Os eleitores franceses compareceram em massa às urnas neste domingo, no primeiro turno de uma eleição parlamentar antecipada que pode dar início ao primeiro governo de extrema direita do país desde a Segunda Guerra Mundial, uma possível mudança radical no coração da União Europeia.
Os eleitores franceses compareceram em massa às urnas neste domingo, no primeiro turno de uma eleição parlamentar antecipada que pode dar início ao primeiro governo de extrema direita do país desde a Segunda Guerra Mundial, uma possível mudança radical no coração da União Europeia.
Na última estimativa da Ipsos, a taxa de participação até a última atualização desta reportagem e 65,5%, em comparação aos 47,5% do primeiro turno das legislativas de 2022. Às 17:00 horas, a taxa de participação era de 59,39%, segundo o Ministério do Interior.
A França já vivenciou três vezes a coabitação entre o chefe de Estado e o primeiro-ministro. Esse fenômeno ocorre quando o presidente e o primeiro-ministro pertencem a diferentes espectros políticos. A partir de 1º de julho, pode ocorrer uma quarta coabitação se, conforme indicam as pesquisas, a ultradireita de Marine Le Pen vencer nas eleições para a Assembleia Nacional, antecipadas pelo presidente Emmanuel Macron.
Na França, a coabitação acontece quando o presidente não consegue formar uma coalizão, e o primeiro-ministro precisa ser aceito pelo parlamento. Esse sistema de bicefalia, especialmente em políticas externas, pode gerar conflitos, resolvidos na prática com doutrinas como “a França fala com uma só voz”, embora essa unidade seja, às vezes, difícil de manter.
A Agrupação Nacional lidera as pesquisas, mas não deve alcançar os 289 assentos necessários na Assembleia Nacional. A grande coalizão de esquerda, o Novo Frente Popular, apela para uma mobilização massiva, semelhante à que deu a vitória a Macron em 2017 e 2022.
Apenas uma hora após a divulgação dos resultados das eleições europeias e confirmado o fracasso eleitoral de Emmanuel Macron, o presidente francês anunciou a dissolução da Assembleia Nacional e convocou eleições legislativas antecipadas. “Não posso fingir que nada aconteceu”, admitiu em seu discurso.
Neste domingo, eleitores em Paris demonstraram grande inquietação diante das consequências das eleições legislativas, onde a extrema direita é claramente favorita e pode chegar ao poder pela primeira vez em oito décadas. Paris é a região onde a Agrupação Nacional de Marine Le Pen tem menos apoio.
A prefeita do distrito X de Paris, Alexandra Cordebard, do Partido Socialista, também votou no mesmo local e reconheceu estar “muito inquieta”, mas mostrou satisfação ao ver uma “forte” mobilização dos eleitores. Paris, ela destacou, “é uma cidade cosmopolita onde as pessoas gostam de viver juntas. No distrito X, há 70 nacionalidades sem tensão comunitária ou religiosa. Evidentemente, é um lugar onde o RN não prospera”.
O número de pedidos de votos por correspondência aumentou significativamente antes do primeiro turno das eleições, sendo pelo menos cinco vezes maior do que nas últimas eleições legislativas, há dois anos. Um dos motivos para esse aumento é que as eleições estão ocorrendo na primeira semana das férias de verão na França.
O instituto de pesquisa francês Ipsos Talan estima que a participação eleitoral no primeiro turno das eleições legislativas alcance 67,5%.