O Papa Francisco permitiu que as mulheres votassem no Sínodo dos Bispos deste ano, uma decisão que verá as mulheres moldarem a política da Igreja pela primeira vez na história. Os líderes católicos enfatizaram, no entanto, que os bispos ainda darão as cartas.
A decisão foi anunciada pelo Vaticano na quarta-feira. Em comunicado, a Igreja informou que 70 “não bispos” votarão na reunião de outubro, 50% dos quais serão mulheres. Este grupo incluirá “sacerdotes, diáconos, homens e mulheres consagrados, [e] leigos”, dizia o comunicado.
Cinco homens e cinco mulheres representando os Institutos de Vida Consagrada da Igreja também votarão, enquanto o restante dos 370 membros votantes serão bispos, dando a este grupo uma maioria considerável quando se trata de votar em mudanças de política.
“Esta é uma mudança importante, mas não uma revolução”, disse o cardeal Jean-Claude Hollerich em entrevista coletiva na Santa Sé nesta quarta-feira (26).
Convocados pela primeira vez depois que o Concílio Vaticano II modernizou extensivamente a Igreja na década de 1960, os sínodos são reuniões periódicas de bispos que terminam com membros recomendando mudanças doutrinárias ao papa, que sozinho pode decidir se deve implementar essas mudanças. Após o último sínodo em 2018, o Papa Francisco emitiu uma exortação condenando o abuso sexual por parte do clero e pedindo aos líderes da Igreja que consertem sua reputação com os jovens.
O sínodo de 2018 foi protestado por grupos de mulheres católicas, que fizeram piquetes na reunião e circularam uma petição exigindo que as mulheres pudessem “votar como iguais ao lado de seus irmãos em Cristo”. Um desses grupos, a Conferência de Ordenação de Mulheres, saudou a decisão mais recente do Pontífice como “uma rachadura significativa no teto de vidro manchado” e prometeu continuar defendendo as mulheres sacerdotisas.
O Papa Francisco alterou as leis da Igreja em 2021 para permitir oficialmente que as mulheres leiam a Bíblia na missa e sirvam à comunhão. Embora Francisco seja conhecido como um reformador, ele permaneceu rígido no dogma católico central, opondo-se aos direitos de casamento dos padres, recusando-se a tolerar o casamento gay ou o aborto e condenando o transgenerismo como uma “ideologia perigosa”.