Um crime de homicídio qualificado contra uma vítima feminina, ocorrido em setembro do ano passado, na cidade de QuerĂȘncia, na região nordeste do estado, foi esclarecido pela Delegacia da Polícia Civil do município e o autor preso na quarta-feira (18.01). A prisão é resultado de um extenso trabalho produzido em trĂȘs meses de investigações. O investigado, de 53 anos, premeditou o crime e tentou, de diversas formas, ludibriar a investigação.
A vítima, Luciene Morais de Araújo, 46 anos, foi morta após sofrer uma emboscada em uma estrada na zona rural de QuerĂȘncia. Ela estava com o marido e foram surpreendidos com uma armadilha que bloqueou a estrada. Luciene foi atingida por disparos de arma de fogo e foi a óbito a caminho do hospital.
As investigações apontaram que o crime cometido por A.F.S., de 53 anos, teve motivação passional, em razão de um relacionamento extraconjugal que ele mantinha com a vítima hĂĄ vĂĄrios anos. A equipe da Delegacia de QuerĂȘncia apurou ainda que o autor tentou ludibriar o trabalho da Polícia Civil, com uso de diversos artifícios, inclusive, incendiando a casa e o carro da vítima, utilizou vĂĄrios chips e aparelhos celulares diferentes para enviar mensagens via Whatsapp com ameaças de uma suposta dívida que o filho da vítima tinha e fez ligações aos vizinhos do casal se passando pelo marido da vítima. Durante as investigações, ele também passou a intimidar as testemunhas, tudo com o intuito de dificultar as investigações e desviar o foco de si mesmo.
O delegado de QuerĂȘncia, Danilo Rodrigues, explica que o esclarecimento do crime demandou um empenho especial da equipe, que se dedicou na coleta de evidĂȘncias que pudessem materializar a autoria do homicídio e chegar à prisão. "O investigado é uma pessoa altamente perigosa e tentou, de diversas formas, ludibriar a investigação, dificultar e tentar incriminar outras pessoas para que o foco saísse dele", pontuou o delegado.
ResidĂȘncia onde foram feitas as buscas e a prisão do investigado.
Emboscada
Na manhã do dia 28 de setembro do ano passado, por volta das 6h30, Luciene e o esposo dirigiam pela estrada onde costumavam passar todos os dias. O casal vinha da chĂĄcara onde morava em direção à cidade e se deparou com uma armadilha, feita com arames amarrados às ĂĄrvores, que bloqueou a estrada. Quando a vítima desceu do veículo junto com o marido para cortar os arames, ela foi atingida por disparo de arma de fogo e morreu a caminho do hospital.
Antes da embocada, a vítima e o marido avistaram uma motocicleta preta, parada a 50 metros do local onde foram feitos os disparos. Durante as diligĂȘncias, os investigadores conferiram que o solo apresentava marcas deixadas pela aceleração brusca do suspeito ao sair do local.
A arma usada no crime foi encontrada e submetida à perícia e confirmada que estava funcionando perfeitamente e o seu calibre é compatível com alguns indícios encontrados no local e também com os ferimentos na vítima, ela pertencia ao autor do crime, que confessou a propriedade da espingarda, além disso testemunhas também reconheceram a arma pois jĂĄ haviam visto ela com o assassino.
Solução
A investigação apurou ainda diversas mensagens ameaçadoras enviadas à vítima, via Whatsapp, indicando que quem as mandou conhecia questões pessoais da vida de Luciene. . A Polícia Civil conseguiu comprovar durante o inquérito que as mensagens partiram do celular do autor do crime.
Um ponto apurado pela equipe policial foi que o autor do crime, que se apresentava como amigo da família, sequer compareceu ao velório da vítima, o que causou estranheza, uma vez que se relacionavam de longa e ele fazia constantes visitas na residĂȘncia, participando inclusive, de churrascos.
Outra evidĂȘncia analisada durante a investigação foi uma ligação feita para o antigo proprietĂĄrio do sítio onde a vítima morava. O número foi o mesmo usado para enviar mensagens com ameaças, via Whatsapp, e a pessoa que ligou se identificou pelo apelido do marido da vítima, na tentativa de incriminar o companheiro de Luciene e, assim, afastar as suspeitas de si (autor do feminicídio).
O delegado de QuerĂȘncia representou pela quebra de sigilo telefônico do suspeito e foi possível constatar que o celular foi o mesmo utilizado tanto para as ameaças via Whatsapp quanto as ligações. Outro fato que corroborou com as suspeitas a anĂĄlise que apontou que o celular estava conectado à rede de dados móveis no local do crime, horas antes do fato.
IncĂȘndio e mensagens
No início de setembro passado, o casal procurou a Delegacia de QuerĂȘncia para relatar um incĂȘndio ocorrido na chĂĄcara onde morava e, pelas evidĂȘncias no local, tudo indicou que se tratou de uma ação criminosa. O suspeito ateou fogo no carro que estava no quintal e na casa de madeira. Vizinhos conseguiram apagar as chamas.
Os investigadores foram até o local e fizeram a constatação. À época, a vítima relatou que não tinha inimigos e não desconfiava de ninguém.
TrĂȘs dias após o incĂȘndio, a vítima recebeu uma ameaça via mensagem de um número, que depois foi confirmado ser do autor do homicídio. No mesmo dia foi feita a ligação ao vizinho da vítima com o suspeito se passando pelo marido da mesma na tentativa de incriminĂĄ-lo.
Conclusão
Passados apenas trĂȘs meses, o crime foi solucionado e o inquérito encaminhado à Justiça com o indiciamento do investigado pelos crimes de homicídio qualificado em feminicídio e mediante emboscada e incĂȘndio qualificado. O delegado Danilo Rodrigues representou pela prisão e busca e apreensão, que foram deferidas pela Justiça.
O investigado passou a ser monitorado pelos policiais após a expedição dos mandados judiciais. "Durante o planejamento da operação fizemos inclusive o monitoramento aéreo na residĂȘncia com a utilização de um drone, em virtude da alta periculosidade do autor do crime" acrescentou o delegado de QuerĂȘncia.
Logo após a prisão, foi realizado o cumprimento de busca e apreensão na residĂȘncia do criminoso, onde foram encontradas duas armas municiadas, entre elas um revólver calibre 38, que estava em cima da mesa na cozinha a pronto emprego. Em razão das armas encontradas, o investigado responderĂĄ também pelo crime de posse ilegal de arma de fogo.
O autor dos crimes foi conduzido à PenitenciĂĄria Major Zuzi Alves da Silva, em Ăgua Boa, onde aguardarĂĄ o julgamento preso.
CRIME BRUTAL