O epidemiologista-chefe do governo dos Estados Unidos, Anthony Fauci, disse neste domingo, 27, que faltaram transparência e maior proteção para as pessoas mais vulneráveis por parte do governo da China em sua estratégia no combate à Covid-19. “Em tudo com o que tivemos que lidar em décadas, seja a gripe aviária ou a Sars original, em 2002, mesmo quando não há nada a esconder, eles agem de forma suspeita e não transparente”, disse Fauci. O epidemiologista, que vai deixar o cargo no governo em dezembro, disse acreditar que as autoridades da China podem ter adotado esse modo de agir para não serem vistas como culpadas pela pandemia. “A culpa não é sua se algo evolui em seu país, mas vamos descobrir o que aconteceu para que possamos ser transparentes a respeito e evitar que isso se repita no futuro”, afirmou.
O epidemiologista, a face pública da resposta do governo americano à pandemia, acrescentou que a contenção na China tem sido particularmente severa, mas sem que o objetivo seja passado claramente para a população. “O objetivo final era que todas as pessoas fossem vacinadas. Assim você pode entender os confinamentos temporários (como os do início). Mas eles entraram em confinamentos prolongados sem ganho aparente, o que não faz sentido do ponto de vista da saúde pública”, disse ele. Fauci acrescentou que os idosos não foram protegidos, com as autoridades “se certificando de que foram vacinados”. O epidemiologista americano enfatizou que embora as evidências científicas sugiram fortemente que o vírus teve origem natural e não devido a um vazamento em um laboratório, a única maneira de pôr um fim a possíveis teorias de conspiração é a total transparência e cooperação de Pequim, algo que não tem sido possível.
A China enfrenta uma onda de protestos populares contra o lockdown imposto pela política de “Covid zero” implementada pelo governo. As manifestações se espalham pelas principais cidades do país e desafiam a força do regime político chinês, chegando a pedir o fim da hegemonia do Partido Comunista Chinês e também a renúncia do líder-supremo da nação, Xi Jinping. Os protestos teriam sido motivados pela morte de dez pessoas na última semana em um incêndio dentro de um apartamento. O resgate das vítimas teria sido atrasado por causa da política de lockdown imposta pelas autoridades chinesas.
*Com informações da EFE