O governador Mauro Mendes (União Brasil), grande empresário-garimpeiro, mudou o discurso. Ainda fala em "grande armação" dos adversários políticos, colocando a Polícia Federal sob suspeita de ser um mero instrumento a serviço da perseguição de seus parentes e de expor seus negócios de garimpo. Mas agora diz publicamente que quem fez parte do esquema de contrabando de mercúrio investigado em Mato Grosso pela Polícia Federal deve pagar pelo crime na Justiça.
Um avanço e uma mudança de versão, sem dúvida. O governador incorpora ao seu discurso a admissão de que a Polícia Federal não inventou um crime, não inventou um grande esquema criminoso, não montou uma "grande armação" só para ferrá-lo. O crime existe, a organização criminosa existe e a polícia vai avançar na devida investigação, é o que a sociedade de Mato Grosso espera. Deixem a Polícia Federal trabalhar!
O senhor governador anunciou também que continuará a processar jornalistas no caso da apuração da investigação do negócio sujo do contrabando de mercúrio, sempre que se sentir ofendido pelas notícias que considerar injuriosas. É um direito dele, convivendo bem com o dano à sua imagem pública: rebaixado, para seus críticos, de democrata a ditador vingativo. Pode recorrer à Justiça, mas não pode usar a Polícia de Mato Grosso contra jornalistas. A Polícia é órgão do estado e não pode ser usada para fins pessoais. O senhor governador poderia colocar, em respeito à competência dos profissionais da segurança do estado, a Polícia Civil à disposição para trabalhar em parceria com a Polícia Federal na investigação do esquema de contrabando de mercúrio.
O negócio sujo do contrabando de mercúrio é só uma das facetas criminosas da exploração mineral. O caso de Polícia abriu os olhos da sociedade de Mato Grosso para grave questão ambiental que ameaça todos os biomas. A ganância dos grandes exploradores de ouro não poupa o Cerrado, o Pantanal e nem a Floresta Amazônica. A sociedade não pode esperar sentada para ver o que sobra vivo.
PBN Online