A redenção de um craque. Essa pode ser a história de Neymar no Catar em sua terceira Copa do Mundo com a seleção brasileira. Próximo de ultrapassar Pelé na lista de maiores artilheiros com a Amarelinha, o atacante de 30 anos quer repassar a imagem de “cai-cai” nos Mundiais para se consolidar como o principal jogador do país. O atleta tem uma história de sucesso dentro de campo, isso é inegável. Revelado em 2009 pelo Santos, o menino da Vila levantou troféus importantes com o Peixe antes de se transferir para o Barcelona, em 2013. Por lá continuou empilhando taças com o trio MSN (Messi e Suarez) até chegar ao Paris Saint-Germain em 2017, em uma transferência que surpreendeu o mundo da bola. Desde os 18 anos está na seleção e é o destaque do grupo. A primeira grande oportunidade foi na Copa América de 2011 – não teve uma das melhores atuações, marcando apenas dois gols em quatro jogos. Na Copa das Confederações de 2013, se destacou, conquistou o título e animou o torcedor para a tão aguardada primeira Copa de sua carreira. Neymar chegou ao Mundial de 2014, no Brasil, como a principal esperança da equipe pentacampeã. Na fase de grupos, marcou quatro gols em dois jogos. Nas oitavas de final, bateu o pênalti decisivo contra o Chile que garantiu o Brasil nas quartas de final. Porém, contra a Colômbia, o atacante saiu lesionado após forte entrada de Zúñiga, o que o tirou do jogo decisivo contra a Alemanha na semifinal, que terminou no fatídico 7 a 1.
No ano seguinte, convocado para a Copa América 2015, Neymar foi expulso no segundo jogo. Isso o tirou da competição e a seleção foi eliminada nas quartas de final para o Paraguai. Em 2016, ele conquistou mais um título com a Amarelinha, dessa vez o inédito título do futebol nas Olimpíadas do Rio. O craque brasileiro se manteve como protagonista no ano seguinte e garantiu sua convocação para a Copa de 2018. Pouco antes do início da disputa na Rússia, o atacante se lesionou e não chegou nas melhores condições. Sua atuação também foi marcada por muitas faltas e simulações dentro de campo, o que rendeu muitos memes nas redes sociais e piadas de adversários. O Brasil foi eliminado nas quartas de final contra a Bélgica. Em 2019, Neymar ficou de fora da Copa América por lesão, competição em que o país foi campeão. Mesmo oscilando nas apresentações, mostrou nos últimos dois anos que ainda é o maior destaque da seleção. Em 2020 passou Ronaldo entre os maiores artilheiros da equipe, e em 2021 se aproximou ainda mais do recorde de Pelé (75 a 77 para o Rei do Futebol). Se marcar três gols no Mundial do Catar ele terá o maior posto da seleção, mas é com protagonismo dentro de campo que o atacante pode conquistar o coração dos torcedores. Desde o início da temporada europeia, Neymar se dedicou aos treinamentos, melhorou seu condicionamento físico e teve um bom começo pelo PSG. Em 20 jogos, foram 15 gols e 11 assistências. O foco parecia estar todo na Copa do Mundo, mas as polêmicas extracampo esfriaram os ânimos de alguns torcedores pelo craque.
Polêmicas pré-eleição e discussões na internet viram empecilho para nova imagem
De vez em quando, Neymar se envolve em algumas polêmicas extracampo. Desde sua época no Santos, o atacante recebe críticas por seu jeito irreverente. Foi, inclusive, chamado de “monstro” pelo técnico René Simões. Em 2019, foi acusado de estupro por uma brasileira e, dois anos depois, de agressão sexual por uma funcionária da Nike. As investigações policiais não resultaram em condenação. Pouco antes da Copa do Catar, Neymar quebrou o pacto de silêncio feito por jogadores para as eleições presidenciais no Brasil e declarou voto em Jair Bolsonaro, o que rachou os torcedores. Pouco depois, o jogador discutiu com uma influenciadora nas redes sociais por ela questionar seu apoio ao político. Ele também passou por um julgamento em tribunal na Espanha por irregularidades na transferência do Santos para o Barcelona e é acusado de sonegar impostos no país. No entanto, ele não é o único jogador da seleção com problemas extracampo e o que conta na Copa do Mundo é o desempenho esportivo. Polêmicas à parte, há um consenso entre todos os especialistas e torcedores: se Neymar jogar tudo o que sabe – e o que se espera dele – no Catar, a chance do Brasil voltar do emirado com a taça cresce muito.
Jovem pan