As cenas apocalípticas ocorridas em Copacabana nos últimos dias deixaram até os cariocas mais habituados à rotina violenta do Rio de Janeiro assustados.
As cenas apocalípticas ocorridas em Copacabana nos últimos dias deixaram até os cariocas mais habituados à rotina violenta do Rio de Janeiro assustados. As imagens de Marcelo Rubim Benchimol, de 67 anos, desacordado no chão após ser vítima de assalto e agressão, circularam por todo o país e geraram indignação e sensação de impotência.
Com a chegada do verão, as praias da região, conhecidas por atrair multidões, tornam-se um verdadeiro chamariz para criminosos. Os marginais, acostumados à sensação de impunidade que impera no país, não hesitam em atacar violentamente a população nas ruas. Na última terça-feira (28), um prestador de serviço da Polícia Federal foi brutalmente espancado por bandidos ao reagir a um assalto na Avenida Beira-Mar, resultando em sua morte cerebral.
O aumento da violência no Rio não se restringe a uma sensação, dados do Instituto de Segurança Pública compravam um aumento significativo nos casos de roubo nas ruas nos últimos meses. Essa escalada da violência na zona sul tem gerado pânico entre os cariocas.
Diante do cenário caótico, os moradores decidiram unir forças para conter a onda de crimes em Copacabana. Em questão de horas, a comunidade se mobilizou e formou grupos de homens dispostos a expulsar os criminosos e trazer o mínimo de paz à região. E assim o fizeram. Em pouco tempo, vídeos dos “justiceiros de Copacabana” surgiram, mostrando-os enfrentando os bandidos nas ruas, o que gerou uma onda de entusiasmo na população que vislumbrava uma sensação momentânea de segurança.
Porém, a empolgação durou pouco. O papai Estado, que parecia completamente ausente enquanto marginais vandalizavam Copacabana, apareceu pronto para intervir, mas não em favor dos moradores desesperados.
A polícia, que falhou em proteger a população dos assaltantes, apareceu subitamente para proteger os assaltantes da população. Eu compreendo que tudo isso pareça uma piada de extremo mau gosto, mas é a realidade na qual estamos mergulhados até o pescoço no Brasil.
Assim que soube da iniciativa dos moradores, a Polícia Civil do Rio de Janeiro abriu uma investigação para identificar todos os membros que estavam se organizando em grupos de whatsapp para “caçar” os criminosos. Os integrantes de grupos de moradores, que têm feito rondas por bairros da Zona Sul, atrás de assaltantes podem acabar respondendo por crimes como lesão corporal, associação criminosa e até homicídio tentado ou consumado, com penas que podem chegar a 30 anos de detenção.
No Brasil, o Estado que tira o direito de autodefesa do povo — ao impor o Estatuto do Desarmamento — é o mesmo que não garante (propositalmente) a segurança da população. Estamos sujeitos a leis deliberadamente frouxas, que protegem descaradamente os criminosos, enquanto punem severamente o cidadão de bem. Costumo dizer que a impunidade é a religião do Estado brasileiro. Se olharmos pelas frestas das instituições, dificilmente encontraremos algo diferente disso.
A vida de um brasileiro é um absurdo difícil, eu diria quase impossível de se explicar para um estrangeiro. O brasileiro não pode se armar e, em caso de assalto, se reagir tomando a arma do agressor para se defender, há uma alta probabilidade de ser preso, enquanto o criminoso que iniciou o ataque permanecerá em liberdade ou será solto antes da vítima durante uma caridosa audiência de custódia.
Este país é a terra do contrário, d