Prisão foi feita após flagrante de vizinha; interrogado, o suspeito confessou o crime e a mãe, negou
Um pastor foi denunciado por vizinhos e preso em flagrante, na última sexta-feira (06), suspeito de estuprar uma menina de 10 anos no bairro Jardim das Oliveiras, em Cáceres (a 220 km de Cuiabá). Conforme as investigações da Polícia Civil, que estão sob sigilo, Idamir Fidelis Pereira, de 55 anos, manteve relações sexuais com a vítima por diversas vezes, com o aval da mãe, G.D.J., de 35 anos, que também foi presa. (VEJA VÍDEO NO FINAL DA MATÉRIA)
Interrogado, o pastor confessou a prática de atos libidinosos com a menor e alegou, em sua defesa, que tudo ocorria com o "consentimento e autorização da mãe". Já a mãe relatou à Polícia Civil que sabia que a filha frequentava a casa do pastor sozinha e que nem sempre autorizava, mas a menina "escapava e ia sozinha". A mulher alegou, ainda, que conhecia o pastor há muito tempo e "não imaginava que ele teria coragem de fazer isso com sua filha", salientando que nunca o denunciou porque tinha medo de uma suposta relação do suspeito com a facção Comando Vermelho. Ela chegou a confessar que pedia dinheiro a Idamir, mas que o seu marido, padrasto da criança, não tinha ciência disso.
O flagrante ocorreu após uma vizinha do pastor, que já desconfiava da movimentação de crianças na casa dele – inclusive da vítima –, notar que a bicicleta da menina estava caída no quintal da casa do suspeito. Ela acionou o Conselho Tutelar e a Polícia Militar e se aproximou da casa, já filmando a situação.
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A mulher relatou à Polícia que chamou pelo pastor e que ele a atendeu ainda fechando as calças e disse que a menina tinha ido até sua casa para "buscar um dinheiro da mãe dela". Em seguida, a criança apareceu visivelmente assustada e teria dito que estava com medo, pois teria sido ameaçada pelo pastor.
Diante da situação, o suspeito ainda teria tentado fugir, mas foi contido por um segundo vizinho até a chegada da PM. A testemunha também depôs, afirmando que boatos sobre abuso de crianças por parte do suspeito já circulavam há algum tempo e que a vizinhança o monitorava há pelo menos um ano. A PM, aliás, já teria sido acionada em outra ocasião, mas não houve provas.
Conforme relato dos PMs que atenderam a ocorrência, a vítima disse que foi atraída pelo suspeito via conversas de WhatsApp e relatou que, ao entrar na casa, foi abusada por ele, que pedia a ela para ficar nua. A menina não conseguiu dar mais detalhes da situação por estar muito nervosa e foi aguardada a chegada do Conselho Tutelar.
No entanto, em entrevista com uma conselheira, a criança relatou que a situação vem ocorrendo desde o ano passado e que o suspeito consumou conjunção carnal em outras ocasiões. Disse ainda que ia à casa dele porque seria ameaçada de morte e que o suspeito já teria também ameaçado a sua avó e um tio.
Ao Conselho Tutelar, a vítima ainda salientou que o pastor pedia para fotografá-la e para que ela enviasse fotos a ele – até mesmo sem calcinha –, sendo que ele lhe pagaria R$ 2 a cada ato.
Perícia e prisão
Perícia feita nos celulares dos suspeitos e da vítima, que foram apreendidos, mostra que Idamir mantinha contato diário com a mãe da criança para que ela enviasse a vítima até sua casa. Segundo as investigações, a mulher autorizava a ida da menina à casa do suspeito todos os dias e pedia R$ 10 ao pastor a cada visita.
Em mensagens de texto e áudio trocadas pelos suspeitos via WhatsApp, Idamir se refere à menina como "minha princesa" e diz que está com saudade. Em uma das conversas, à qual o teve acesso, ele cobra a visita da criança, diz que "gosta muito dela" e afirma à mãe da vítima que, assim que a menina chegasse, mandaria o dinheiro dela. Em resposta, a mulher exige o envio do comprovante da transação financeira – ouça abaixo.
O pastor foi encaminhado à Cadeia Pública de Cáceres e a mãe, à Cadeia Pública Feminina. O delegado Marlon Richer Nogueira requereu à Justiça a conversão das prisões em flagrante em preventivas. No pedido, classifica o crime como uma "barbárie" e destaca que a mãe se omitiu em proteger a filha e "ainda contribuiu ativamente enviando a vítima para ser abusada com objetivo de obter lucro, praticamente prostituindo a própria filha de 10 anos".
A Justiça acatou o pedido feito, ou seja, os suspeitos deverão permanecer presos até o julgamento.