Pesquisas sociais são utilizadas para conhecimento de um determinado fenômeno que atinge uma população, algo para se conhecer o que uma sociedade pensa a respeito de um determinado tema ou pessoa, sendo aplicável tanto para saber a aceitação de um produto ou até intenções de votos em períodos eleitorais. Entretanto, toda pesquisa séria deve respeitar etapas bem definidas para que os resultados realmente reflitam o público analisado, garantindo assim a segurança nas informações, autenticidade e integridade dos resultados que serão divulgados. Com o objetivo de despertar o senso crítico, informacional e educativo, confira as dez etapas básicas que uma pesquisa social deve percorrer.
Toda pesquisa começa com o mesmo ponto em comum, um questionamento, uma pergunta que impulsiona o agente a buscar as respostas. O problema da pesquisa não pode ser impossível, inalcançável e inviável, e seu ponto inicial se inicia com o que se sabe sobre o assunto. Depois devem ser levantados questionamentos — e na sequência são analisados e criticados estes questionamentos, que devem ser ordenados. Após tudo isso, é formulado o texto da formulação do problema. Exemplos de perguntas-problemas: “Como a população está utilizando o produto X?”, “o que a cidade pensa sobre o candidato Y?”.
Após a construção do problema deverão ser construídas hipóteses do projeto, que, provavelmente, vão responder o problema. Elas devem ser claras e práticas, escritas declarativamente, especificas e direcionadas ao método utilizado na pesquisa. Exemplos de hipóteses: “O produto pode estar sendo utilizado de modo incorreto”, “o candidato Y está sendo benquisto pela cidade”.
No terceiro tópico, serão definidos o plano onde estão o título e o problema, além do resultado esperado. No documento, também deverá constar a fundamentação teórica do trabalho. É o plano de ação da pesquisa, no qual é definido também a agenda da pesquisa, quando ela começa e termina e como o objetivo será alcançado. Caso essa etapa não seja bem planejada, a pesquisa pode não refletir necessariamente a população. Por exemplo: se uma população é composta por diferentes gerações; algumas utilizam a internet, outras não; uma parte anda a pé, outra de carro; uma parte sabe ler, outra não. Logo, é necessário que o plano da pesquisa conte com métodos para abordar todos dessa sociedade. Caso contrário, o resultado poderá ser contaminado.
A operacionalização das variáveis é definir os procedimentos necessários para verificar uma variável. Triviños (1987) fala que “as hipóteses estão constituídas de uma ou mais variáveis, para que se tenha uma clara ideia dos rumos e conteúdo de uma pesquisa”. Exemplos de variáveis: “O horário que as pessoas mais andam a pé varia de acordo com as condições climáticas”.
São os mecanismos usados para extrair informações pertinentes ou não para a realização da pesquisa. É um mecanismo muito usado na gestão de projetos, cujo objetivo é trazer insumos necessários para responder os questionamentos da empresa. Os métodos mais comuns são: observações, entrevistas, questionários, análise documental etc. Um questionário online, por exemplo, será aplicado para pessoas da geração Z, por estarem mais presentes na internet, do mesmo modo que uma entrevista de rua será feita com pessoas da geração X.
É um teste inicial, com um grupo aleatório, com o objetivo analisar as perguntas que serão realizadas na pesquisa, a fim de testar o seu resultado, de também corrigir erros no questionário ou qualquer outro motivo que possa influenciar na redação final da pesquisa.
Se trata da forma que o pesquisador escolhe um determinado número de pessoas que irão responder às perguntas da pesquisa. Pode ser um grupo aleatório ou pré-selecionado. É representado por uma porcentagem dentro de um intervalo de confiança. Para Thiago Rosa, bacharel em direito e diretor da Associação Nacional dos Profissionais de Privacidade de Dados (ANPPD), essa é uma das etapas mais críticas da pesquisa. Caso a amostragem não seja representativa na população, os resultados serão imprecisos. Exemplo: abordar igualmente proporcionalmente o número de homens, mulheres, crianças ou idosos para responder o questionário.
É o ponto principal do projeto. É onde se levanta as informações que mostram o problema proposto. A coleta traz insumos usados para responder à pergunta-problema. Mostra a necessidade a ser resolvida, traz o resultado do projeto. Quando aplicáveis, os dispostos na Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) também podem colaborar no processo de pesquisa social, preservando a privacidade dos respondentes. Vale destacar que, nessa etapa, o pesquisador não pode influenciar o respondente, e as perguntas devem ser formuladas de modo imparcial, sem um contexto indutivo (ou seja, que induza os entrevistados a caminharem para alguma das alternativas que serão propostas). Um exemplo de pergunta indutiva, que não deve ser feita durante uma coleta de dados: “É sabido que o produto X da empresa concorrente deixou as pessoas doentes, logo o que você acha do nosso produto Y, que faz as mesmas coisas do produto X?”.
É onde você pega os dados numéricos e qualitativos, sem uma ordem específica, e conclui o projeto de pesquisa. Tira dos dados obtidos o resultado esperado no projeto. A junção dos questionamentos da pesquisa com os dados obtidos respondem ou não ao pesquisador. Neste momento, ele ou instituto de pesquisa deve abster-se de suas preferências para analisar e computar friamente os resultados obtidos. Deve-se também evitar emitir opiniões subjetivas, sem provas ou evidências a respeito do que está sendo analisado.
No relatório, registra-se todo trabalho realizado. É de onde se extrai os elementos para a tomada de decisão. Nela contém um resumo da pesquisa, o resultado esperado, ficha técnica, a análise e interpretação dos dados, comparação e conclusão. Nesse relatório deve ser demonstrado a transparência com que foi conduzido todo o processo de pesquisa. Deve ser redigido em uma linguagem que diferentes pessoas possam entendê-lo.
Como bem observado, as dez etapas para elaboração das pesquisas sociais, identificados pelo cientista Dr. António Carlos Gil (2008), colaboram que o trabalho de investigação se aproxime ao máximo (porém nunca exatamente) do fenômeno que se deseja conhecer. Vale salientar que pessoas não são exatas. Ou seja, pesquisas sociais tratam com humanos, então o resultado possui grande chances de oscilações, por diversos motivos impossíveis de serem previstos.
Os profissionais de segurança da informação podem aplicar o conceito da “confidencialidade” para checar se a pesquisa verificou a possibilidade de anonimização dos respondentes. A “integridade”, para verificar se as respostas fornecidas não foram alteradas, além dos resultados devidamente contabilizados. A “disponibilidade”: garantir o acesso aos dados fornecidos e metodologia aplicada. A “autenticidade”, para checar se a informação é verídica, tanto na origem como no destino, além das fontes emissoras (entrevistados e/ou respondentes), fontes receptoras das informações (institutos de pesquisas, empresas de coleta de dados), promovendo assim o Princípio da Transparência. Por fim, o conceito da “legalidade” também deve ser observado, de modo que a pesquisa social respeite todas as leis, códigos de éticas e normas vigentes emitidas pelos órgãos regulamentadores. Vale salientar que o que evolui o mundo não são as respostas, mas, sim, as perguntas, uma vez passíveis de investigação por boas e sérias pesquisas sociais. DICA: Toda população também pode questionar se a pesquisa esta devidamente registrada e reconhecida por órgãos como Conselho Federal de Estatísticas, Associação Brasileira de Pesquisa, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Conselhos de Ética, entre outros.