O pai do adolescente de 16 anos que abriu fogo contra duas escolas em Aracruz, no Espírito Santo, na última sexta-feira (25), pediu perdão às vítimas do ataque. Ele também diz que não pretende evitar a punição que sofrerá por ter falhado no acautelamento da arma do Estado que mantinha em casa.
“Meu mais profundo sentimento de pesar. Sei que a tragédia que ceifou várias vidas foi cometida por meu filho, um filho criado com todo amor e carinho. Mas não consigo entender o que o levou a cometer esse atentado. Se eu pudesse, pediria para cada família o perdão para meu filho, apesar de saber que diante de tamanha dor isso é algo impossível. Gostaria de poder pedir o perdão e dar minha explicação para cada parente das vítimas, mesmo que fosse em vão.” disse o pai do adolescente, em entrevista ao jornal o Estado de S. Paulo.
O pai do adolescente também reclamou de notícias falsas a seu respeito.
“Quase tudo não é verdade. Estão dizendo que eu fiz postagem nazista, apologia ao nazismo. Sim, eu postei uma foto no meu Instagram, há muito tempo atrás, de um livro que se chama Mein Kampf, que é uma autobiografia do Adolf Hitler, um livro vendido abertamente em livrarias. Não tem censura nenhuma contra o livro. O fato de você ler um livro desse faz você ser nazista? Eu fiz um comentário sobre leitura. Disse que ler causa a expansão da consciência. Estão dizendo que eu sou bolsonarista, que eu gosto que as pessoas andem armadas. Eu não sou bolsonarista nem lulista. Tenho dois projetos sociais aqui na minha cidade voltados para atendimento de psicoterapia totalmente gratuito”, prosseguiu.
“Ele nunca demonstrou interesse nenhum nas minhas armas. Ele sempre gostou de ver armas e entendia muito de armas, com vídeos do YouTube. Gostava muito de ver vídeo no YouTube, gostava de ver vídeos de armas e de jogos. Se você me pedir uma prova eu não tenho como te dar, mas eu acredito e tenho forte intuição de que meu filho foi manipulado, foi induzido por bandidos, por pessoas realmente malignas, satânicas, que estão nas redes sociais pescando um jovem ou outro que tenha a mente um pouco fraca. Fisgam esses jovens, trabalham na mente deles e levam eles a cometer esse tipo de atitude. Eu acredito que foi manipulado por pessoas assim, mas eu não posso provar ainda. O celular dele já está com a polícia, o computador dele também, disse o pai do atirador, que um policial civil do Espírito Santo.
“Sim, há uns dois anos, segundo ele, ele passou por uma situação de bullying na escola. Não foi nada provado, mas ele relatou isso. Foi antes da pandemia mais ou menos. Depois disso a gente percebeu sim uma transformação comportamental nele. A gente viu que ele ficou uma pessoa mais introvertida e ele era bastante extrovertido. Era muito risonho, conversador, e ele se fechou, a partir do final de 2019. Ele se isolou socialmente dos colegas. Devido a esse isolamento, começou a procurar interação nos jogos. A rede social que ele mais usava era o YouTube, com os vídeos. Ele gostava muito do tema da Segunda Guerra Mundial. Não sei como aflorou esse gosto nele. Era muito fissurado em História, em Sociologia, alguma coisa de Filosofia. Apesar da idade precoce, aflorou esse gosto nele.
O pai do adolescente ainda disse que quer que o crime seja investigado e que não espera que o filho passe impune: “Eu não quero nenhum tipo de impunidade. Eu não quero que o meu filho fique impune não. Quero que a justiça seja feita. Não quero que seja feita vingança, quero que a justiça seja feita”, disse.