A cocaína está prestes a se tornar o principal produto de exportação da Colômbia, ultrapassando o petróleo, à medida que a produção do narcótico continua a aumentar com a adoção de uma política de drogas mais branda pelo governo, de acordo com estimativas da Bloomberg Economics.
A cocaína está prestes a se tornar o principal produto de exportação da Colômbia, ultrapassando o petróleo, à medida que a produção do narcótico continua a aumentar com a adoção de uma política de drogas mais branda pelo governo, de acordo com estimativas da Bloomberg Economics.
As exportações de petróleo registraram queda de 30% no primeiro semestre e a tendência do comércio de cocaína tem aumentado de forma constante, o que significa que esta poderá se tornar o principal produto de exportação da Colômbia este ano, segundo o economista da Bloomberg Felipe Hernández.
"Estimamos que a receita das exportações de cocaína aumentará para 18,2 bilhões de dólares em 2022, não muito longe das exportações de petróleo de 19,1 bilhões de dólares no ano passado", disse Hernández, acrescentando que "o governo está destruindo laboratórios onde as folhas de coca são transformadas em cocaína, mas isso não impediu o crescimento da produção."
Em 2022, a produção de cocaína na Colômbia cresceu para um recorde de 1.738 toneladas, enquanto a área de terras plantadas com coca, matéria-prima para a fabricação da droga, aumentou 13% em relação a 2021, atingindo 230 mil hectares, segundo relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime publicado na segunda semana de setembro.
Segundo Felipe Hernández, o aumento da produção de cocaína teve um impacto de curto prazo na atividade econômica, na demanda interna e nas contas externas, embora não pareça ter correlação com o desempenho do peso colombiano.
O presidente Gustavo Petro, o primeiro governante de esquerda da Colômbia, mudou a perspectiva do país sobre o tráfico de drogas ao tentar se concentrar nos traficantes que mais se beneficiam da venda de narcóticos no exterior, em vez dos produtores de folhas de coca, que são o elo mais fraco na cadeia produtiva. Petro busca dialogar com os principais grupos de narcotráfico do país, na esperança de pôr fim a seis décadas de conflito civil por meio de acordos de paz.
A nova abordagem política às drogas está facilitando aos grupos ilegais o aumento da produção de cocaína, disse Hernández.
A Bloomberg Economics calcula o volume de exportação como a diferença entre a produção e as apreensões, portanto o valor poderia ser menor, uma vez que não considera o consumo interno ou as apreensões nos países de trânsito e de destino, ao mesmo tempo que estima o preço de exportação ajustando a metodologia dos preços médios no atacado em 2015-2018 e o preço de exportação de custo, seguro e frete (CIF) calculado por Andrés Arias (2019).
O que disse o governo?
Segundo o recente relatório da ONU em que foi revelado que as plantações de folha de coca aumentaram 13% em 2022, o governo de Gustavo Petro garantiu que os números coincidem, mostrando a concentração na plantação do insumo para o narcótico.
O anúncio foi feito pelo coordenador do Sistema Integral de Monitoramento de Cultivos Ilícitos (Simci), Leonardo Correa, que explicou que o crescimento dos cultivos de coca tem se concentrado em áreas do sul do território colombiano: "Se olharmos para a Colômbia sem Putumayo, teríamos um aumento de 3%, ou seja, uma tendência à estabilidade."
Por sua vez, o ministro da Justiça, Néstor Osuna, defendeu a política antidrogas proposta pelo governo nacional argumentando que o aumento de 13% em 2022 foi inferior ao relatório de 2021 em que o crescimento atingiu 41%, portanto "a curva está se achatando: passar de 41% para 13% é significativo."
(Com informações da Bloomberg Economics)