro, porque a rua, por incrível que pareça, praticamente deserta; talvez acho que devido ao jogo. Aí o irmão dele subiu pra guardar a bolsa e automaticamente já desceu e falou que estava vindo um carro.
DELEGADO 1: Demorou pro irmão dele descer?
ÉLCIO: Não, rapidinho.
DELEGADO 1: O Senhor viu o irmão?
ÉLCIO: Eu vi.
DELEGADO 1: O senhor que pegou a bolsa no carro? Sabe dizer quais as características da bolsa?
ÉLCIO: Sim, eu peguei a bolsa, voltei no carro pra pegar a bolsa. Uma bolsa de viagem normal, preta; toda preta.
DELEGADO 1: De onde vocês pararam o carro na Casa Branca até a casa, vocês foram a pé?
ÉLCIO: Sim, fomos a pé. Acabou a Casa Branca e já é a casa da mãe dele; a primeira portaria é da mãe dele; é colado.
DELEGADO 1: O DENNIS demorou quanto tempo pra descer?
ÉLCIO: Nem cinco minutos. Só foi tocar o interfone, demorou um pouco; nisso ele falou pra eu ir buscar a bolsa
DELEGADO 1: Ele tocou o interfone, ele não ligou do celular não?
ÉLCIO: Não, tocou interfone e o irmão dele desceu. Quando voltei com a bolsa, o irmão dele já estava lá. Aí começou a conversar com o irmão e pediu pra pedir um táxi pra ir pra Barra. Nisso o irmão disse que iria lá em cima pra pedir o táxi pela TAXI MEIER, que ele já teria cadastro.
DELEGADO 1: Como foi chamado esse táxi? Foi por aplicativo ou por ligação, como que foi?
ÉLCIO: Não sei
se ele ligou
ele falou que tinha que subir
não sei se ele ligou da casa dele ou do telefone dele.
DELEGADO 1: Mas ele subiu pra ligar? Pode ter sido de um telefone fixo então?
ÉLCIO: Ele subiu pra ligar; pode sim; pode ter sido por um telefone fixo ou telefone dele lá; porque ele subiu e em pouco tempo
a gente ficou conversando ali um pouco, uns dez ou quinze minutos chegou, veio um carro que era um TOYOTA ETIOS.
POLICIAL FEDERAL 1: ÉLCIO, você lembra de o carro ter identificação da cooperativa, você lembra desse detalhe?
ÉLCIO: Sim, e estava uniformizado também; a gente confirmou pra ver se era o nosso táxi mesmo.
POLICIAL FEDERAL 1: Qual o tipo de táxi, era aquele amarelo?
ÉLCIO: Amarelo e azul; o padrão.
DELEGADO 1: Vocês confirmaram como?
ÉLCIO: O irmão dele viu a placa e o modelo; o irmão dele que sabia as coordenadas do táxi. Do TÁXI MEIER nós pegamos ali por dentro, saímos da Dias da Cruz, da Dias da Cruz fomos pegar a linha amarela no sentido Engenho de Dentro, já na 2 de fevereiro, pegamos aquele retorno e pedágio.
DELEGADO 1: O táxi passou pelo pedágio?
ÉLCIO: Passou sim; não me lembro se passou pelo automático; eu fui conversando com o motorista
que o carro era bom, espaçoso; aí Airton Sena, fizemos aquele retorno na Lúcio Costa, retornou beirando a praia, chegou lá na frente fez o retorno, acho que o retorno foi até em frente o Condomínio que ele morava; acho que é o único retorno que tem ali; o RONNIE orientou pra ir para a direita e paramos atrás do carro dele.
DELEGADO 1: Da Evoque?
ÉLCIO: Da Evoque; o motorista é testemunha ocular que nós descemos ali; ele pagou o táxi, nós entramos na Evoque; o táxi foi embora; eu não me lembro se o táxi foi direto ou retornou.
DELEGADO 1: Você conseguiria eventualmente reconhecer o motorista?
ÉLCIO: Era meia idade, baixo.
DELEGADO 1: Cabelo branco, preto, loiro?
ÉLCIO: Cabelo preto.
POLICIAL FEDERAL 2: Meia idade seria o que, cinquenta anos?
ÉLCIO: Uns quarenta, entre quarenta e cinquenta anos; ele estava uniformizado.
DELEGADO 1: Mas ele era negro, branco?
