Nesta segunda-feira, 7, as manifestações que questionam a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022 em todo o país chegaram ao marco de uma semana. O movimento organizado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) realizou mais de mil intervenções em rodovias federais, de acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF). No total, foram 1.048 manifestações desfeitas durante os últimos sete dias. No final da manhã da segunda, a corporação ainda divulgou que oito interdições e dois bloqueios ainda estavam em andamento, sendo que a obstrução total de vias ocorriam nas cidades de Campos de Júlio e Rio do Sul. No sábado, a PRF ainda chegou a informar que as rodovias federais estavam totalmente livres de bloqueios, com três interditadas parcialmente. Também houve manifestações em bases militares, como o Comando Militar do Sudeste, em São Paulo (região do Ibirapuera), o Comando Militar do Leste, no Rio de Janeiro (praça Duque de Caxias), o Quartel General do Exército, em Brasília, além de tiros de guerra, brigadas militares, bases aéreas e quartéis em cidades de todo país. Vestidos de verde e amarelo, os manifestantes pedem “intervenção federal” por entenderem que o processo eleitoral não foi conduzido de maneira justa. Durante o final de semana, atos voltaram a ganhar força, sem se restringir a intervenções nas vias públicas. No domingo, 6, manifestantes utilizaram as redes sociais para convocar uma greve geral. “Feche sua empresa, indústria, fábrica e comércio. E vamos lutar contra a instalação do comunismo”, diz uma das mensagens. A organização está sendo feita pelo Movimento Nacional Resistência Civil (MNRC), grupo que se diz composto por “lideranças de movimentos civis e juristas”. “O posicionamento do grupo não diz respeito somente sobre os resultados das eleições, mas sim sobre o restabelecimento da ordem, referente às injustiças da qual foi o processo eleitoral. Não estamos contestando as eleições somente, mas sim as violações constitucionais que ocorreram e estão ocorrendo”, afirma Léo Souza, coordenador do MNRC.
Os protestos ocorrem por conta da insatisfação dos manifestantes com o resultado das urnas no segundo turno. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu Bolsonaro, que tentava a reeleição, na corrida pelo Palácio do Planalto. O petista obteve 50,9% dos votos válidos, enquanto o atual mandatário somou 49,1%. Um dia após o pleito, o país registrou bloqueios em rodovias do país em 25 estados e no Distrito Federal. Bolsonaro se pronunciou sobre as manifestações na quarta-feira, 2, em um vídeo divulgados em suas redes sociais, pedindo para que os manifestantes desbloqueiem as estradas. Quero fazer um apelo a você: desobstrua as rodovias. Isso daí não faz parte, no meu entender, dessas manifestações legítimas. Não vamos perder, nós aqui, essa nossa legitimidade”, disse o presidente na ocasião. Desde então, o número de bloqueios despencou. O diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, divulgou um vídeo nas redes sociais do órgão dizendo que a operação realizada nas rodovias do país para a acabar com os bloqueios realizados por caminhoneiros foi “a maior da história” da corporação. “Nossos policiais federais, homens e mulheres, que estão na estrada, trabalhando desde domingo à noite. Estávamos encerrando uma operação e já iniciamos outra para desbloquear rodovias em todo o Brasil. É a maior operação da história da PRF, com o maior efetivo da história. Todos os policiais, desde segunda-feira, estão nas estradas operando. Estamos trabalhando muito. É uma operação complexa. Nesses bloqueios existem famílias, idosos. Precisamos garantir o direito de ir e vir de todo cidadão”, destacou Vasques, em resposta às acusações de que a PRF se omitiu e colaborou com os protestos, realizados após a eleição presidencial.
Para o deputado federal José Medeiros (PL-MT), os protestos nas cidades ou bloqueando rodovias foram provocados pelo que chamou de “falta de legitimidade” do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, para conduzir o pleito. “Quando você começa um processo que não é transparente, você acaba chegando a esse tipo de coisa. Eu tinha essa preocupação desde o início. Tanto é que pedi o afastamento do ministro Alexandre de Moraes desse processo, porque eu temia que algo dessa magnitude acontecesse. Eu sempre disse, ele era funcionário de um dos candidatos. Ele foi para o ministério da Justiça de Temer por causa de um desses candidatos e foi para o STF por causa de um desses candidatos. E esse candidato estava na eleição. Não fazia sentido. E aí ele [Moraes] vai para o pleito eleitoral tomando medidas só para um lado. Então, quando sai o resultado da eleição, obviamente que uma parte sai com gosto de caixão velho na boca. Aí está o nexo causal de tudo isso. Para acabar de ter a cereja no bolo, ele passa impressão de que o processo está maculado, porque quem abre a boca e diz alguma coisa sobre o processo, ele censura. Quando se cala a boca das pessoas, fica complicado. Quem bagunçou isso tudo tem nome, foi o ministro Alexandre de Moraes, e mais um ou dois coleguinhas dele”.