O Canadá vai adiar a imposição de uma segunda onda de tarifas sobre produtos dos Estados Unidos no valor de 125 bilhões de dólares, anunciou nesta quinta-feira (6) o ministro das Finanças, Dominic LeBlanc.
O Canadá vai adiar a imposição de uma segunda onda de tarifas sobre produtos dos Estados Unidos no valor de 125 bilhões de dólares, anunciou nesta quinta-feira (6) o ministro das Finanças, Dominic LeBlanc. A decisão foi tomada após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, concordar em suspender as tarifas sobre as exportações canadenses cobertas por um acordo comercial na América do Norte.
LeBlanc informou que o Canadá suspendeu as tarifas retaliatórias, após Trump assinar uma ordem executiva adiando os encargos. O governo canadense planejava impor tarifas adicionais em três semanas sobre produtos no valor de 125 bilhões de dólares canadenses (87 bilhões de dólares americanos), como veículos elétricos, frutas, vegetais, laticínios, carne bovina, carne suína, eletrodomésticos, aço e caminhões.
Trump anunciou que adiaria as tarifas de 25% sobre diversos produtos do Canadá e do México por um mês, em meio ao temor generalizado de uma guerra comercial mais ampla. As tarifas retaliatórias iniciais do Canadá, que somam 30 bilhões de dólares canadenses (21 bilhões de dólares americanos), atingiram itens como suco de laranja, manteiga de amendoim, café, eletrodomésticos, calçados, cosméticos, motocicletas e certos produtos de celulose e papel.
O primeiro-ministro de Ontário, Doug Ford, também anunciou que, a partir de segunda-feira, a província cobrará 25% a mais pela eletricidade enviada a 1,5 milhão de residentes dos Estados Unidos, como resposta ao plano de tarifas de Trump. Ontário fornece eletricidade a Minnesota, Nova York e Michigan. Ford afirmou que a tarifa de Ontário permanecerá em vigor, apesar do adiamento das tarifas americanas. "Enquanto a ameaça de tarifas continuar, nossa posição será a mesma", publicou Ford no X.
O primeiro-ministro da Colúmbia Britânica, David Eby, também disse que sua província apresentará uma proposta nos próximos dias que daria à província a capacidade de impor tarifas sobre caminhões comerciais que viajam dos Estados Unidos para o Alasca. Ele afirmou que os canadenses não desistirão até que as tarifas sejam eliminadas.
"Mais uma vez, o presidente está semeando incerteza e caos ao tentar minar nossa economia com tarifas, para depois retirá-las", disse Eby. "Vamos garantir que os americanos entendam o quanto estamos irritados".
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, indicou horas antes que espera que o Canadá e os Estados Unidos entrem em uma guerra comercial no futuro próximo, após uma conversa que ele descreveu como “colorida, mas construtiva” com Trump esta semana.
As importações do México que atendem ao pacto comercial T-MEC seriam excluídas das tarifas de 25% por um mês, de acordo com as ordens assinadas por Trump. As importações do Canadá que atendem ao acordo comercial também estariam isentas das tarifas de 25% por um mês, enquanto o potássio — que os agricultores americanos importam do Canadá — teria uma tarifa de 10%, a mesma taxa que Trump quer aplicar aos produtos energéticos canadenses.
Cerca de 62% das importações do Canadá provavelmente ainda estarão sujeitas às novas tarifas, pois não atendem ao T-MEC, de acordo com um funcionário da Casa Branca que pediu anonimato para divulgar a informação. A metade das importações do México que não atendem ao acordo comercial de 2020 também seriam taxadas, afirmou o funcionário.
Trump iniciou uma nova guerra comercial na terça-feira ao impor tarifas contra os três principais parceiros comerciais de Washington, o que gerou uma imediata represália de México, Canadá e China, provocando uma queda nos mercados financeiros.
Um dia depois da implementação das novas tarifas, Trump anunciou que concederia uma isenção de um mês para os fabricantes de automóveis dos Estados Unidos. O anúncio aconteceu depois que Trump conversou com os líderes da Ford, General Motors e Stellantis, a matriz da Chrysler e Jeep. Sua porta-voz detalhou que Trump pediu aos executivos que transferissem a produção de automóveis para os Estados Unidos para evitar as tarifas.
Apesar da afirmação de Trump de que os Estados Unidos não precisam do Canadá, quase um quarto do petróleo consumido pelos Estados Unidos diariamente vem do Canadá. Aproximadamente 60% das importações de petróleo bruto dos Estados Unidos são do Canadá, e 85% das importações de eletricidade também vêm do país vizinho.
O Canadá também é o maior fornecedor estrangeiro de aço, alumínio e urânio para os Estados Unidos e possui 34 minerais e metais críticos que o Pentágono busca para a segurança nacional.
O Canadá é o principal destino de exportação de 36 estados dos Estados Unidos. Quase 3,6 bilhões de dólares canadenses (2,7 bilhões de dólares americanos) em bens e serviços cruzam a fronteira a cada dia.
(Com informações de AFP e AP)