O Brasil dará uma resposta à carta da União Europeia “em alguns dias”, disse, nesta segunda-feira, 3, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, se referindo ao acordo de livre comércio entre o bloco e o Mercosul, a qual os europeus propuseram novas exigências ambientais.
O Brasil dará uma resposta à carta da União Europeia “em alguns dias”, disse, nesta segunda-feira, 3, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, se referindo ao acordo de livre comércio entre o bloco e o Mercosul, a qual os europeus propuseram novas exigências ambientais. “Em alguns dias, pretendemos apresentar para exame de todos uma contraproposta de reação à carta adicional da União Europeia, com o intuito de destravar a negociação birregional”, discursou ele durante reunião de ministros do Mercosul em Puerto Iguazú, do lado argentino das Cataratas do Iguaçu. O Brasil assume oficialmente na terça-feira, 4, a presidência rotativa do grupo – país ficará seis meses no cargo – e o chanceler afirmou que o acordo com a UE é uma das prioridades. “Pretendemos trabalhar intensamente com aqueles parceiros cujas negociações se encontram em etapa avançada, como com a UE, para explorar a oportunidade de fechar acordos que estejam em sintonia com as demandas do atual contexto mundial”, disse Vieira.
O acordo entre Mercosul e UE está em discussão desde 1999, e no último mês, durante vinda ao Brasil e encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Brasília, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse esperar “com impaciência” um retorno do Brasil e que queria fechar o acordo até o final do ano. Apesar de ter sido concluído em 2019, no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro, uma clausulá tem gerado impasse entre os grupos. Chamada de ‘side letter’, o anexo texto, que imposto pelos europeus, obrigada a implantação de alguns serviços ambientais que antes eram voluntários. Essa exigência gerou um atrito entre os lados. No final de junho, em visita à França, o presidente Lula endureceu o tom e disse não ser possível que haja uma carta adicional fazendo ameaças a parceiros estratégicos.
Para além do acordo comercial, Mauro Vieira também anunciou que o Brasil dará continuidade ao processo de adesão da Bolívia ao bloco, mas não comentou o retorno da Venezuela para ao Mercosul e nem falou sobre a moeda única. Porém, no encontro ele disse que o país vai trabalhar para fortalecer a integração financeira do grupo durante os meses que estiver na presidência. “Outra pauta com grandes desdobramentos para o comércio no Mercosul é a de integração financeira, que deve ser fortalecida. Considero que o principal caminho, a curto prazo, deve ser a ampliação do uso da opção de que já dispomos: o Sistema de Pagamento em Moeda Local do Mercosul (SML), que possibilita aos exportadores e importadores dos países sócios transacionarem em suas respectivas moedas locais”, disse. O discurso do chanceler brasileiro foi feito na presença dos ministros das Relações Exteriores e da Fazenda de cada país do Mercosul. Isso porque amanhã a Argentina passará o comando temporário do bloco para o Brasil, pelos próximos seis meses.