O corpo e a mente mantêm uma conexão intrínseca, visível em diversos sinais físicos e emocionais.
O corpo e a mente mantêm uma conexão intrínseca, visível em diversos sinais físicos e emocionais. A relação entre a pele e a saúde mental é profunda, já que uma afeta diretamente a outra. Em situações de estresse e ansiedade, essa conexão se torna especialmente evidente, conforme afirmaram especialistas consultados pelo Infobae.
Recentemente, um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, encontrou uma associação significativa entre a psoríase e o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). A psoríase é uma doença crônica da pele que provoca erupções com manchas vermelhas e escamosas, enquanto o TOC é um transtorno mental caracterizado por pensamentos e comportamentos repetitivos e indesejáveis, segundo a Mayo Clinic e o MedlinePlus, respectivamente.
O estudo se baseou em dados do Programa de Pesquisa All of Us dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, utilizando pesquisas e registros médicos de mais de 250.000 participantes. Os pesquisadores descobriram que as pessoas com psoríase têm 1,5 vezes mais chances de serem diagnosticadas com TOC. “Estamos interessados na sobreposição entre as doenças psiquiátricas e as doenças inflamatórias da pele”, disse Jeffrey Cohen, um dos autores. “Pode haver oportunidades para que os dermatologistas identifiquem o potencial de transtornos de saúde mental em nossos pacientes”, acrescentou.
O estudo sugere que os sintomas da psoríase, como a coceira crônica e os problemas para dormir, poderiam aumentar o risco de desenvolver TOC. Além disso, certas tendências relacionadas ao TOC, como tomar banho em excesso, podem exacerbar a psoríase. A inflamação também poderia desempenhar um papel nessa conexão, já que ambas as condições estão associadas a níveis elevados de citocinas inflamatórias.
O dermatologista Andrés Politi, membro da Sociedade Argentina de Dermatologia, destacou que a relação entre a saúde mental e a saúde da pele se deve ao fato de muitas doenças comuns da pele terem uma conexão com antecedentes emocionais e mentais. “Doenças como psoríase, vitiligo, dermatite atópica e queda de cabelo têm uma grande relação com o estado mental”, explicou Politi.
A doutora Marta Patricia La Forgia, especialista em dermatologia, alergias e imunologia, ressaltou que as afecções dermatológicas visíveis, como a acne severa e a rosácea, podem ter um impacto psicológico e social significativo. “A visibilidade das afecções dermatológicas acrescenta um impacto psicológico e social que pode ser grave e debilitante”, afirmou.
O médico clínico Ramiro Heredia, do Hospital de Clínicas José de San Martín, mencionou que muitos transtornos e doenças de saúde mental podem piorar as manifestações cutâneas. "Existem doenças de pele que podem ter um profundo impacto na saúde mental", disse Heredia.
Jorge Claudio Ulnik, professor associado de Fisiopatologia e Doenças Psicossomáticas da Faculdade de Psicologia da UBA, explicou que a pele e o cérebro têm a mesma origem embriológica, o que explica sua conexão. “Os hormônios produzidos pelas glândulas endócrinas atuam sobre a pele, estabelecendo uma conexão entre o cérebro e a pele”, destacou Ulnik.
Em conclusão, a integração da saúde mental na prática dermatológica poderia melhorar significativamente o tratamento de pacientes com doenças de pele relacionadas ao estresse, destacaram os especialistas consultados.