Pesquisadores de três universidades públicas estão escavando o antigo DOI-Codi, um centro clandestino de tortura, na Zona Sul de São Paulo.
Pesquisadores de três universidades públicas estão escavando o antigo DOI-Codi, um centro clandestino de tortura, na Zona Sul de São Paulo. O trabalho começou em 2 de agosto e deve ser concluído em 14 de agosto.
Os pesquisadores estão procurando evidências de violações cometidas durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985). Eles já encontraram vestígios que podem ser de sangue em duas salas do primeiro andar e uma inscrição importante, com um calendário, no banheiro do segundo andar do prédio.
Também foram encontradas inscrições feitas por um prisioneiro embaixo de azulejos de um banheiro. Esta é a primeira vez que a arqueologia forense no Brasil encontra possíveis vestígios de sangue depositados há mais de quatro décadas por meio do uso de luminol, um produto utilizado em perícias para revelar manchas em locais de crimes violentos.
Os pesquisadores trabalham com a hipótese de que o sangue de vítimas de tortura tenha descido pelas frestas do piso, impregnando a área embaixo dos tacos. O mesmo teria acontecido em outra sala do prédio examinada pelos arqueólogos.
Além dos vestígios, foram encontrados entre 350 a 400 objetos. Dentre eles, um vidro de tinta para caneta e carimbo no espaço onde os sequestrados eram fichados.
O trabalho de escavação está sendo feito em parceria com o Ministério Público Estadual, que entrou com uma ação na Justiça para que o governo do Estado transforme a sede do antigo órgão de repressão em um memorial. As escavações fazem parte desse projeto.