Um dos alvos do grupo que planejava matar e sequestrar autoridades, o promotor de Justiça Lincoln Gakiya investiga o PCC há 18 anos, disse que a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a operação da Polícia Federal (PF) para desbaratar o plano do PCC contra autoridades ter sido uma armação do senador Sergio Moro (União Brasil -PR) “ofende” a ele e ao Ministério Público (MP). A declaração ocorreu em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
“A gente não serve ao governador, nem ao procurador-geral. As polícias também. Eu não posso entender, qualquer que seja o presidente, seja Bolsonaro ou Lula, utilizarem, às vezes, a "minha" polícia. A polícia é do Estado. Isso me deixa muito constrangido quando se tenta usar a polícia para fins políticos [ ] Falar que a polícia inventou essa operação, está ofendendo a mim e ao Ministério Público”, disse Gakiya ao veículo.
Segundo o promotor, a fala de Lula “é a desorganização do Estado”.
“O próprio crime organizado assiste de camarote esses casos. São Paulo não transferia lideranças do PCC para o sistema penitenciário federal para não parecer que o Estado não tinha capacidade de conter os presos. Estes sabiam que nunca seriam mandados para o sistema federal por razões políticas. A distância entre os presídios federais era importante para desarticular a comunicação dos detentos“, disse Gakiya.
Lincoln Gakiya vive há mais de dez anos sob escolta policial 24 horas por dia por causa das ameaças de morte recorrentes que recebe.
O promotor faz parte do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo) de Presidente Prudente, no interior do estado.