O alerta quanto ao risco de deslizamento de rochas na região do Portão do Inferno, na MT-251, chama a atenção para as particularidades geológicas do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, como aponta o doutor em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP) e professor associado da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Prudêncio Castro.
O alerta quanto ao risco de deslizamento de rochas na região do Portão do Inferno, na MT-251, chama a atenção para as particularidades geológicas do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, como aponta o doutor em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP) e professor associado da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Prudêncio Castro.
Em entrevista ao PNB Online, Prudêncio Castro, que tem experiência na área de Geociências e atua principalmente no uso do solo, planejamento ambiental, águas de superfície, geomorfologia e recursos hídricos, explica o estudo produzido pela Companhia Mato-grossense de Mineração (Metamat), o levantamento mais completo no que se refere ao parque. "Ao longo de toda a escarpa ocorrem processos de movimento de massa, principalmente queda de blocos rochosos e escorregamentos, além de profundas erosões".
Segundo o professor, a exploração de minério no entorno do parque representa um risco. "As atividades de mineração são licenciadas mediante estudos de impacto ambiental e plano de recuperação de áreas degradadas. No entorno de Unidades de Conservação, as restrições devem ser bem severas. Se a área minerada estiver a montante do parque, os problemas mais comuns são o assoreamento, poluição e a contaminação dos recursos hídricos".
De acordo com o professor, as alternativas preventivas com relação a riscos geológicos tais como queda de blocos rochosos e escorregamentos no Parque Nacional de Chapada apontadas no levantamento da Metamat seriam efetivas para garantir a preservação ambiental do local.
A analise de risco geologico em atrativos naturais abertos a visitac?a?o turistica no municipio de Chapada dos Guimara?es, com estudo de caso do Portão do Inferno, foi realizada no ano passado, pela Metamat. No início deste mês, a Secretaria de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT) pediu autorização para reestruturar os pontos considerados mais críticos.
O Parque Nacional de Chapada dos Guimarães é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O estudo precisa ser analisado pelo instituto já que nenhuma alteração pode ser feita no local sem autorização.
Prevenção contra desastres
A falta de uma política pública de monitoramento e prevenção a desastres em Mato Grosso foi apontada pelo professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e geólogo Caiubi Kuhn como um dos principais fatores de alerta no que se refere à queda de blocos de rocha em localidades como o Portão do Inferno, em Chapada dos Guimarães, ou enchentes em várias regiões do Estado.
Em entrevista ao Jornal da Cultura 90.7, no dia 08 de novembro, o geólogo, que é também coordenador científico do geoparque de Chapada dos Guimarães, explicou que não existe em Mato Grosso uma política pública de prevenção a desastres. Ele apontou ainda a falta de um quadro técnico na Defesa Civil, que deveria atuar de forma contínua no monitoramento e prevenção.
"Não só Portão do Inferno, mas em outros locais com riscos de desastres não são realizadas [ações preventivas] às vezes por falta de pessoal técnico dentro da Defesa Civil", explicou Caiubi.