Lucas Pootz, pai de Manoella Tecchio protestou e pediu justiça pela morte da filha de apenas três anos, na Unidade de Pronto Atendimento de Sinop (480 km de Cuiabá). Ele esteve na sessão realizada nesta segunda-feira (13), na Câmara Municipal.
"Eu quero saber quem vai vir junto comigo. Quero afastamento urgente de todos os responsáveis pela morte da minha filha, todas as pessoas envolvidas, quero o afastamento urgente", grita o pai.
Com cartaz em mãos escrito "sou pai, quero saber o que fizeram com a minha filha", Lucas também pede ajuda dos que acompanham a sessão para lutar pela saúde da cidade.
A morte da pequena Manoella causou revolta na cidade dos sinopenses. Eles cobram funcionários qualificados e melhorias na estrutura das unidades.
Em entrevista à imprensa local, o pai contou que a filha estava com sintomas gripais e na segunda-feira (6) apresentou tosse seca. Neste momento, os pais resolveram levar a menina à UPA. "Chegando lá a médica examinou, pediu exame de sangue, urina, porém ela falou que não constou nada nele [exame]. Simplesmente ela deu uma medição como se fosse uma tosse alérgica para ela e a gente retornou para casa", afirma.
Os pais, então, compraram medicamento para filha e iniciaram o tratamento domiciliar. "Porém, na terça-feira (7) não houve melhora. Até aquele momento não havia tido nenhum tipo de melhora para ela. Resolvemos voltar à UPA", acrescenta.
Quando retornaram à UPA, a criança foi examinada novamente e na sequência passou por exame de Raio-X. "Quando fizeram o Raio-X o pulmão já estava completamente comprometido. Já não tinha o que fazer. De imediato eles disseram que iriam precisar de UTI Neonatal, porém Sinop não tem e eles iriam solicitar Sorriso, Lucas do Rio Verde ou Alta Floresta para poder levar ela".
No entanto, nenhuma das cidades estava com leito disponível e os profissionais tentaram realizar um procedimento para salvar a criança ali mesmo. "A gente não sabe o que aconteceu e como foi feito, pois a gente não teve acesso e a gente não sabe se foi feito algum tipo de drenagem ou não. Simplesmente Manoella teve quatro paradas cardíacas e na quinta ela não resistiu e acabou falecendo", lembra o pai. "Muito difícil acreditar, a gente está sem chão, pois Manoella era uma menina saudável. Não há palavras para descrever o quão especial Manoella era para a gente. A dor é imensurável e não existe sentimento maior que o amor que a gente sentia por ela", lamentou o pai. Abalado, Lucas fez alerta aos pais que levam os filhos à UPA e ressaltou a importância de exigir exames para as crianças que apresentem sintomas parecidos. Lucas também cobrou UTI Neonatal na cidade. "Como querem que Sinop seja a capital do nortão se não existe UTI Neonatal, apoio para as famílias?", questiona. A causa da morte apontada pela unidade médica seria choque séptico e pneumonia, segundo informou o pai.Afastamento e sindicânciaA Prefeitura de Sinop determinou, ao Instituto de Gestão de Políticas Públicas (IGPP), que faz a gestão da unidade, a abertura, imediata, de uma sindicância para apurar o atendimento e os protocolos adotados que envolveram a morte de Manoella.A sindicância implica no afastamento das atividades profissionais da médica que atendeu a paciente. Para que a investigação dos fatos não seja afetada, a médica deverá permanecer afastada da instituição de saúde até que as investigações sejam concluídas. Com isso, a profissional, ficará impedida de acessar as instalações da UPA.A secretária de Saúde, Daniela Galhardo, informou que toda suspeita precisa ser apurada. "Nós não podemos fazer julgamentos precipitados, mas precisamos apurar como foi realizado o atendimento. Por isso, determinamos a abertura da investigação, que culminou com o afastamento da profissional".