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Pesquisa revela que medicamento comum para hipotireoidismo pode acelerar perda óssea em idosos

Milhares de britânicos que tomam medicamentos para tratar uma condição hormonal comum podem estar em risco de perda óssea, sugeriu uma pesquisa recente.


Milhares de britânicos que tomam medicamentos para tratar uma condição hormonal comum podem estar em risco de perda óssea, sugeriu uma pesquisa recente.

Cerca de uma em cada cinco pessoas no Reino Unido sofre de hipotireoidismo, uma condição causada por problemas na glândula tireoide, que fica na região do pescoço e regula funções vitais, como digestão, frequência cardíaca e humor. Para tratar o problema, muitos pacientes recorrem ao levotiroxina, um medicamento que custa apenas alguns pences por dia, mas que pode aumentar o risco de osteoporose, uma doença caracterizada pelo enfraquecimento dos ossos.

Pesquisas anteriores já indicavam que o excesso de hormônio da tireoide acelera a perda óssea, elevando o risco da doença. No entanto, um estudo recente realizado por cientistas dos Estados Unidos revelou que, mesmo entre os pacientes com níveis “normais” do hormônio estimulante da tireoide, o risco de perda óssea permanece elevado.

O professor Shadpour Demehri, especialista em radiologia da Universidade Johns Hopkins, em Maryland, e coautor do estudo, explicou: “Nosso estudo sugere que, mesmo seguindo as diretrizes atuais, o uso de levotiroxina parece estar associado a uma maior perda óssea em adultos mais velhos.”

A Dra. Elena Ghotbi, principal autora do estudo e pesquisadora pós-doutoral na mesma instituição, acrescentou: “Os dados indicam que uma proporção significativa de prescrições de hormônio da tireoide pode ser dada a adultos mais velhos sem hipotireoidismo. Isso levanta preocupações sobre o excesso subsequente de hormônio da tireoide, mesmo quando o tratamento visa alcançar os níveis de referência.”

O levotiroxina, comercializado sob o nome Eltroxin, é um dos medicamentos mais prescritos no Reino Unido. Cerca de 1,36 milhão de pessoas na Inglaterra fazem uso do medicamento, e o número de prescrições aumentou 9% entre 2016 e 2022, de acordo com dados publicados na revista The Lancet no ano passado.

No estudo, os pesquisadores analisaram 81 pacientes que faziam uso de levotiroxina e 364 pacientes não usuários, com uma média de idade de 73 anos e níveis do hormônio estimulante da tireoide de 2,35. Níveis normais variam de 0,4 a 4,0 miliunidades por litro (mU/L).

Após um acompanhamento de seis anos, os pesquisadores descobriram que os pacientes que tomavam levotiroxina sofreram uma “maior perda de massa óssea total e densidade óssea”. Pacientes com níveis “normais” do hormônio também apresentaram perda de massa óssea e densidade, revelaram os pesquisadores.

A Dra. Jennifer Mammen, coautora do estudo e professora associada de endocrinologia na Johns Hopkins, aconselhou que os adultos que fazem uso de levotiroxina discutam seu tratamento com um médico e monitorem regularmente seus exames de função tireoidiana. “Uma avaliação de risco-benefício deve ser realizada, ponderando a importância do tratamento em relação aos possíveis efeitos adversos do levotiroxina nessa população”, afirmou.

O estudo completo será apresentado na reunião anual da Sociedade Radiológica da América do Norte, que ocorrerá na próxima semana em Chicago.

Segundo a British Thyroid Foundation, o hipotireoidismo não é considerado um fator de risco para osteoporose. No entanto, a instituição recomenda que os adultos que utilizam levotiroxina realizem exames de sangue regulares, pelo menos uma vez por ano, para garantir que os níveis de hormônio da tireoide “não estejam excessivamente altos”. “Níveis elevados contínuos de hormônio da tireoide podem levar ao desenvolvimento ou agravamento da baixa densidade óssea e osteoporose”, alertam.

Estima-se que pelo menos uma em cada 20 pessoas no Reino Unido tenha um distúrbio da tireoide. A tireoide produz dois hormônios principais — triiodotironina (T3) e tiroxina (T4) — que ajudam a regular funções do corpo, como a frequência cardíaca, a temperatura e o humor.

O hipotireoidismo ocorre quando a glândula produz hormônios em quantidade insuficiente, levando a sintomas como ganho de peso, cansaço, sensação de frio, constipação e pele e cabelos secos.

Mulheres têm dez vezes mais chances de ser afetadas pela condição do que os homens, embora não se saiba exatamente o motivo. O gatilho mais comum para problemas na tireoide é uma condição autoimune, em que o corpo ataca erroneamente os tecidos da glândula.

No Reino Unido, há 3,5 milhões de pessoas vivendo com osteoporose, embora a doença seja frequentemente chamada de “doença silenciosa”, já que não apresenta sintomas até que uma fratura aconteça. Metade das mulheres e um em cada cinco homens acima de 50 anos sofrerão uma fratura, frequentemente na coluna ou nos quadris, devido à osteoporose. Isso ocorre porque os ossos ficam tão frágeis que uma simples tosse ou espirro pode provocar a quebra de um osso.

GAZETA BRASIL

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