Sylvia de Oliveira disse que teve depressão e chegou a ser internada após a morte do filho.
Sylvia Mirian Tolentino de Oliveira, a mãe que foi presa durante uma audiência diante do acusado de assassinar o seu filho, disse que teve vergonha ao ser detida pelos policiais do Fórum de Cuiabá. Sylvia disse que espera que o juiz do caso, Wladymir Perri, da 12ª Vara Criminal de Cuiabá, reconheça que errou com ela.
No dia 29 de setembro deste ano, foi realizada a primeira audiência sobre a morte de Cleowerton Oliveira Barbosa, assassinado no dia 10 de setembro de 2016 com arma de fogo mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. O réu, Jean Richard Garcia Lemes, responde em liberdade.
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"Eu espero também que o doutor juiz reconheça que ele errou. Ele errou comigo, eu não deveria ser presa. E isso me dói muito porque eu fiquei com muita vergonha, eu fiquei com vergonha, eu fiquei triste, fiquei magoada, porque era para ele me defender. Eu estava ali na esperança que ele me defendesse e ele não me defendeu. Ele não me defendeu", disse a mãe em entrevista exibida pela TV Centro América nesta quarta-feira (25).
Sylvia disse que o filho foi morto com "requintes de crueldade" e "sem direito de defesa". Conforme relatou, ele foi alvo de uma "armadilha" e morreu logo com o primeiro disparo, que atravessou o capacete e o atingiu na cabeça.
"Ele já chegou lá e levou um tiro na cabeça no capacete e ali mesmo ele morreu naquela hora. E aí depois disso teve mais tiros. É difícil quando você cria um filho, ele nasce, você é feliz, tem aquela alegria, todo mundo é feliz. A sua vida anda para a frente. Quando um fato desse acontece, a sua vida acabou", relata.
Voz de prisão
A confusão na audiência começou quando Sylvia foi questionada pela promotora Marcelle Rodrigues da Costa e Faria se estava constrangida em prestar depoimento diante do réu. A sua resposta foi "para mim ele não é ninguém". Diante disso, o advogado do réu pediu "urbanidade".
Nesse momento, o juiz intervém e pede que a mãe da vítima "mantenha a serenidade e a inteligência emocional". A mãe respondeu que era inteligente e, depois de uma discussão com a representante do Ministério Público, o magistrado encerrou a sessão.
Quando a audiência já estava tinha acabado é possível ver Silvia batendo na mesa e falando com o réu. Ela está longe do microfone e não é possível ouvir o que ela disse, mas imediatamente o juiz afirma "A senhora está presa".
"Eu fui na ponta da mesa e falei para ele, o vídeo está lá para ver, eu falei para ele: "da justiça dos homens você escapou, mas da justiça de Deus você não escapará. Você vai ver o que vai te acontecer". Isso que eu falei, eu não estava ameaçando. Ameaça, que eu entendo, é quando fala eu vou te matar, vou fazer isso, vou fazer aquilo", explicou Sylvia.
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Sylvia conta que ficou muito mal quando o filho morreu, chegando a ser internada por depressão.
"Eu tive que arcar com uma dívida que eu não esperava, uma dívida muito grande. Tive que vender muitas coisas. Eu entrei em depressão, fiquei internada. Quando eu lembrava... Eu não comia, eu achava que iria morrer mesmo porque a dor era muito grande. Eu não queria morrer, mas eu queria matar o que eu estava sentindo. Eu queria matar o que eu estava sentindo dentro de mim", disse.
Suspeição
O Ministério Público de Mato Grosso pediu a suspeição do juiz Wladymir Perri depois do episódio com Sylvia. Conforme o promotor de Justiça Vinicius Gahyva Martins, que assina o documento, Wladymir Perri demonstrou "clara parcialidade ao tutelar indevidamente o direito do réu em detrimento do direito da vítima".
Não é a primeira vez que isso acontece. Em dezembro de 2022, o MP pediu a suspeição de Wladymir Perri, no caso da bióloga Rafaela Screnci da Costa Ribeiro, que atropelou e matou dois jovens em frente a Valley Pub, em 2018. Segundo a promotora de justiça Marcelle Rodrigues da Costa e Faria, o magistrado utiliza da sua função "para se vingar de Mauro Viveiros, pai de uma das vítimas e procurador de justiça aposentado".
Além disso, a Corregedoria-Geral de Justiça disse que irá instaurar uma sindicância para apurar a conduta do magistrado. O procedimento vai tramitar em sigilo e tem o prazo de 140 dias para ser concluído.