As Eleições 2022 podem ter um fator decisivo nos resultados: a taxa de abstenção . No pleito eleitoral de 2020, onde o Brasil votou para eleger vereadores e prefeitos, o país bateu o recorde de faltantes, alcançando 23,1% dos cidadãos que não compareceram às urnas. O iG realizou um levantamento que aponta quais foram as taxas de abstenção nas disputas presidenciais desde 1998 até 2018. A maior porcentagem aconteceu nas últimas eleições.
A falta de eleitores nas disputas municipais de 2020 foi a taxa recorde entre todas as eleições. No entanto, ela ocorreu durante o primeiro ano da pandemia de Covid-19, quando ainda não haviam vacinas e a população era orientada a ficar em casa.
A dúvida no pleito deste ano é se a população vai seguir a tendência mundial de não comparecimento às urnas , ou se o cenário vai mudar, devido à flexibilização da pandemia e a crescente polarização instaurada nos últimos meses.
A falta dos eleitores nas votações aumenta a cada eleição desde 2016, seja ela municipal ou geral. É o que mostra os dados do TSE:
Segundo informações do Tribunal Superior Eleitoral, a maior abstenção no Brasil ocorre entre homens, moradores do Sudeste e com escolarização até o ensino fundamental. Já a maior taxa de presença ocorre nas regiões Sul e Nordeste, mulheres e eleitores com ensino superior.
Os dados mostram que uma grande taxa de abstenções pode fazer com que o candidato que esteja a frente nas pesquisas não consiga ganhar no primeiro turno. Neste ano, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) , está na liderança nas eleições, de acordo com as pesquisas eleitorais.
A influência dessa taxa no resultado das eleições ocorre porque, junto aos votos em branco e nulos, as abstenções definem o número de votos válidos .
Para um governador ou presidente ser eleito no Brasil, ele precisa receber 50% mais um dos votos válidos. Caso o candidato não atinja essa porcentagem no primeiro turno, é realizada uma segunda rodada de votação entre os dois mais bem votados. Em 2022, o segundo turno está marcado para o dia 30 de outubro, caso ele seja necessário.
A contabilização desses votos se dá por meio do desconto dos votos em branco e votos nulos. A legislação eleitoral valida somente o voto dado diretamente a um determinado candidato ou a um partido (voto de legenda).
O voto útil se tornou a maior preocupação das campanhas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do presidente Jair Bolsonaro (PL) . O movimento pode definir a eleição já no primeiro turno, com a possível vitória do petista.
Lula tem 50% dos votos válidos, segundo a última pesquisa Datafolha . Se ele alcançar esse desempenho nas urnas eletrônicas, conseguirá ser eleito pela terceira vez.
Porém, Bolsonaro tem trabalhado incansavelmente para impedir a migração de votos de apoiadores de Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) para o ex-presidente.
O movimento do voto útil pode acontecer por causa da rejeição do chefe do executivo federal. Segundo o Datafolha, 52% dos eleitores não votam no mandatário de jeito nenhum.
Com a disputa polarizada, 90% dos brasileiros querem encerrar a eleição no primeiro turno, de acordo com o levantamento Quaest. Desta forma, sem chance de vitória de Tebet e Ciro, um grande percentual de ambos os candidatos pode migrar para Lula.
O debate da Globo era tratado como fundamental para que o petista atingisse os apoiadores dos dois adversários e também os indecisos. Só que as pesquisas qualitativas de todas as campanhas apontaram que os eleitores que tinham dúvidas penderam para Simone, o que pode levar as eleições 2022 para o segundo turno.
Outro ponto importante para as campanhas dos dois primeiros colocados é o número de abstenções. Lula lidera entre os mais pobres e também quem possui apenas o ensino fundamental, ambos os grupos que mais costumam não participarem das eleições.
Por isso a campanha petista tem pedido para que as pessoas não deixem de votar. A equipe avalia que é fundamental que a abstenção não fique acima dos 20%.
Não por acaso, nas últimas duas semanas, Lula tem dito que “os eleitores que não votam, não terão moral para cobrar os governantes”.
Já o grupo de Bolsonaro acredita que, se a abstenção ultrapassar os 20% dos eleitores, a disputa será levada para o segundo turno.
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Fonte: IG Política