EUA acusam Rússia de "crimes contra a humanidade" pela primeira vez

“E eu digo a todos aqueles que perpetraram esses crimes e a seus superiores que são cúmplices desses crimes – vocês serão responsabilizados.”

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que também está participando da conferência, disse que membros das forças russas “cometeram assassinatos do tipo execução de homens, mulheres e crianças ucranianos; tortura de civis detidos por meio de espancamentos, eletrocussão e execuções simuladas; estupro; e, ao lado de outras autoridades russas, deportaram centenas de milhares de civis ucranianos para a Rússia , incluindo crianças que foram separadas à força de suas famílias”.

“Esses atos não são aleatórios ou espontâneos; eles fazem parte do ataque generalizado e sistemático do Kremlin contra a população civil da Ucrânia”, acrescentou Blinken.

A determinação oficial, que veio ao final de uma análise legal e factual conduzida pelo departamento de estado dos EUA, não traz consequências imediatas para a guerra.

Washington espera que a determinação possa ajudar a isolar ainda mais o presidente russo, Vladimir Putin, e galvanizar os esforços legais para responsabilizar os membros de seu governo por meio de tribunais e sanções internacionais.

O discurso de Harris ocorreu quando líderes ocidentais importantes se reuniram em Munique para avaliar o pior conflito da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Ela disse que a Rússia era um país “enfraquecido” depois que Joe Biden liderou uma coalizão para punir Putin pela invasão, mas a Rússia está intensificando os ataques no leste da Ucrânia.

A Ucrânia está planejando uma contra-ofensiva de primavera, para a qual está buscando armas mais pesadas e de longo alcance de seus aliados ocidentais.

A guerra matou dezenas de milhares, desarraigou milhões de suas casas, golpeou a economia global e fez de Putin um pária no Ocidente.

Washington já havia concluído que as forças russas eram culpadas de crimes de guerra , assim como uma investigação ordenada pela ONU, mas a conclusão do governo Biden de que as ações da Rússia equivalem a “crimes contra a humanidade” implica uma constatação legal de que atos de assassinato a estupro são generalizados, sistemáticos e intencionalmente dirigido contra civis. No direito internacional, é visto como uma ofensa mais grave.

A comissão de inquérito sobre a Ucrânia, apoiada pela ONU, ainda não concluiu que os crimes de guerra que diz ter identificado equivalem a crimes contra a humanidade.

Em suas observações, Harris citou como “bárbaras e desumanas” as dezenas de vítimas encontradas em Bucha logo após a invasão da Rússia em fevereiro passado; o bombardeio de 9 de março a uma maternidade de Mariupol que matou três pessoas, incluindo uma criança; e a agressão sexual de uma criança de quatro anos por um soldado russo que foi identificada pelo relatório da ONU.

Organizações apoiadas pela Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional documentaram mais de 30.000 incidentes de crimes de guerra desde a invasão, de acordo com o governo dos EUA. Autoridades ucranianas disseram que estão investigando o bombardeio da cidade de Bakhmut nesta semana como um possível crime de guerra.

A Rússia, que diz estar conduzindo uma “operação militar especial” na Ucrânia para eliminar as ameaças à sua segurança e proteger os falantes de russo, negou ter alvejado intencionalmente civis ou cometido crimes de guerra.