A Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, realizada na quinta-feira (05), destacou a possibilidade de avanços significativos nas negociações para a formalização do Acordo de Associação entre o bloco sul-americano e a União Europeia (UE).
A Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, realizada na quinta-feira (05), destacou a possibilidade de avanços significativos nas negociações para a formalização do Acordo de Associação entre o bloco sul-americano e a União Europeia (UE).
Após 25 anos de discussões, há uma expectativa de que o acordo possa ser finalmente concluído, abrindo caminho para um maior estreitamento das relações comerciais entre as duas regiões.
O acordo busca, entre outros objetivos, facilitar o comércio de bens e serviços, harmonizar normas sanitárias e fitossanitárias, proteger direitos de propriedade intelectual e promover a cooperação política e ambiental entre os blocos. Um dos principais pontos inclui a abertura para compras governamentais e a eliminação gradual de tarifas de importação.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que o tratado representa a criação da maior parceria de comércio e investimento já vista, envolvendo cerca de 700 milhões de pessoas. Durante sua visita ao Uruguai para a Cúpula, ela expressou otimismo sobre a conclusão do acordo. Em uma publicação na rede social X, destacou que o “acordo UE-Mercosul está à vista” e reiterou a importância da cooperação entre os blocos.
Estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indicam que o tratado poderia trazer ganhos significativos para o Brasil, incluindo um crescimento estimado de 0,46% no Produto Interno Bruto (PIB) até 2040, o que equivale a US$ 9,3 bilhões (R$ 55,7 bilhões) em valores atuais. O impacto positivo também incluiria aumento de exportações, especialmente de produtos agrícolas, que teriam acesso ampliado ao exigente mercado europeu, considerado “premium” por oferecer melhores preços.
No entanto, o acordo enfrenta resistências tanto dentro do Mercosul quanto na União Europeia. Países como a França e a Polônia expressaram oposição, citando preocupações com a competitividade de suas economias frente aos produtos sul-americanos. A França, maior produtora agrícola da Europa, teme prejuízos ao setor agrícola nacional, dado o peso da produção brasileira no mercado internacional.
Do lado sul-americano, especialistas avaliam que setores industriais e automotivos podem ser impactados pela concorrência europeia. A indústria brasileira, por exemplo, deverá enfrentar desafios relacionados a custos de logística, digitalização e eficiência para competir no novo cenário.
As negociações recentes, retomadas por iniciativa da Comissão Europeia, também incorporaram demandas do Brasil sobre compras governamentais, buscando flexibilizar cláusulas que limitavam a implementação de políticas de desenvolvimento industrial. Segundo Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda, essa mudança é essencial para permitir que licitações públicas beneficiem produtores locais.
Apesar das incertezas e da necessidade de divulgação do texto final para uma análise detalhada, há consenso entre os especialistas sobre o potencial transformador do acordo. Ele pode impulsionar o comércio bilateral, atrair investimentos e aumentar a competitividade brasileira no mercado internacional. Contudo, será necessário equilibrar concessões para minimizar impactos negativos em setores vulneráveis da economia.