Novas imagens de satélite revelam o deslocamento dos sedimentos provenientes dos temporais que assolaram o Rio Grande do Sul até as águas oceânicas. Os sedimentos transportados pelos rios do estado atravessaram a extensa Lagoa dos Patos e atingiram a costa, conforme evidenciado nas análises.
O registro comparativo, datado de 25 de abril, prévio aos eventos climáticos que resultaram em 169 fatalidades no estado, e de domingo (26), destaca a progressão da mancha marrom em direção à costa através dos Molhes da Barra, em Rio Grande. As imagens foram capturadas pelo Sentinel-3 e analisadas por cientistas do Laboratório de Oceanografia Dinâmica e por Satélites (LODS) da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).
Os sedimentos observados nas imagens consistem em partículas de terra, argila e areia suspensas na água, transportadas pela correnteza dos rios, podendo conter também esgoto e resíduos.
A denominada “pluma”, que alcançou o final da Lagoa dos Patos, percorreu centenas de quilômetros através de diversos rios do RS. Imagens de satélite entre os dias 17 e 20 de maio também documentaram o deslocamento da mancha do Guaíba, em Porto Alegre, até a Lagoa dos Patos.
De acordo com o coordenador do LODS, Fabricio Sanguinetti, a chegada da mancha ao município de Rio Grande já havia sido registrada em 23 de maio, porém, a cobertura de nuvens resultante das chuvas na região dificultou a observação via satélite.
“A pluma de sedimentos pode ser observada ao longo de toda a extensão da Lagoa dos Patos e já alcançando o oceano”, comenta Sanguinetti.
Os rios Pardo, Taquari e Caí, por exemplo, desembocam no Rio Jacuí. Já na Região Metropolitana de Porto Alegre, os rios Gravataí e Sinos deságuam no Delta do Jacuí, que forma o Lago Guaíba. Este, por sua vez, desemboca na Lagoa dos Patos.
Apesar da denominação, a Lagoa dos Patos é uma laguna, devido à sua conexão com o mar. Com 265 km de extensão e 60 km de largura em seu ponto máximo, a lagoa apresenta um nível de 2,49 metros em São Lourenço do Sul, com uma cota de inundação estabelecida em 1,30 metro.
GAZETA BRASIL