O governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), enviou mensagem naquele 8 de janeiro para o secretário interino de Segurança Pública do Distrito Federal, Fernando de Souza Oliveira, pedindo para tirar “os vagabundos” do Congresso Nacional.
Em mensagens de WhatsApp divulgadas pelo jornal O GLOBO, uma mensagem enviada às 15h39 de 8 de janeiro para Fernando de Souza Oliveira, Ibaneis determina que as forças de segurança da capital, comandadas por Oliveira, prendam “o máximo” de “vagabundos” “possível”.
Na captura da dela, é possível ver uma mensagem de áudio enviada pelo secretário interino com duração de 1 minuto e 5 segundos.
“Governador, bom dia. Delegado Fernando falando. Governador, passar o ultimo informe aqui do meio dia para o senhor. Tudo tranquilo. Os manifestantes estão descendo lá do SMU, controlado, escoltado pela policia. Tivemos uma negociação para eles descerem de forma pacifica, organizada, acompanhada. Toparam. Não precisou conter lá em cima. É um ou outro ônibus que vai descer. Se descer perto da Rodoviária, eles desembarcam ali na alça leste e seguem acompanhados pela polícia militar. Então, assim, tá um clima bem tranquilo, bem ameno, uma movimentação bem suave e a manifestação totalmente pacifica. Até agora, nossa inteligência está monitorando, não há nenhum informe de questão de agressividade ligada a esse tipo de comportamento. Tem aproximadamente cento e cinquenta ônibus já no DF, mas todo mundo de forma ordeira e pacifica”.
O governador do DF responde: “Maravilha”, às 13h29 do domingo
Ibaneis volta a procurar Oliveira às 15h39, quando, de acordo com o depoimento, viu pela TV que os manifestantes haviam invadido prédios do Congresso Nacional. Ele pede para que os vândalos fossem removidos.
“Coloca tudo na rua. Tira esses vagabundos do Congresso e prenda o máximo possível”, solicita.
O governador afastado foi na sexta-feira (13), de forma espontânea, à Polícia Federal, para prestar depoimento sobre os atos de violência. Ele se defendeu das acusações de inação e de que as forças de segurança do DF não atuaram de forma eficaz para conter a depredação das sedes dos Três Poderes. Ibaneis disse que não houve omissão do GDF para conter os atos de vandalismo e revelou que manteve contato com o ministro da Justiça, Flávio Dino, desde a manhã de 8 de janeiro. Ele entregou à PF mensagens de WhatsApp e e-mails trocados com Dino, com o então secretário de Segurança Pública local, Anderson Torres, e com o interino no cargo, Fernando Oliveira.
De acordo com Ibaneis, a exoneração do secretário Anderson Torres se deu por esta espécie de “omissão” em um momento de crise.
“A exoneração do secretário Anderson se deu em razão do fato de que este estava ausente do país no momento do trágico acontecimento e, portanto, o declarante perdeu a confiança no seu então secretário”, disse Ibaneis em depoimento.