O clima esquentou no debate da manhã desta segunda-feira, 17, transmitido pela Rede TV, entre os candidatos Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB).
O clima esquentou no debate da manhã desta segunda-feira, 17, transmitido pela Rede TV, entre os candidatos Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB). Durante a discussão, Marçal acusou Nunes de desviar verbas destinadas à merenda escolar utilizando a conta bancária de sua esposa. O candidato do PRTB alegou que a Polícia Federal está conduzindo uma investigação sobre o caso.
“Você vai ser preso, Ricardo Nunes, por tocar nas merendas das crianças. Você usou a conta da sua esposa para receber dinheiro de creche. Você vai ser preso”, gritou Pablo Marçal sobre Nunes.
Neste momento, o prefeito de São Paulo e seu adversário começaram a discutir, e o áudio foi interrompido. A mediadora Amanda Klein interveio, interrompendo a discussão e advertindo ambos os candidatos com a ameaça de silenciar suas falas temporariamente.
Marçal continuou:”Tchutchuca do PCC, futuro ex-prefeito. Vai para a cadeia. Você usou a conta da sua esposa, da sua filha e mais 100 que são indiciados pela Polícia Federal. Eu vou colocar esse Ricardo Nunes na cadeia.”
A mediadora Amanda Klein repreendeu os dois novamente antes que o debate prosseguisse.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e uma empresa ligada à sua família receberam aproximadamente R$ 31 mil de uma firma investigada no esquema conhecido como “máfia das creches”, de acordo com o jornal “Folha de S.Paulo”.
As transações foram reveladas pela Polícia Civil de São Paulo após a quebra de sigilo de indivíduos suspeitos de participar dos desvios de verba municipal. Dois dos pagamentos foram realizados no início de 2018, período em que Nunes ainda exercia o cargo de vereador.
A investigação aponta para um esquema de desvio de recursos destinados a creches municipais, passando pela Associação Amiga da Criança e do Adolescente (Acria), uma entidade conveniada para gerenciar esses repasses.
Utilizando notas fiscais falsas e evitando o pagamento de encargos sociais de funcionários, empresas terceirizadas teriam se apropriado de fundos que deveriam ser usados para alimentação e aluguel das instituições.
O esquema envolveria também escritórios de contabilidade e empresas fornecedoras de notas fiscais falsas.
Dos R$ 31 mil recebidos pela família do prefeito, R$ 11 mil foram destinados diretamente a Nunes através da empresa Francisca Jacqueline Oliveira Braz Eireli, que recebeu R$ 2,5 milhões da Acria e é suspeita de fornecer notas fiscais falsas. Outros R$ 20 mil foram para a Nikkey Serviços S/S Ltda, empresa pertencente à família de Nunes.
A Acria, que administra creches na Zona Sul de São Paulo, mantém uma relação próxima com Nunes. O prefeito afirma ser voluntário da entidade e ter conhecido alguns de seus membros há anos. Entre eles, Elaine Targino, ex-presidente da Acria, foi funcionária de Nunes.
Em 2018, quando ainda era vereador, Nunes participou de um evento na Câmara Municipal organizado por Rosângela Crepaldi, que, segundo a polícia, estaria associada à empresa de contabilidade Fênix, sob investigação, e a entidades conveniadas com a prefeitura.
O jornal “O Estado de S. Paulo” informou em outubro de 2020 que a Nikkey recebeu 25 pagamentos de oito creches da Acria, totalizando R$ 50 mil.
Na ocasião, Nunes alegou que os valores se referiam a serviços prestados abaixo do preço de mercado.