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A opinião de Trump sobre seu relacionamento com Kim –e sua admissão de que ele não tinha uma estratégia mais ampla por trás das ameaças que fez sobre ter um botão nuclear “muito maior”– faz parte de um novo audiolivro que Woodward está lançando. Intitulado “The Trump Tapes” (“As Gravações de Trump”, em tradução livre), o livro contém as 20 entrevistas que Woodward realizou com Trump de 2016 a 2020.
A CNN obteve uma cópia do audiolivro antes de seu lançamento, a ser realizado em 25 de outubro, que inclui mais de oito horas de entrevistas sem edição do jornalista com Trump, intercaladas com os comentários de Woodward.
As entrevistas oferecem insights sem verniz sobre a visão de mundo do ex-presidente e são as gravações mais extensas de Trump falando sobre sua presidência – incluindo sua explicação para conhecer Kim, seu relacionamento com o presidente russo, Vladimir Putin, e as visões detalhadas de Trump sobre o arsenal nuclear dos EUA.
O áudio também mostra como Trump decidiu compartilhar com Woodward as cartas que Kim escreveu para ele – cartas que ajudaram a desencadear a investigação do Departamento de Justiça sobre documentos confidenciais que Trump levou para Mar-a-Lago.
“E não diga que eu as dei para você, ok?”, disse Trump a Woodward.
Woodward disse na introdução do livro que está liberando as gravações em parte porque “ouvir Trump falar é uma experiência completamente diferente de ler as transcrições ou ouvir trechos de entrevistas na televisão ou na internet”.
Ele descreve Trump como “cru, profano, divisivo e enganoso. Sua linguagem é muitas vezes retaliatória”.
“No entanto, você também o ouvirá envolvente e divertido, rindo, sempre o anfitrião. Ele está tentando me conquistar, vender sua presidência para mim. O vendedor em tempo integral”, disse Woodward. “Eu queria colocar o máximo da voz de Trump, suas próprias palavras, para o registro histórico e para que as pessoas pudessem ouvir, julgar e fazer suas próprias avaliações”.
A maioria das entrevistas foi conduzida para o segundo livro de Woodward sobre Trump, “Rage”, que revelou que Trump disse a Woodward em 7 de fevereiro de 2020 que a Covid-19 era “coisa mortal”, mas ainda assim minimizou a doença publicamente.
Embora as revelações dhahaho e das motivações de Trump enquanto ele se prepara para outra potencial candidatura à Casa Branca, em 2024.
“Tudo é meu”
Nas entrevistas, Trump compartilha suas opiniões sobre os homens fortes que ele admira – incluindo Kim, Putin e o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan – e revela sua convicção abrangente de que ele é a pessoa mais inteligente da sala.
Em uma entrevista de junho de 2020, que seguiu os protestos em todo o país após a morte de George Floyd, Woodward perguntou a Trump se ele recebia ajuda para escrever seu discurso no qual Trump se declarava o “presidente da lei e da ordem”.
“Eu entendo, eu entendo as pessoas. Elas têm ideias. Mas as ideias são minhas, Bob. As ideias são minhas”, disse Trump a Woodward em uma entrevista em junho de 2020. “Quer saber uma coisa? Tudo é meu. Você sabe, tudo. Cada parte”.
As 20 entrevistas contidas no audiolivro começam em março de 2016, quando Woodward e seu então colega do Washington Post, Robert Costa, entrevistaram Trump enquanto ele era candidato à presidência. As demais entrevistas foram realizadas em 2019 e 2020.
Na entrevista de dezembro de 2019, Woodward questionou Trump sobre o programa nuclear da Coreia do Norte, levando o presidente a se gabar das capacidades de armas nucleares dos EUA enquanto aparentemente revelava um novo – e provavelmente altamente confidencial – sistema de armas, que foi um dos episódios mais interessantes do livro “Rage”.
Woodward diz que nunca conseguiu estabelecer a que Trump estava se referindo, embora observe que o comentário de Trump reafirmou a “maneira casual e perigosa” com que o ex-presidente tratava informações confidenciais.
“Construí um sistema de armas que ninguém jamais teve neste país antes”, disse Trump a Woodward. “Temos coisas que você nunca viu ou ouviu falar. Temos coisas sobre as quais Putin e Xi nunca ouviram falar antes”.
Ao longo das entrevistas, Trump faz referência ao seu relacionamento com Putin, culpando a investigação do FBI sobre a interferência eleitoral da Rússia por arruinar suas chances de melhorar o relacionamento entre os dois países.
“Eu gosto do Putin. Nosso relacionamento deveria ser muito bom. Fiz campanha para me dar bem com a Rússia, a China e todos os outros”, disse Trump em uma entrevista em janeiro de 2020. “Se dar bem com a Rússia é uma coisa boa, não uma coisa ruim, certo? Especialmente porque eles têm 1.332 ogivas nucleares”.
Em um momento de rara autorreflexão, Trump observou que tinha melhores relacionamentos com os líderes “quanto mais duros e maldosos eles são”.
“Eu me dou muito bem com Erdogan, mesmo que não deva, porque todo mundo diz "que cara horrível". Mas você sabe que para mim funciona bem”, disse Trump em uma entrevista em janeiro de 2020.
“É engraçado, os relacionamentos que eu tenho, quanto mais duros e maldosos eles são, melhor eu me dou bem com eles. Você sabe?”, continua ele. “Explique isso para mim algum dia, ok. Mas talvez não seja uma coisa ruim. Os mais tranquilos são aqueles que talvez eu não goste tanto ou não me dê muito bem”.
Novo áudio do círculo íntimo de Trump
O audiolivro de Woodward também inclui entrevistas nunca antes ouvidas com o então conselheiro de segurança nacional de Trump, Robert O"Brien, seu vice, Matthew Pottinger, bem como áudio dos bastidores com o genro de Trump, Jared Kushner.
Durante uma ligação com Woodward em fevereiro de 2020, Trump entrega o telefone a Kushner para marcar entrevistas com outros conselheiros de Trump.
“O que ouvi do presidente é basicamente que agora trabalho para você, então me colocarei à disposição nesse horário e garantirei uma boa lista para você”, disse Kushner.
“Quero que saiba que não tenho ilusões de que você trabalha para mim. Eu sei que você trabalha para Ivanka, certo?”, Woodward brincou.
Kushner riu. “Ok, tudo bem, você entendeu. Você entendeu. Provavelmente é por isso que você é Bob Woodward. Isso é verdade”.
Ao longo das gravações, um elenco de conselheiros, aliados e familiares de Trump – incluindo Donald Trump Jr., Melania Trump, Sen. Lindsey Graham, Hope Hicks e outros – pode ser ouvido ao fundo. O áudio dá um vislumbre do círculo íntimo de Trump, como uma troca de 2016, quando Trump foi perguntado se ele espera que funcionários do governo assinem acordos de confidencialidade, e seu filho entrou na conversa.
“Não vou receber o salário da próxima semana até assinar um”, brincou Donald Trump Jr.
No epílogo de “The Trump Tapes”, Woodward declara que suas próprias avaliações anteriores da presidência de Trump não foram suficientemente longe. Em “Rage”, Woodward escreveu: “Trump é o homem errado para o trabalho”.
Agora, Woodward diz: “Trump é um perigo sem paralelo. O registro agora mostra que Trump liderou – e continua liderando – uma conspiração sediciosa para derrubar a eleição de 2020, que na verdade é um esforço para destruir a democracia”.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Jornalista lança audiolivro com 8 horas de entrevistas exclusivas com Trump no site CNN Brasil.
CNN BRASIL