O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) celebrou, nesta sexta-feira (6), a conclusão de um acordo entre o Mercosul e a União Europeia, após décadas de negociações.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) celebrou, nesta sexta-feira (6), a conclusão de um acordo entre o Mercosul e a União Europeia, após décadas de negociações. Em discurso durante a cúpula no Uruguai, Lula afirmou que as condições anteriores ao pacto eram “inaceitáveis” e destacou os avanços alcançados com o novo texto, especialmente no que diz respeito à produção agrícola e à defesa dos interesses latino-americanos.
"O acordo de hoje é bem diferente do finalizado em 2019. As condições que herdamos eram inaceitáveis. Conseguimos preservar nossos interesses. Criamos mecanismos para evitar retirada unilateral de concessões da mesa de negociações", afirmou o presidente. Ele ressaltou ainda que o Mercosul agora tem um “texto moderno e equilibrado” que reforça os compromissos do bloco com o Acordo de Paris, promovendo uma inserção mais competitiva no cenário global.
O acordo, que chegou a ser assinado durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), foi considerado pouco vantajoso para o Mercosul. No entanto, com a liderança de Lula, o Brasil conseguiu apoio de países como Alemanha e Espanha, o que resultou em melhorias nas condições para os países latino-americanos.
Com a conclusão da fase de negociações, o acordo entre os dois blocos agora passará por revisão legal e tradução. A expectativa é que, nos próximos meses, o pacto seja formalmente assinado. De acordo com o Palácio do Planalto, a União Europeia é o segundo maior parceiro comercial do Brasil, com uma corrente de comércio estimada em US$ 92 bilhões (cerca de R$ 552 bilhões) em 2023. Lula e sua equipe acreditam que o acordo fortalecerá a diversificação das parcerias comerciais do Brasil e trará benefícios econômicos para o país.
O governo também destaca o potencial de modernização do parque industrial brasileiro e o impacto positivo na atração de investimentos, uma vez que a União Europeia detém quase metade do estoque de investimento estrangeiro direto no Brasil. Além disso, o acordo pode acelerar a inserção internacional do Mercosul e fortalecer as instituições regionais, ao abrir portas para novos acordos com outros países.
A relação entre o Brasil e a União Europeia remonta à década de 1960, e o atual acordo é considerado um marco importante para as relações bilaterais, não só no campo econômico e comercial, mas também no político.
Anos de Negociações e Desafios Superados
O processo de negociação do acordo foi longo, com altos e baixos. Em 2019, os blocos chegaram a um “acordo político”, mas diversos pontos ainda precisavam ser negociados, como as cláusulas sobre indicações geográficas e a implementação do tratado. Após a retomada das negociações em 2023, os desafios aumentaram devido à pandemia, às mudanças climáticas e às tensões geopolíticas globais, mas, finalmente, o acordo foi concluído nesta sexta-feira, representando um grande passo para as relações comerciais entre os países da América do Sul e a Europa.