O Ministério das Relações Exteriores anunciou que solicitará esclarecimentos ao governo dos Estados Unidos sobre o tratamento considerado "degradante" dispensado a brasileiros deportados.
O Ministério das Relações Exteriores anunciou que solicitará esclarecimentos ao governo dos Estados Unidos sobre o tratamento considerado "degradante" dispensado a brasileiros deportados. Um grupo de 88 passageiros chegou ao Brasil na última sexta-feira (24), em Manaus, após problemas técnicos no voo que os traria diretamente para Confins, em Minas Gerais. Todos estavam algemados, supostamente por determinação do governo norte-americano.
Apesar das críticas à condução do caso, o Itamaraty ressaltou que a ação não está relacionada às novas políticas apresentadas pelo ex-presidente Donald Trump. Outro voo com brasileiros deportados ocorreu em 10 de janeiro, ainda sob a administração do ex-presidente Joe Biden. Desde 2017, Brasil e EUA mantêm um acordo que regula as deportações.
Em publicação nas redes sociais, o Ministério das Relações Exteriores destacou uma reunião entre o chanceler Mauro Vieira, o superintendente interino da Polícia Federal no Amazonas, Sávio Pinzón, e o major-brigadeiro Ramiro Pinheiro, da Força Aérea Brasileira (FAB), para coletar informações e fundamentar o pedido de explicações ao governo norte-americano.
Os brasileiros deportados receberam alimentação, água e atendimento médico ainda em Manaus, sendo posteriormente transportados por um avião da FAB até o aeroporto de Confins, onde deveriam ter desembarcado inicialmente. A decisão pelo uso da aeronave foi tomada após orientação do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o objetivo de assegurar que os deportados pudessem concluir a viagem com dignidade e segurança.
Lewandowski também determinou que a Polícia Federal recepcionasse os passageiros e providenciasse a remoção imediata das algemas. Em nota, o ministro classificou o ocorrido como um "desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros". "A dignidade da pessoa humana é um princípio basilar da Constituição Federal e um dos pilares do Estado Democrático de Direito, configurando valores inegociáveis", afirmou o Ministério da Justiça e Segurança Pública.