Mato Grosso MENINO ESTAVA EM CRISE

Motorista de aplicativo expulsa mãe e filho autista de carro: "não sou obrigado"; ouça áudio

Ao HNT, a mãe contou que, apesar de não querer descer do carro, sentiu medo de sofrer represálias por parte do motorista que não aceitava a presença do filho dela, de cinco anos

Por Comando da Notícia

01/12/2022 às 18:22:43 - Atualizado há

Uma mãe e seu filho de 5 anos de idade, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), foram expulsos do carro por um motorista de aplicativo durante uma corrida em Cuiabá, na tarde da última quarta-feira (30). Em um áudio, o motorista alega que não é obrigado a levar o menino em crise. Consta em boletim de ocorrência que, depois de obrigá-los a descer do carro antes do destino, o homem, identificado como Cleiton, ainda se referiu a Yago como "louco".

O caso aconteceu por volta das 16h20, quando Maricelia Pereira voltava da casa da mãe, onde foi descansar com seu filho, depois de uma manhã de terapias. No áudio gravado pela mãe, o motorista afirma que Maricelia tinha que "fazer seu filho ficar quieto". Ao HNT, a mãe relatou que se sentiu coagida e com medo e que desceu do carro depois de um pedido do filho, que também ficou assustado com a situação.

"Meu filho tem o direito de ir e vir e entrar em qualquer lugar. Entrar em uber, entrar em mercado. Ele é uma criança. Não é porque ele é autista que ele pode ser proibido de entrar em carro de aplicativo, não. Quer dizer que todo aplicativo que eu for chamar, eu vou ter que falar: vai entrar um autista no seu carro, você aceita? Para não ser jogado em uma avenida do CPA em um sol de 40ºC. Meu filho estava descalço, ele ficou parado no ponto de ônibus, não conseguia andar para frente e nem para trás, ele ficou em choque", lamentou.

Diagnosticado desde os três anos, recentemente Yago perdeu as terapias as quais tinha direito no Centro de Reabilitação Integral Dom Aquino Corrêa (Cridac). Maricelia relatou que ele recebeu alta depois que os médicos do local disseram que o menino não tinha autismo e que era "doente mental". A mãe só conseguiu uma vaga novamente depois de pedir ajuda à primeira-dama do Estado, Virgina Mendes.

No entanto, mesmo com indicação para acompanhamento com fonoaudióloga e terapia ocupacional, Yago só conseguiu o acompanhamento com uma psicóloga no Cridac. Além disso, o menino também está sem acesso aos remédios que precisa, o que favorece a ocorrência de crises, como a que levou ele e a mãe serem expulsos do carro na tarde de quarta-feira.

Para Maricelia, apesar do medo de represálias, a luta pelos direitos do filho só ganhou força depois do episódio. "Minha luta também por outras mães que vêm sofrendo o que eu sofri. Se eu calar hoje, vai acontecer amanhã de novo. A luta não é só pelo Yago, é por qualquer criança com deficiência. A luta é por todos. Não é por dinheiro, é por dignidade, por honra ao meu filho. Medo eu estou, mas se eu ficar com esse medo, e aí se esse cara fizer amanhã com outra mãe de autista?", disse.

O boletim de ocorrência sobre o caso foi registrado na Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Cuiabá (Deddica). A plataforma que intermediou a corrida também foi notificada. A reportagem entrou em contato com a Uber, que disse, em nota, não tolerar qualquer forma de descriminação em viagens pelo aplicativo.

LEIA NOTA NA ÍNTEGRA

A Uber não tolera qualquer forma de discriminação em viagens pelo aplicativo e reafirma o seu compromisso de promover o respeito, igualdade e inclusão para todas as pessoas que utilizam o nosso app. Temos como política que os motoristas parceiros cumpram a legislação que rege o transporte de pessoas com deficiência. A Uber fornece diversos materiais informativos a motoristas parceiros sobre como tratar cada usuário com cordialidade e respeito. Recentemente, a empresa lançou um guia que tem como objetivo apoiar os motoristas parceiros com informações sobre como ter interações positivas e respeitosas com usuários que têm alguma deficiência. Nos casos em que usuários sentirem que o tratamento dado pelo parceiro não foi respeitoso, ou que desrespeitou os termos da lei, ressaltamos sempre a importância de reportarem esses incidentes à Uber, para que possamos tomar as medidas necessárias. Conforme explicitado no Código de Conduta da Comunidade Uber, casos comprovados de motoristas que adotem conduta discriminatória podem levar à perda de acesso à plataforma.


OUÇA O ÁUDIO

Fonte: RAYNNA NICOLAS | HIPERNOTÍCIAS
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