Mato Grosso registrou o aumento de 2.752% de casos de chikungunya e 134% nos casos de dengue, quando comparado os números dos meses de janeiro deste ano e do ano passado, de acordo com dados da Secretaria do Estado de Saúde (SES -MT). Em janeiro de 2024, foram confirmados 1.496 casos de dengue e apenas 132 de chikungunya.
Já este ano, o número de casos da primeira doença saltou para 3.515 confirmados, com um óbito e seis em investigação, além de 3.765 casos de chikungunya, com quatro óbitos confirmados e outros quatro em investigação.
"São doenças que não dependem só do agente público. É muito importante que se faça esse controle, mas depende da população. Se não houver esse entendimento, nós vamos perder de 10 a zero para essas viroses, como está acontecendo", aponta o infectologista Luciano Corrêa Ribeiro.
O especialista explica que existem cinco sorotipos da dengue, mas quando uma pessoa é infectada por um deles, ela não fica imune ao outro. Ele não tem informações de quais exatamente estão circulando em Mato Grosso atualmente, mas um paciente pode ter uma infecção sequencial e já há casos do sorotipo três no Brasil.
"Isso significa que boa parte da população não está imune a esse vírus e isso faz com que as pessoas adoeçam". Já no caso da chikungunya, existe apenas um sorotipo, mas estudos mostram que apenas de 30 a 40% da população foi infectada. "Ou seja, nós temos um grande grupo de pessoas que ainda está suscetível e, por isso, está tendo esse surto. O vírus está circulando em nosso meio e pegando uma população que ainda não está imune". O médico ainda alerta para os cuidados, principalmente às pessoas que pertencem aos grupos de risco, como imunossuprimidos, crianças, idosos e pacientes oncológicos.
Ele explica que um processo infeccioso agudo pode desencadear a forma grave das duas doenças. "Essa é uma situação muito temerosa, porque nesse surto de chikungunya que a gente está vivendo nas Américas, nós temos observado formas graves da doença, além do quadro de dor articular. Temos observado o comprometimento do sistema nervoso central, encefalite, o comprometido do coração, miocardite, levando inclusive ao óbito.
Nós achávamos que a chikungunya era uma doença de baixa letalidade e, na verdade, não é bem assim. É uma doença grave que deixa uma sequela articular importante e esses grupos de risco podem levar ao óbito, não dá para banalizar a doença"