Grupo atuante em MT e outros estados levava produto ilegalmente
Um empresário de Mato Grosso, que atua no agronegócio e no setor de saúde privada, sofreu um mandado de busca e apreensão na operação "Itamarã", deflagrada pela Polícia Federal no dia 26 de abril de 2023 contra o tráfico internacional de diamantes e ouro. O esquema teria movimentado R$ 30 milhões com bloqueio de R$ 18 milhões determinados pela Justiça.
FOLHAMAX teve acesso a um recurso (embargos de declaração), do Ministério Público Federal (MPF) endereçado à 2ª Vara Federal de Piracicaba (SP), que autorizou a deflagração da operação "Itamarã". O órgão ministerial pedia no recurso que a juíza federal Rosana Campos Pagano fundamentasse a adoção de medidas cautelares diversas da prisão – como a obrigação de permanecer em casa no período noturno, por exemplo -, contra os alvos.
A decisão da magistrada, que acolheu os embargos para esclarecer os motivos das medidas adotadas contra os investigados, diversas da prisão, é de fevereiro de 2023, anterior à deflagração da operação. A juíza acolheu o pedido do MPF, relatando a atuação de 25 pessoas que foram alvo da operação, entre elas, um empresário mato-grossense identificado como Guilherme Bizi Bergamim, proprietário da empresa Petroflora e sócio administrador nas empresas FR Rodrigues e Silva, Aroeira Construções e TG Saúde.
A organização é tocada pela família do ex-prefeito de Juína, Hermes Bergamim, falecido em 2018 depois de ser soterrado numa mina de diamantes. De acordo com as investigações da Polícia Federal, Guilherme Bergamim teria relações comerciais com Brigido Augusto Anunes, também investigado, e Thiago Chaddad, proprietário da TCX Corporation, apontado como o líder da organização criminosa.
Bergamim também faria negócios com um comprador de diamantes na Bélgica, identificado como Daniel Zlayet. "Foi identificado quando da análise dos arquivos em "nuvem" relacionados ao investigado Thiago. Localizadas dezenas de imagens de diamantes, armas de fogo (consta apenas o registro de uma pistola Taurus 9MM em seu nome) e diversos documentos e imagens que comprovam a ligação dele com outros investigados, em especial Brigido, Thiago e o estrangeiro Daniel Zlayet. (Financiador/Comprador residente na Bélgica). Foram localizados arquivados na "nuvem" vinculada a Bizi em que há referência a Thiago, descrição de pedras, foto de dois cheques da TCX, dentre outros", diz trecho .
Guilherme Bergamim também é sócio de uma clínica de estética no bairro Goiabeiras, região nobre de Cuiabá. O recurso do MPF, no entanto, não revelou em detalhes a suposta atuação do empresário no esquema de tráfico internacional de diamantes.
Conforme os autos, Thiago Chaddad teria pelo menos três contratos de exploração da pedra preciosa, em consignação, de mais de 7.000 quilates de diamantes, e que a grande maioria (6.000 quilates) já estaria em Dubai, nos Emirados Árabes. Diversas empresas foram utilizadas por Chaddad para o esquema, que não tinham lavra para atuar no setor.
"Importante aqui registrar que conforme consulta à Agência Nacional de Mineração — ANM, nenhum desses consignantes possui registro da quantidade de diamantes contratados, tampouco título de lavra ou autorização de exploração mineral, o que reforça a probabilidade de extração ilegal de minérios", apontam as investigações.
O destino dos diamantes ilegais seriam países como Reino Unido, Bélgica, Emirados Árabes e Estados Unidos.