ÉLCIO: Branco, não era careca.
PROMOTOR 2: Chegou a conversar com ele, tinha algum sotaque característico?
ÉLCIO: Não. A gente conversou porque eu falei sobre o espaço do veículo e tal assim
mas eu acho que não tem como ele errar essa corrida porque ele parou num local totalmente diferente de tudo
ali não tem lugar pra nada.
PROMOTOR 2: Barba, bigode
usava alguma coisa?
ÉLCIO: Não. Eu acho que ele estava com rosto limpo.
DELEGADO 1: Olho claro, pinta na cara, tatuagem?
ÉLCIO: Não, era a noite e eu estava no banco de trás; mas eu vi que tinha estatura baixa; e entramos ali, ativamos novamente o telefone e fizemos a mesma coisa: saímos ali pelo condomínio
DELEGADO 1: O senhor acredita que isso tudo demorou quanto tempo mais ou menos, até ativar o celular de novo?
ÉLCIO: Eu acho que bate certinho com
com os horários das antenas.
DELEGADO 1: Bate certinho na sua opinião?
ÉLCIO: Bate certinho; quando volta a funcionar
logo depois que a gente liga, automaticamente a gente já vai pro Resenha; só pega o retorno ali da praia e já vai pro Resenha diretamente.
POLICIAL FEDERAL 1: Você não lembra de ter olhado que horas era, nada disso?
ÉLCIO: Não; adrenalina estava
não estava preocupado com isso; só estava tirando o telefone da situação e botei ele pra funcionar; não sei se entrou mensagem; acho que entrou mensagem da minha esposa; não me lembro, são muitos anos também; continuando pegamos a Avenida Lúcio Costa sentido Barra e entramos na Olegário Maciel; Olegário Maciel lotadíssima, não tinha onde parar, nós entramos
passou o Praticitá, Resenha
entramos na Rua do Resenha; na rua do Resenha as vagas todas ocupadas; só que o guardador já conhecia o RONNIE LESSA; o RONNIE LESSA sempre dava gorjeta pro cara
o cara disse pra parar na transversal, que a primeira vaga que tiver é sua
aí descemos
DELEGADO 1: Deixa só te interromper um segundo; esse ETIOS era hatch ou sedan?
ÉLCIO: Sedan, com certeza.
DELEGADO 1: Chegaram no Resenha, pararam?
ÉLCIO: Chegamos no Resenha, paramos, descemos; o RONNIE já foi andando em direção a calçada, quase chegando na esquina que tem uns banheiros
quase pra esquina
tinha uma mesa montada, aquela mesa de pé alto; não tinha ninguém sentado em mesa comum como essa, e tinha whisky e um monte de coisa ali
e estava o MAXWELL e a atual esposa dele; tinha o ASSIS BOMBEIRO e um outro bombeiro, que eu acho que foi adido da Polícia Civil também; que depois eles começaram a falar da época da Polícia Civil e de operações e tal; mas a primeira coisa que fez, foi o MAXWELL vir na direção do RONNIE já dizendo que sabia que eram vocês; aí eu escutei aquilo e fiquei tipo
aí pá, pá e já começaram a conversar, e vamos chegar pra cá
aí o garçom chegou – aquele garçom que foi testemunha e tudo, o rapaz;
DELEGADO 1: DARLEI o nome dele?
ÉLCIO: Isso, o DARLEI, que serviu a gente, pegou copo essas coisas; aí ficava toda hora aparecendo a chamada (televisão) só que na chamada eu falei: o que aconteceu? perguntei pro DARLEI; aí o DARLEI falou que foi um homicídio que teve de uma vereadora, falou por alto; esta passando ali, mas não tinha som, porque estava tendo jogo; e aquela situação que de vez em quando chamava e tal, até que um momento
pergunta, pergunta
até que falou, morreram duas pessoas no local e tal
eu falei, que merda.
DELEGADO 1: Por que “que merda”? Naquele momento você soube que o ANDERSON tinha morrido?
ÉLCIO: Soube que o ANDERSON tinha morrido.
DELEGADO 1: Até então, na sua cabeça, só a MARIELLE tinha morrido?
