O governo cubano anunciou nesta quarta-feira (27) medidas de racionamento de energia e restrições em diversas atividades, antecipando que o combustível voltará a escassear nas próximas semanas devido às dificuldades financeiras na sua importação.
O vice-primeiro-ministro e chefe da Economia e Planejamento, Alejandro Gil, informou em uma aparição televisiva que, neste momento, há “um nível mais baixo de combustível” que terá um “impacto real” na situação econômica do país, que está passando por uma grave crise econômica.
Nesse sentido, Gil adiantou que o governo fez “uma projeção” e está “planejando detalhadamente” o uso “mais racional” dos combustíveis nas próximas duas semanas.
Ele indicou que as medidas de racionamento de energia terão como objetivo garantir “a vitalidade” das principais atividades da população e da economia, como a agricultura e serviços prioritários em setores como a saúde e o turismo.
Gil reconheceu que o transporte público sofrerá os efeitos das limitações de combustível e que algumas atividades não emergenciais serão reduzidas e adiadas.
No entanto, afirmou que, apesar das restrições, o país não está num cenário de “combustível zero” e que a atual contingência será tratada de forma “coerente” para que o impacto seja “mais administrável”.
O chefe da pasta da Economia indicou que as medidas de racionamento de energia serão aplicáveis “igualmente” a todos os atores econômicos, incluindo os não estatais (privados).
Por sua vez, o ministro de Energia e Minas, Vicente de la O Levy, explicou que Cuba consome mensalmente cerca de 120.000 a 130.000 toneladas de óleo diesel.
Ele alertou que há uma situação “muito apertada” e “tensa” nos dias de hoje, e previu que haverá apagões diários porque “não vamos ter o nível de combustível que necessitamos ou o que tivemos nos meses anteriores”. Mas ele estimou que é esperada uma melhora para outubro próximo.
Nas últimas semanas, os cortes de energia aumentaram, com apagões afetando às vezes até 27% do país.
O Sistema Elétrico Nacional (SEN) cubano encontra-se numa situação precária, com sistemas de geração e distribuição obsoletos e um déficit crónico em manutenção e investimentos.
As avarias e paragens são frequentes nas sete centrais termoelétricas do país, infraestruturas com uma média de cerca de 40 anos de funcionamento (acima da vida programada).
A essas contingências somam-se os problemas financeiros do país na aquisição de combustíveis e recursos no exterior, no meio de uma situação de crise econômica que as autoridades descrevem como “muito complexa”.
GAZETA BRASIL