O professor Marcos Cintra, vice-presidente da Fundação Getúlio Vargas e ex-secretário da Receita Federal no governo de Jair Bolsonaro (PL), teve a sua conta retida no Twitter após fazer uma série de questionamentos ao processo eleitoral que definiu a volta de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República. Após ler sobre supostas contradições estatísticas nas eleições — um grupo argentino organizou uma live na sexta-feira para apresentar uma auditoria provada que afirma que Bolsonaro foi prejudicado —, Cintra consultou os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e constatou que o atual presidente não teve nenhum voto em “centenas” de zonas eleitorais. Segundo ele, são questões que “merecem resposta”. “Não vejo explicação para Jair Bolsonaro ter zero votos em centenas de urnas. Exemplos: Roraima e [cidades de] São Paulo como Osasco, Franca e Guarulhos. Quilombolas e indígenas não explicam esses resultados, sob pena de admitir que comunidades foram manipuladas. Há outras centenas, senão milhares de urnas, com votações igualmente improváveis. Curiosamente, não há uma única urna em todo o país onde o Bolsonaro tenha tido 100% dos votos. E se há suspeita em uma única urna, elas recaem sobre todo o sistema”, destacou o ex-deputado federal, que foi candidato a vice-presidente neste ano na chapa de Soraya Thronicke. O professor ainda ressaltou que não apoia Bolsonaro.
Marcos Cintra afirma que acredita na “legitimidade das instituições” e que não admite “que o TSE seja cúmplice no caso de descobrir algum bug”. “Mas se tornará cúmplice se não se debruçar sobre esses fatos e esclarecer tudo”, acrescentou. “Independentemente de qualquer outra consideração ou preferência política, a preservação das instituições democráticas exige respostas convincentes.” O ex-deputado ainda lamentou a ausência de comprovante do voto, uma das pautas do governo Bolsonaro. “Tivéssemos registros em papel, sem prejuízo das vantagens da digitalização dos votos, estes casos aparentemente inexplicáveis poderiam ser rapidamente descartados, evitando as dúvidas sobre a integridade do sistema que estão se avolumando”, declarou. O manifesto de Cintra se dá ao mesmo tempo em que milhões de pessoas questionam a lisura das urnas. Bloqueios nas estradas e protestos em frente a bases militares eclodiram no país após o resultado das eleições, no último dia 30.