Após o maciço "apagão" desta terça-feira, que deixou cerca de 20 milhões de chilenos, de Arica a Chiloé – 95% do país – às escuras por mais de seis horas, causando um verdadeiro caos, as autoridades chilenas informaram que três pessoas eletrodependentes morreram durante a noite, outras 207 foram detidas por desrespeitarem o toque de recolher imposto pelo presidente Gabriel Boric, e que ao menos duas empresas distribuidoras de energia são apontadas como responsáveis pela interrupção.
Após o maciço "apagão" desta terça-feira, que deixou cerca de 20 milhões de chilenos, de Arica a Chiloé – 95% do país – às escuras por mais de seis horas, causando um verdadeiro caos, as autoridades chilenas informaram que três pessoas eletrodependentes morreram durante a noite, outras 207 foram detidas por desrespeitarem o toque de recolher imposto pelo presidente Gabriel Boric, e que ao menos duas empresas distribuidoras de energia são apontadas como responsáveis pela interrupção. As informações são da imprensa local.
Em uma coletiva de imprensa no início desta quarta-feira, a ministra do Interior, Carolina Tohá, informou que o fornecimento de energia foi restabelecido em 90% do país, embora ainda haja cidades sem luz em algumas localidades do Norte Grande – Arica e Antofagasta – devido ao roubo de cabos elétricos durante a noite, assim como em algumas áreas da Grande Santiago e da região de Valparaíso.
"Tivemos durante a noite 207 pessoas detidas, sendo que alguns foram por violação do toque de recolher, mas também há detidos por flagrante, por outras razões que foram identificadas durante as patrulhas realizadas", detalhou a ministra.
Sobre as mortes dos pacientes eletrodependentes, a autoridade governamental afirmou que "preliminarmente, as informações indicam que é altamente provável que o falecimento não esteja relacionado ao apagão. No entanto, os casos serão analisados com total atenção, e para isso, as denúncias que chegarem, tanto deste caso quanto de outros que possam surgir nas próximas horas, são importantes".
Tohá elogiou o comportamento da população, que está acostumada a eventos desse tipo, em um país onde os terremotos são comuns.
"Há lições a serem tiradas, há sanções a serem aplicadas, e isso será o trabalho dos próximos dias. Há também sistemas a serem recuperados, mas podemos dizer que o país se comportou de forma correta diante da situação que enfrentamos", concluiu.
Em relação à falha que teria causado o apagão e seus responsáveis, foi o próprio presidente Gabriel Boric quem, à noite, afirmou que "devido a uma falha da empresa ISA InterChile, na linha entre Vallenar e Coquimbo, ocorreu uma interrupção massiva no país. Esta situação deveria ter sido regularizada muito mais cedo", disse visivelmente irritado após decretar o toque de recolher.
A empresa é a filial chilena do grupo colombiano ISA e é responsável pela Linha de Transmissão Cardones – Polpaico, Encuentro Lagunas e Conexão Kimal – Lo Aguirre, que teria sido desconectada por "uma operação não desejada", conforme afirmou o presidente do Coordenador Elétrico Nacional, Juan Carlos Olmedo.
Hoje, a ISA InterChile emitiu um comunicado explicando que "ocorreu um evento que afetou a Linha de Transmissão Elétrica de dupla circuitação, Nova Maitencillo – Nova Pan de Azúcar, que opera a 500 mil volts, entre Vallenar e Coquimbo, no momento em que transportava cerca de 1.800 MW no total" e garantiu que, em apenas 44 minutos – às 16h de ontem – a disponibilidade da linha foi restabelecida, dissociando-se das acusações do governo.
No entanto, o ministro de Energia, Diego Pardow, explicou nesta quarta-feira que uma coisa é o que causou o problema, e outra é o atraso no restabelecimento do serviço, apontando outra empresa – Transelec – como co-responsável por uma das falhas que retardaram a reposição.
"A extensão (do apagão) tem a ver com um conjunto de responsabilidades que também envolvem outras empresas e outras instituições relacionadas à coordenação do sistema elétrico", afirmou.
Por meio de uma publicação em sua conta no X (antigo Twitter), a Transelec, principal empresa de transmissão de energia elétrica do país, afirmou que "a origem dessa situação não está em nenhuma das instalações da companhia" e que se uniu "aos esforços para recuperar o fornecimento de energia para todos os consumidores afetados".
Dessa forma, o ministro Pardow afirmou que as investigações já estão em andamento e que em breve haverá responsáveis e, claro, multas e compensações.
"Esta investigação está começando agora e levará o tempo mais breve possível para determinar as responsabilidades", concluiu.