ÉLCIO: Sim, porque veja bem, o vidro
eu acredito que não, não estilhaçou; não teve
o vidro estava fechado, eu nem vi o rosto dele; eu parei paralelo e não vi o rosto dele; eu vi um vidro; não sei se o meu vidro era muito escuro; pode ser que o disparo atravessou o vidro, mas eu não vi; aí comecei a conversar com ele
e ele falou pra eu ficar tranquilo; ele me tranquilizava, e no final das contas eu fiquei bêbado; e como a mulher do MAXWELL não gosta do RONNIE – ela não gosta de ninguém que encoste perto do marido dela – ela pegou o carro e sumiu, foi embora; aí ficou com a gente (MAXWELL) e ficou aquela conversa toda; depois foi o tempo passando
bebendo, bebendo
aí depois eles começaram a conversar em particular, aí ficaram lá conversando em particular
DELEGADO 1: Quem? SUEL e RONNIE?
ÉLCIO: É
teve um momento até que o MAXWELL confirmou
confirmou no sentido de que
eu me liguei na situação, porque ele falou: “pô cara, fiz um tempão
estava um tempão nessa situação
e deu problema no carro”
tipo se desculpando; isso me lembrei que depois eu fiquei nessa
buscando
tipo se justificando, mas não tinha que se justificar pra mim; e depois ficou conversando com o RONNIE em particular, e eu bebi, bebi e vomitei umas três vezes
PROMOTOR 2: Quando foi essa história de que o MAXWELL te disse que já estava um tempo, foi nesse dia mesmo?
ÉLCIO: Na hora que a gente desceu do carro e começou a conversar ali e depois de um tempinho passou nem cinco minutos
ele me falou
já estava nesse trabalho
não sei o termo que ele usou
ele falou que já estava um tempo vendo isso aí
não falou isso aí, ele falou que estava um tempo nesse carro vendo um trabalho; ele não falou especificamente, estava vendo a MARIELLE
não falou
falou estava um tempo com esse carro
poxa
andamos pra caramba nesse carro
mas não foi o carro que falhou
não fui eu que quis e tal
ele tipo se justificando
e ele estava no trabalho; só podia ser; não tem como falar
DELEGADO 1: Por que então essa pergunta dele, que o senhor acha?
ÉLCIO: De que?
DELEGADO 1: Ou essa constatação “sabia que tinha sido vocês” quando ele encontrou?
ÉLCIO: Eu não sei.
DELEGADO 1: Por que ele já tinha acesso de tudo, correto?
ÉLCIO: Correto, mas eu acho que foi tipo assim
ele viu o carro, e viu o que aconteceu divulgado; disparo de metralhadora com um carro que era
que eles estavam usando
só pode ser quem? Não tem outro igual.
POLICIAL FEDERAL 1: Eu não tenho certeza se no momento, se naquele momento já se sabia qual era o carro; naquele momento sabia qual era o carro? A noite ali sabia?
ÉLCIO: Sabia sim; se não sabia, ele sabia.
POLICIAL FEDERAL 1: Sim, mas aí não teria como ele ter visto
não tinha sido divulgado.
ÉLCIO: Não, apareceu na televisão.
POLICIAL FEDERAL 1: Mas aquela divulgação de identificar qual era o veículo.
ÉLCIO: Não, isso daí ele não falou sobre o carro nada, ele falou sobre tipo o “modus operandi”; tá entendendo a situação
é
”eu sabia que vocês que fizeram isso”; ele não falou por causa do carro
eu que tô achando, isso aí é suposição minha; ele não falou exatamente com essas palavras.
DELEGADO 1: Porque o COBALT não apareceu naquele dia? Até porque foram recuperados CFTV depois.
ÉLCIO: Não
mas ele falou sabia
a primeira coisa que ele falou foi que sabia que tinha sido vocês; porque eu acho que é pelo “modus operandi”.
DELEGADO 1: Pelo alvo não seria?
ÉLCIO: Pode ser; mas ele não falou com essas palavras; agora o senhor me deu até uma
puxou um gancho que poderia ser sim isso aí; ele não falou o COBALT
”sabia que tinha sido vocês”; isso aí deixou bem claro.
DELEGADO 1: Por que vocês não sabiam o carro dela? Vocês não sabiam qual o carro que ela estava usando?
ÉLCIO: Eu não sabia; eu não sei se eles sabiam;
DELEGADO 1: O senhor não sabe se eles sabiam qual era o carro dela?
ÉLCIO: Não sei; nunca falou qual era o veículo.
DELEGADO 1: Porque o carro dela de fato apareceu.
