Ethel Kennedy, matriarca de uma das mais poderosas dinastias políticas da história dos Estados Unidos, faleceu aos 96 anos. A confirmação da notícia foi feita por seu neto, Joseph Kennedy III, na manhã desta quinta-feira (10), através de uma publicação na rede social X, anteriormente conhecida como Twitter.
“É com nossos corações cheios de amor que anunciamos a morte de nossa incrível avó, Ethel Kennedy. Ela faleceu esta manhã devido a complicações relacionadas a um derrame sofrido na semana passada”, afirmou Joseph. “Além de um trabalho de uma vida em justiça social e direitos humanos, nossa mãe deixa nove filhos, 34 netos e 24 bisnetos, junto com inúmeros sobrinhos e sobrinhas, todos que a amam profundamente.”
Ethel foi hospitalizada após sofrer um derrame na semana passada, de acordo com informações da família. Ela e outros membros da família viveram por muito tempo na Costa da Lagoa, no Kennedy Compound, na área de Hyannis Port, em Barnstable, Massachusetts.
Viúva do ex-procurador-geral dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy, com quem teve 11 filhos, Ethel dedicou grande parte de sua vida a uma organização de direitos humanos que ajudou a fundar em homenagem ao marido. O ex-presidente Barack Obama mencionou o Centro Robert F. Kennedy para Justiça e Direitos Humanos ao conceder a Ethel Kennedy a Medalha da Liberdade em 2014.
Antes da apresentação do prêmio, a jornalista Andrea Mitchell, da MSNBC, perguntou a Ethel o que a inspirava a continuar seu trabalho com o centro. “Quando você vê alguém em apuros, seu sentimento natural é: ‘Há algo que eu possa fazer?’ E realmente, todo mundo pode fazer isso”, respondeu.
A vida de Ethel Kennedy foi marcada tanto por tragédias quanto por conquistas. Seu cunhado, o presidente John F. Kennedy, foi assassinado em 1963, enquanto seu marido servia como procurador-geral. Robert F. Kennedy foi posteriormente eleito para o Senado dos EUA em Nova York antes de iniciar sua própria campanha presidencial. Enquanto buscava a nomeação do Partido Democrata, também foi morto a tiros em junho de 1968. A filha mais nova do casal, Rory Kennedy, nasceu após a morte do pai.
Ethel Kennedy perdeu um filho, David, devido a uma overdose em 1985. Doze anos depois, outro filho, Michael, morreu em um acidente de esqui. Em 1999, seu sobrinho John F. Kennedy Jr. e sua esposa, Carolyn Bessette-Kennedy, morreram em um acidente de avião na costa de Martha’s Vineyard. A neta Saoirse Kennedy Hill faleceu em 2019, aos 22 anos, após uma overdose na casa da família Kennedy.
Outro sobrinho, Michael Skakel, foi condenado em 2002 pelo assassinato de Martha Moxley em Greenwich, Connecticut, mas sua condenação foi anulada em 2013, resultando em sua liberação sob fiança. Em 2020, promotores anunciaram que ele não seria reprocessado.
Nos seis décadas desde a presidência de JFK, o nome Kennedy continua a ser proeminente na política. O filho mais velho de Ethel, Joseph Kennedy II, representou Massachusetts na Câmara dos Representantes dos EUA de 1987 a 1999. Seu neto, Joseph Kennedy III, ocupou o mesmo cargo de 2013 a 2021. Sua filha Kathleen Kennedy foi vice-governadora de Maryland por oito anos.
Robert F. Kennedy Jr., um dos filhos de Ethel, encerrou recentemente sua própria campanha independente para a presidência e apoiou o ex-presidente republicano Donald Trump. Vários membros de sua família condenaram a decisão. “Acreditamos na [vice-presidente Kamala] Harris e [candidato a vice Tim] Walz”, disseram em um comunicado neste verão. “A decisão de nosso irmão Bobby de apoiar Trump hoje é uma traição aos valores que nosso pai e nossa família mais prezam. É um triste final para uma história triste.”
Ethel Kennedy não se manifestou publicamente sobre a campanha de seu filho em 2024. Porém, três anos atrás, ela se distanciou dele em relação ao assassino de seu marido. Uma comissão de liberdade condicional da Califórnia recomendou a liberação de Sirhan Sirhan em 2021. RFK Jr. e seu irmão Douglas Kennedy pediram sua liberação, enquanto Ethel e o restante dos filhos sobreviventes se opuseram à ideia de libertá-lo.
“Bobby acreditava que deveríamos trabalhar para ‘domar a selvageria do homem e tornar gentil a vida do mundo'”, escreveu Ethel sobre seu marido. “Ele queria acabar com a guerra no Vietnã e unir as pessoas para construir um país melhor e mais forte. Mais do que tudo, ele queria ser um bom pai e um marido amoroso.”
O governador da Califórnia, Gavin Newsom, que acabou negando a liberação de Sirhan, declarou à NBC News que a opinião de Ethel Kennedy sobre o assunto tinha “peso”.
GAZETA BRASIL