Em 3 de abril deste ano, o governo do Amazonas (AM) enviou uma carta ao Ministério do Meio Ambiente alertando sobre o risco de uma prolongada estiagem.
Em 3 de abril deste ano, o governo do Amazonas (AM) enviou uma carta ao Ministério do Meio Ambiente alertando sobre o risco de uma prolongada estiagem. Desde o início de 2024, o Estado registrou 19.478 focos de incêndio, conforme dados do Inpe. A informação é da CNN Brasil.
"Importantes alterações climáticas vêm se apresentando de forma recorrente no planeta, acarretando elevados impactos socioambientais. Estratégias de gestão de risco, bem como de gerenciamento de desastres, devem ser aprimoradas e implementadas buscando reduzir esses acentuados impactos decorrentes dos extremos climáticos", diz o documento assinado pelo governador do AM, Wilson Lima (União Brasil).
O texto de Wilson Lima salienta que o Estado é bastante vascularizado por rios, igarapés e lagos, sujeitos a eventos naturais adversos. "Dada as dimensões territoriais do Amazonas, a dinâmica de cheia e vazante dos rios não permite uma precisa definição geral do momento em que o estado muda de estação", destacou o governador ao Governo Lula.
"Temos, por vezes, municípios vivenciando vazante enquanto outros vivem cheia até que, em um determinado momento, possamos ter todos os rios em uma só fase. No ano de 2023, este momento se deu no início do mês de julho, onde todos os municípios encontravam-se no processo de vazante dos rios", complementa Wilson Lima.
O mais alarmante aparece no parágrafo seguinte: "Chamamos atenção à vazante deste ano que possivelmente será bastante acentuada e poderá acarretar um desastre generalizado de estiagem/seca em muitos municípios do estado. A preocupação acima é fundamentada nas observações e monitoramento dos grandes centros nacionais e internacionais que, dentre outros fatores, tem-se o estabelecimento comprovado do fenômeno El Ninio".
O governador Wilson Lima ainda diz na carta que a preocupação se acentua por conta da estiagem registrada em 2023.
"Uma estiagem severa que afetou os sessenta e dois municípios do estados, atingindo diretamente 620 mil pessoas, com severos danos e prejuízos econômicos e sociais", escreveu o governador.
Na carta, Wilson Lima cita ainda que, diante de tal cenário, o governo do estado adotou uma série de medidas preventivas.
"Com base no monitoramento diário dos níveis dos rios, através das réguas linimétricas instaladas em alguns pontos do estado, emitimos frequentemente a uma vasta rede de instituições públicas e privadas que possam ter impactos relacionados à estiagem, diversos informativos de status dos níveis dos rios que variam entre normal, atenção e alerta, além de envios de relatórios elaborados pela defesa Defesa Civil com base em prognósticos feitos pelos órgãos nacionais e internacionais de monitoramento, de maneira a induzir nas instituições recebedoras desses expedientes, um comportamento prevencionista e assim possibilitar a adoção de medidas que minimizem ou mesmo evitam, em cada esfera de atribuição, os impactos causados pelo possível desastre", afirma o governador do AM.
Diante da situação descrita, o governador solicitou recursos financeiros e apoio em forma de cestas básicas, galões de água, caixas d'água, poços artesianos, purificadores de água, kits de limpeza e higiene, recargas de gás liquefeito de petróleo, além de suporte logístico para transporte de materiais e aluguel de galpões.
O governo do Amazonas, entretanto, informou que apenas parte dessas solicitações foi atendida. Entre os itens fornecidos estão cestas básicas para pescadores (Ministério do Desenvolvimento Social), 150 purificadores de água (Ministério de Integração e Desenvolvimento Regional), 67 brigadistas da Força Nacional (Ministério da Justiça), recursos para diárias da equipe do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (Ministério da Justiça) e 110 brigadistas (Ministério do Meio Ambiente).
O Secretário Extraordinário de Controle de Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial, André Lima, afirmou à CNN Brasil que o Governo Lula não fornece equipamentos para estados e municípios. Ele explicou que a atuação do governo federal se concentra no atendimento e combate a incêndios, com o ICMBio e a Força Nacional de Segurança Pública mobilizando quase dois mil homens no Amazonas. No estado, centenas de profissionais estão envolvidos em diversas frentes de combate.
Lima destacou que os estados devem usar seus próprios recursos para priorizar as ações. Ele mencionou que existem 700 frentes de incêndio em todo o país, sendo 250 na Amazônia.
Segundo o secretário, o governo federal não tem a capacidade de fornecer material e equipamento além do trabalho direto de combate aos incêndios, e seu papel é articular com os estados para tornar as ações mais eficazes e organizadas.
O Ministério do Desenvolvimento Regional de Lula não comentou a questão.