ÉLCIO: Essa imagem eu vi; o AGILE eu vi na televisão, sem sombra de dúvidas; que o link estava até ao vivo; isso aí eu vi; agora teve esses detalhes aí
me lembrando
aí depois ele ficou conversando um tempo e foi esvaziando, esvaziando, ficou
uma prova de que nós ficamos só nós três no Resenha, é o segurança que fica ali
que permanece a noite ali tomando conta dos carros.
DELEGADO 1: O senhor conhece ele?
ÉLCIO: Eu vi ele; não sei o nome dele não
mas era bem grandão
o RONNIE sempre deixava uma gorjeta pra ele
o cara passava a noite ali
mas acho que ele olhava ali uns outros barzinhos; mas ele ficava em pé ali porque como a gente ficava até tarde, ele deixava sempre o banheiro feminino aberto pra gente poder usar;
PROMOTOR 2: Nós os três é: RONNIE, MAXWELL e o senhor no Resenha?
ÉLCIO: No Resenha, isso.
DELEGADO 1: Então o SUEL foi embora junto com vocês?
ÉLCIO: Eu não acredito que foi não, porque a esposa dele voltou depois; voltou depois e fez um escândalo danado e a rua estava vazia e ela falou pra ir embora; e ela falou: “que isso é hora de homem casado tá na rua; fez um escândalo danado na rua; aquilo ali o segurança não vai esquecer; fez um escândalo danado, voltou pro carro deles, que era um Mitsubishi sedan; eu acho que era esse carro que ela estava; fez um escândalo e ela entrou no carro e ficou ali esperando a gente acabar; ficamos calados só esperando os dois discutindo
e volta, volta
aí daí pra frente eu não me lembro se ele foi embora com ela no veículo; com a gente; eu acho que não foi não
porque toda vez que me pergunta se deixei alguém em algum lugar, se passaram em algum lugar, eu não me lembro de ter deixado ninguém.
DELEGADO 1: Mas aí você já estava completamente embriagado?
ÉLCIO: Embriagado; louco, estava louco; vomitei umas três vezes; querendo já sumir do mundo. Até ele falava: “qual foi ÉLCIO”? porque eu ia atrás do carro toda hora, na rua mesmo, vomitei pra caramba. Disso daí, depois fomos pra casa dele; com certeza pegamos ali a rua de dentro e saímos na praia; entramos no condomínio dele; desci do carro; fui pra pegar meu carro; ele estava no carro dele assim
ele nem desceu, eu que desci, ele ficou pra estacionar o carro dele no lugar do meu; aí depois ele pegou
fui ajeitar meu carro
ele pegou e falou -nunca me esqueço disso – “cara, tu tá duro?” Tô
mas qual foi, o que é? Ele falou: “vou te dar isso aqui cara, segura isso aqui
mas não é por causa disso não hein
não tem nada a ver com o crime não”; e me deu mil reais; sempre ele me dava um dinheiro; esse dinheiro ele me deu, mas falou que não tinha nada a ver com essa parada; ele falou que jurava, não botei um centavo nisso aí; eu falei não precisa não; aí aquele precisa, não precisa
ele me deu mil reais; mas deixou bem especifico que não foi relacionado a
pô, seria até
mil reais
Deus me livre e guarde
aí eu peguei meu carro e
liguei pra minha esposa, que eu estava indo pra casa, pra ela abrir meu portão, porque é muito perigoso ali aonde eu moro; pra ela ficar esperta quando eu chegasse, pra ver na câmera; lá em casa tem câmera; ela abriu portão pra mim e eu já entrei com o carro. Isso foi o dia, foi o dia do fato em si.
PROMOTOR 2: A história do DARLEI aparecer como testemunha no processo, você sabe como isso surgiu?
ÉLCIO: Eu já estava preso na federal.
PROMOTOR 2: O RONNIE não falou nada contigo nem com a família?
ÉLCIO: Não.
PROMOTOR 2: Nem durante a época que vocês já estavam ali sendo ventilados como os responsáveis pelo crime, o RONNIE não falou nada “vou procurar o DARLEI”, vou chamar o DARLEI?
