O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, ordenou ao Exército israelense a criação de uma "zona de segurança" livre de armas pesadas no sul da Síria, além da zona desmilitarizada entre os dois países, segundo comunicado divulgado por seu gabinete.
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, ordenou ao Exército israelense a criação de uma "zona de segurança" livre de armas pesadas no sul da Síria, além da zona desmilitarizada entre os dois países, segundo comunicado divulgado por seu gabinete.
Além disso, Katz solicitou que as forças assegurem o controle total da zona desmilitarizada nos Altos do Golã, onde o Exército foi mobilizado ontem, após a queda do regime de Bashar Al Assad e a tomada de Damasco por insurgentes islamistas sírios.
Israel, que já declarou não ter intenção de interferir nos assuntos internos do país vizinho, ordenou ontem aos habitantes de cinco localidades sírias situadas na zona desmilitarizada que permanecessem em suas casas. Ao mesmo tempo, o chefe do Estado-Maior israelense, Herzi Halevi, incluiu a Síria na lista de frentes de combate ativo.
Além das operações na zona desmilitarizada, Katz determinou que o Exército israelense destrua armas estratégicas, como diferentes tipos de mísseis, foguetes e sistemas de defesa antiaérea, para evitar que caiam nas mãos de grupos potencialmente hostis a Israel.
Ainda assim, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, explicou que Israel precisou intervir porque insurgentes violaram o acordo de retirada de tropas assinado com a Síria em 1974, referente à chamada "zona de amortecimento". Esses grupos atacaram unidades e postos de observação próximos à fronteira, representando "uma ameaça para nossas comunidades nos Altos do Golã e no Estado de Israel".
"Por isso, atacamos os sistemas de armas estratégicas do regime, incluindo depósitos de armas químicas e mísseis de longo alcance, para impedir que fossem capturados por extremistas", afirmou o ministro, referindo-se às operações militares de Israel na Síria, que incluíram ataques a aeroportos militares em Damasco.
Embora Israel não tenha confirmado oficialmente, meios de comunicação sírios e grupos de ativistas denunciaram que a aviação israelense está bombardeando alvos militares do regime de Al Assad em Damasco, incluindo aeroportos militares e depósitos de armas.
A presença em território sírio é "limitada e temporária"
Saar afirmou nesta segunda-feira que a presença de tropas na zona desmilitarizada é "limitada e temporária", uma medida necessária por questões de segurança, diante da instabilidade que reina na Síria após a queda do regime de Al Assad.
"Enfatizo que é uma medida muito limitada e temporária, que tivemos de adotar por razões de segurança", declarou o chefe da diplomacia israelense em uma coletiva de imprensa.
O Exército israelense confirmou hoje que tomou a parte síria do Monte Hermon, dentro da zona desmilitarizada, mas Saar esclareceu que as tropas avançaram apenas alguns metros, no máximo dois quilômetros além da fronteira, que Israel define nos Altos do Golã, ocupados em 1967 e anexados em 1981.
O ministro também admitiu que Israel "mantém contatos", sem dar maiores detalhes, com alguns desses grupos insurgentes, principalmente os curdos do norte da Síria, com quem Israel compartilha a inimizade com a Turquia, visando cortar a "principal rota de contrabando" de armas do Irã para o Líbano, pela fronteira sírio-iraquiana.
Outro ponto de preocupação para Israel é a "proteção das minorias", como os curdos, drusos e alauítas, que, segundo Saar, devem ter "certo grau de autonomia" sob o novo regime de governo a ser estabelecido na Síria.
Saar demonstrou ceticismo quanto à estabilidade política na Síria, questionando se será possível consolidar um novo governo capaz de manter a soberania sobre todo o território sírio, devido à diversidade de grupos insurgentes que contribuíram para a queda de Assad.
O ministro reforçou que o governo israelense não interferirá diretamente, mas não permitirá que a Síria se torne "outra base para ataques contra Israel".
"Por enquanto, não podemos falar de uma nova administração na Síria. Existem certas milícias, mas elas não controlam todo o território. O país está fragmentado há mais de uma década, sem controle de uma única força. Vejo um futuro mais federal, que dê espaço a diferentes minorias. Mas ainda é muito cedo para pensar nisso, pois a situação continua instável", concluiu.