Um policial militar foi levado a júri popular por homicídio, nesta quarta-feira (11), por ter matado o menino Ítalo Siqueira, de 10 anos, em 2016. A decisão foi do juiz Ricardo Augusto Ramos, da 1ª Vara do Júri de São Paulo. De acordo com o g1, o policial também vai ser julgado por fraude processual, por supostamente alterar a cena do crime.
Ítalo foi morto durante uma perseguição policial após ter furtado um carro em um prédio com um amigo de 11 anos, que ficou levemente ferido. O crime ocorreu em 2 de junho de 2016, na região do Morumbi, na Zona Sul de São Paulo.
Em 2020, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) reformulou a decisão da juíza Débora Faitarone, que absolveu os PMs, e aceitou a denúncia do Ministério Público (MP) contra cinco policiais militares envolvidos no caso. Em 2022, Débora, conhecida por inocentar PMs, foi punida com aposentadoria compulsória.
A promotoria acusava dois policiais de participarem diretamente do assassinato de Ítalo e de terem alterado a cena do crime para simular um suposto confronto juntamente com mais três PMs.
O juiz Ricardo considerou a denúncia de homicídio contra o segundo PM improcedente e também absolveu os outros três policiais acusados de fraude processual.
De acordo com o magistrado, o PM que vai a júri popular também cometeu o crime de fraude processual, atestado por perito.
O vídeo feito pelos próprios policiais com a confissão do garoto de 11 anos dizendo que ele e Ítalo estavam armados e os agentes agiram em legítima defesa foi questionado pelo MP porque o amigo de Ítalo deu três versões diferentes para o caso.
Na primeira, ele disse que seu colega estava armado e atirou nos PMs, que revidaram. Na segunda, acusou os agentes de executarem seu colega. Na terceira, falou que ele e o menino morto não estavam armados e os PMs “plantaram” a arma para justificar o homicídio.
Segundo relato da decisão desta quarta, o menino de então 11 anos disse que eles não estavam armados.
“Ele e Ítalo entraram no prédio com a intenção de pegar uma bicicleta, mas não encontraram nenhuma disponível. Foi então que Ítalo avistou um carro e sugeriu que o dirigissem. Júlio decidiu acompanhá-lo para não deixar seu amigo sozinho. Eles não estavam familiarizados com o condomínio e pularam o muro do prédio. Ele relatou que Ítalo sabia como dirigir. Ligaram o carro e Ítalo começou a dirigir. Saíram do condomínio. Nesse momento, a polícia apareceu e ordenou que parassem o veículo, mas eles não obedeceram devido ao medo. Eles não estavam armados com revólveres.”
GAZETA BRASIL