ÉLCIO: Não, não sei se ele falou, porque a gente teve preso na Delegacia de Homicídios e ele teve acesso ao Dr. Fernando em particular; não sei se ele falou pra procurar o DARLEI e tal; eu não sei
agora pode ser que o DARLEI tenha visto a gente; que ele tá acostumado a ver a gente, e ter confundido um dia com o outro também; não sei se ele confundiu um dia com outro; se pediram a ele, e ele por divida de gratidão
porque o RONNIE vira e mexe ajudava o DARLEI -DARLEI mora na comunidade carente – RONNIE ajudava ele, dava sempre um dinheiro pra ele, gorjeta boa pra ele; o DARLEI gostava muito do RONNIE; as vezes ele
não é permitido garçom beber com o cliente; quando DARLEI saia do serviço
ele falou com o gerente, falou com o dono lá que ele conhecia; que o DARLEI podia sair do serviço e beber até com a gente se quisesse, já tinha até autorização do dono; então quer dizer, isso aí, essa situação eu realmente já estava na federal e não sabia da situação do DARLEI como testemunha.
PROMOTOR 2: O senhor falou que não teve dinheiro envolvido nada; o RONNIE falou que não tinha dinheiro
tem uma situação que pouco após o crime o senhor teria quitado vários boletos, pago o colégio da filha que estava atrasado, etc., levantado aquilo?
ÉLCIO: Sim, eu pedi esse dinheiro emprestado ao RONNIE; teve se eu não me engano, teve duas vezes que eu pedi cinco mil reais a ele, e eu paguei, eu paguei isso aí
teve uma que eu paguei e uma outra que eu não cheguei a pagar; teve uma situação que eu peguei dinheiro emprestado com ele
mas nós fomos até presos
não, acho que foi antes da prisão; tem uma situação
uma que eu paguei e outra que ele falou que não precisava pagar; mas acho que as duas vezes, se eu não engano, foi cinco mil reais; teve sim; mas nada de dinheiro absurdo; nunca teve nada relacionado a essa situação; nunca teve não; se teve algum dinheiro não foi pra mim; ele sempre bateu nessa tecla.
PROMOTOR 2: Um desses valores de cinco mil, o senhor não chegou a pagar?
ÉLCIO: Não, porque nem ele mesmo
eu falei segura um pouco aí
aí ele falou “não, pode ficar, quando der”, aí foi empurrando com a barriga
ele também não cobrou e ficou assim.
PROMOTOR 2: Depois do crime, o que o senhor
depois né
aconteceu o crime
saímos ali do dia 14
outras oportunidades que o senhor conversou com o RONNIE e ou com o MAXWELL, lembra disso, conversaram mais alguma coisa sobre o crime depois?
ÉLCIO: A gente conversou porque a gente teve que desfazer do veículo.
PROMOTOR 2: Como foi então? O que aconteceu depois do dia 14? O que aconteceu dia 15?
ÉLCIO: No dia 15, acho que foi dia 15, tenho quase certeza que foi no dia seguinte, ele foi até minha casa, o RONNIE com o MAXWELL; ele me avisou antes que estava chegando por mensagem.
DELEGADO 1: De manhã, tarde ou de noite
que horas?
ÉLCIO: Não foi tarde não, mas também não foi cedo demais também não;
POLICIAL FEDERAL 1: Foi no carro dele?
ÉLCIO: Foi, veio na Evoque dele; foi na minha casa; aí me buscou; aí nós fomos até a rua da mãe dele lá
aí ele falou que tínhamos que trocar a placa desse carro aí, pra levar depois pra outro lugar e tal; mandou mensagem “tô chegando”, ele sempre fazia isso pelo CONFIDE e aí desligava o telefone; justamente pra antena dele não ligar a minha residência; esse “tô chegando”, podia chegar daqui quinze minutos, cinco minutos, uma hora
ele fazia sempre isso
as vezes ele aparecia também e ficava esperando alguém entrar na minha casa e ai “chama seu pai lá”; ele sempre fez isso; ele sempre se precaveu em negócio de antena, em situações de antena; aí nós fomos até a rua de novo, lá do carro lá.
DELEGADO 1: Na Casa Branca?
ÉLCIO: Na Casa Branca; em frente lá
tem um ponto de Kombi; estava lotado de Kombi ali
várias pessoas ali
Kombi mesmo; de transporte alternativo
a gente ficou até assim
vamos levar o carro pra onde
ficou aquela dúvida; vamos levar
tem que trocar essa placa, e já estavam com a placa; aí tem que trocar essa placa, vamos pra onde?
vamos pr