As consequências da tentativa fracassada do presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, de implementar a lei marcial no país continuam a se desenrolar. Após o Parlamento revogar a medida e intensas manifestações, Yoon voltou atrás e anulou sua decisão.
No entanto, o recuo não acalmou os ânimos. O principal partido de oposição exigiu a renúncia do presidente, acusando-o de insurreição.
"Mesmo com o fim da lei marcial, é impossível evitar as acusações de insurreição", afirmou Park Chan-dae, líder do Partido Democrático, em comunicado. "Ele deve renunciar", acrescentou.
Sindicatos anunciam greve geral
A principal confederação sindical do país, a Confederación Coreana de Sindicatos (KCTU), que reúne 1,2 milhão de afiliados, declarou uma "greve geral por tempo indeterminado" até que o presidente renuncie.
A KCTU acusou Yoon de ter tomado uma medida "irracional e antidemocrática" e afirmou que ele "declarou o fim de seu próprio poder".
Enquanto isso, Han Dong Hoon, líder do partido governista Poder do Povo, classificou a tentativa de impor a lei marcial como "trágica" e pediu que todos os envolvidos sejam responsabilizados. "O presidente Yoon Suk Yeol deve explicar essa situação trágica de forma direta e detalhada", disse Han.
Revogação da lei marcial
Yoon anunciou, em uma aparição na TV durante a madrugada de quarta-feira (horário local), a revogação da lei marcial, horas após o Parlamento votar pela anulação da medida, obrigando sua revogação segundo a Constituição do país.
Em uma reunião extraordinária, o governo aprovou a retirada das tropas, que retornaram aos quartéis. A lei marcial havia sido decretada por Yoon para proteger o “ordem constitucional”, sob a justificativa de que o Partido Democrático, principal força de oposição, seria uma “facção pró-Coreia do Norte”.
A decisão causou comoção nacional, levando milhares de manifestantes às ruas na madrugada de quarta-feira, em frente à Assembleia Nacional, para protestar contra a lei marcial e pedir a renúncia de Yoon.
Contexto político
A crise ocorre em um momento de fragilidade para o governo Yoon, que enfrenta baixa popularidade e perdeu a maioria parlamentar nas eleições legislativas de abril. Desde então, sua administração tem encontrado dificuldades para aprovar projetos de lei.
O presidente também criticou o Partido Democrático por ter aprovado, sem apoio do partido governista, o orçamento de 2025 com cortes significativos, além de moções para destituir o procurador-geral e o responsável pelo monitoramento das contas públicas.
Desde que assumiu o cargo, em maio de 2022, Yoon já enfrentou 22 processos de destituição contra membros de sua equipe, sendo este o décimo pedido de impeachment impulsionado pela oposição.
A tentativa de lei marcial e sua revogação colocam Yoon em uma posição ainda mais delicada, aumentando a pressão popular e política sobre seu governo.
(Com informações da AFP e EFE)
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