Pelo menos 242 pessoas, incluindo 24 civis, morreram em três dias de confrontos entre o Exército sírio – apoiado pela aviação da Rússia – e facções islamistas opositoras ao governo de Damasco, apoiadas pela Turquia, na província de Alepo, no norte da Síria, informou nesta sexta-feira (29) uma ONG.
Pelo menos 242 pessoas, incluindo 24 civis, morreram em três dias de confrontos entre o Exército sírio – apoiado pela aviação da Rússia – e facções islamistas opositoras ao governo de Damasco, apoiadas pela Turquia, na província de Alepo, no norte da Síria, informou nesta sexta-feira (29) uma ONG.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) relatou que, durante esses três dias, pelo menos 135 combatentes da aliança islamista Organização de Libertação do Levante – antigo Frente al Nusra – e de outras facções opositoras aliadas morreram nas zonas rurais de Alepo e da vizinha Idlib, considerada o último bastião opositor na Síria.
O OSDH também informou que cerca de 50 pequenas aldeias foram ocupadas devido ao avanço das milícias. "Agora estão sob o controle de Hayat Tahrir al-Sham (HTS) e facções aliadas", disse Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH, com sede no Reino Unido, que monitora a guerra.
Além disso, 83 soldados do Exército sírio e de “milícias leais” ao governo do presidente Bashar al Assad morreram nos confrontos que começaram na quarta-feira (27) após uma grande ofensiva das facções islamistas. Essas facções tomaram o controle de dezenas de localidades em seu avanço em direção à cidade de Alepo.
A aviação russa também bombardeou posições dos islamistas, matando ao menos 20 civis com disparos de artilharia e bombardeios. A Rússia tem intervindo na Síria desde 2015 em apoio ao governo de Assad.
A ONG e a agência de notícias oficial síria SANA informaram que pelo menos quatro estudantes morreram nesta sexta-feira (29) em um ataque com foguetes contra a cidade universitária de Alepo. O Exército sírio enviou reforços para a região devido ao avanço das facções armadas.
Segundo o Observatório, o ataque contra as residências estudantis também causou danos materiais e “gerou um estado de pânico” entre os jovens.
Este é o primeiro grande ataque das facções islamistas no norte da Síria em quase cinco anos. A aliança islamista controla grande parte da província vizinha de Idlib, onde, desde 2020, está em vigor um cessar-fogo entre a Turquia, que apoia a oposição síria, e a Rússia, aliada de Assad.
A ofensiva acontece em um momento em que a Turquia busca restabelecer laços diplomáticos com Damasco. No entanto, Assad afirmou que Ankara deve retirar suas tropas de várias áreas no norte da Síria e deixar de apoiar grupos opositores para que as relações possam ser normalizadas, relações essas que foram rompidas no início da guerra civil síria, há 13 anos.
O Exército sírio confirmou em um comunicado que suas forças estão enfrentando "um grande ataque terrorista, em um amplo frente" nas regiões periféricas de Idlib e Alepo. A ONG Observatório Sírio de Direitos Humanos informou que mais de 130 pessoas morreram nos confrontos.
A Comando Geral do Exército sírio confirmou os confrontos com facções islamistas radicais integradas no Frente al Nusra, e afirmou que causaram grandes perdas de equipamentos e vidas ao inimigo.
A nota oficial, reproduzida pela agência de notícias síria SANA, informou que as facções terroristas lançaram um grande ataque na manhã de quarta-feira, 27, utilizando um grande número de combatentes e armamentos pesados. A aliança islamista “ataca vilarejos e cidades seguras e nossos pontos militares nas regiões”, informou o comunicado.
O comunicado também destacou que as forças sírias responderam ao ataque terrorista, que ainda continua, e que as organizações terroristas atacantes sofreram grandes perdas em equipamentos e vidas. As forças sírias estão enfrentando os grupos terroristas com diversos meios de fogo, em cooperação com forças aliadas, uma referência à Rússia, que participa com sua aviação no conflito em apoio ao governo de Damasco.
A nota não detalhou números de vítimas, mas o Observatório Sírio de Direitos Humanos já havia relatado na quinta-feira que mais de 130 pessoas perderam a vida nos confrontos, incluindo 49 militares sírios, entre eles quatro oficiais.
Segundo a ONG, entre os mortos estão cerca de 65 combatentes da Organização de Libertação do Levante, que controla grande parte de Idlib, e 18 do grupo opositor chamado Exército Nacional.
Esses confrontos são considerados os mais sangrentos da Síria em anos, superando até o ataque com drones que matou mais de 80 pessoas em uma academia militar na província de Homs em outubro de 2023.
O Observatório também informou que os grupos atacantes conseguiram tomar o controle de pelo menos quatro novas aldeias após combates intensos. “Aviões militares russos intensificaram os ataques desde as primeiras horas da manhã” contra as posições islamistas, disse a ONG.
A aliança islamista controla a maior parte da província vizinha de Idlib, considerada o último reduto da oposição no país, onde desde 2020 está em vigor um cessar-fogo acordado entre Turquia e Rússia. Esse cessar-fogo, porém, tem sido violado repetidamente.
(Com informações da EFE)