Criminosos teriam planejado crimes contra o senador, ex-ministro e ex-juiz, e outras autoridades públicas
Criminosos que possivelmente planejavam sequestrar o ex-juiz, ex-ministro e senador Sergio Moro (União Brasil-PR) teriam utilizado um telefone registrado em Sinop (MT) em meio aos crimes. Além de Moro, outras autoridades, incluindo membros do Ministério Público, seriam alvos dos criminosos.
O número registrado em Sinop tem o código de área 011, que é de São Paulo. A suposta titular da linha, porém, seria uma mulher identificada com as iniciais L.M.R.V., moradora da cidade no Norte de Mato Grosso.
Os policiais federais observaram que suposta dona do telefone tem uma moto em seu nome, dois vínculos trabalhistas e é casada com outra pessoa comum.
"Assim, a equipe policial ponderou que, possivelmente, a linha de telefone foi cadastrada sem seu conhecimento, pois L. reside em local distinto do prefixo da linha, possui emprego e não apresenta nenhum antecedente criminal", pontuou na decisão.
A informação consta em decisão da juíza Gabriela Hardt, da 9ª Vara Federal de Curitiba. Ela é substituta de Moro em ações da Operação Lava Jato.
A magistrada retirou o sigilo dos documentos logo depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmar, sem apresentar provas, que a denúncia poderia ser "armação de Moro" em relação às supostas ameaças do Primeiro Comando da Capital (PCC) contra o atual senador.
O número de Sinop aparece em uma relação de telefones informada por uma testemunha protegida da investigação, uma espécie de delator premiado.
Na oitiva, a testemunha mencionou quatro telefones que seriam contatos de pessoas próximas a Janeferson Aparecido Mariano Gomes, um dos presos preventivamente por decisão de Gabriela Hardt.
Janeferson teria os codinomes de "Nefo", "NF", "Davi", "Arthur" e "Dodge". Segundo as investigações da Polícia Federal, ele "estaria encarregado da tarefa de levantarinformações e sequestrar, não sabendo especificar quais atos criminosos seriam realizados posteriormente".
De acordo com a decisão de Hardt, Janeferson seria o chefe da "Restrita", "setor dentro do PCC responsávelpor matar ex-faccionados e também por cometer atos criminosos contraautoridades e agentes públicos".
"A testemunha protegida esclareceu, ainda, que o setor da "restrita"seria responsável por matar líderes e faccionados importantes, bem como porcometer atentados contra autoridades, sendo que caso se tratasse de um faccionado qualquer, não haveria atuação da "restrita", mas sim do "tribunal do crime". Confirmou, ainda, que o setor da "restrita", chefiado por Janeferson, é responsável por coordenar atos não somente no estado de São Paulo, mas no Brasil inteiro", diz trecho da decisão.