A organização PETA (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais) utilizou o ChatGPT para fazer mudanças no livro do Gênesis, que é o primeiro livro da Bíblia, da Torá e considerado sagrado no Islã.
A organização PETA (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais) utilizou o ChatGPT para fazer mudanças no livro do Gênesis, que é o primeiro livro da Bíblia, da Torá e considerado sagrado no Islã. A intenção do grupo foi recriar a história de uma perspectiva vegana.
Em uma entrevista ao portal UOL, Gerson Leite de Moraes, doutor em Ciências da Religião e professor do Mackenzie, afirmou que independentemente da denominação, seja católica, evangélica ou ortodoxa, não há a menor possibilidade de um texto bíblico reescrito pelo ChatGPT ser bem recebido pela comunidade cristã.
“O cristianismo, a exemplo de outras religiões, é uma religião do livro. E esse livro adquiriu um grau de canonicidade, um grau de sacralidade em que aquilo que foi, pela história, consagrado como canônico não pode ser mudado”, disse ele ao veículo.
De acordo com Moraes, embora uma inteligência artificial possa reescrever a Bíblia completa, o patrimônio cultural dos cristãos permanecerá inalterado. Ele enfatizou que acrescentar qualquer coisa através da inteligência artificial será imediatamente considerado como uma heresia.
De acordo com o teólogo e pastor Ranieri Costa, que possui mestrado em Linguagem, a Bíblia não pode ser vista apenas como um livro comum pelos cristãos.
“As pessoas que acreditam e têm contato com a Bíblia se relacionam com os textos ali contidos com a perspectiva de que estão se relacionando com o próprio Deus, com a perspectiva de que aqueles textos trazem a revelação de quem é Deus é e de como Deus age no mundo em cada época da história”, disse o o pastor ao UOL.
O teólogo católico Felipe Zangari, que possui mestrado em Ciências da Religião, expressa a opinião de que o texto bíblico pode ser submetido a releituras, contudo, destaca a importância de que essa prática seja conduzida com cautela.
“Como a palavra de Deus revelada, o texto bíblico merece a devida reverência histórica e teológica, ainda que os modos de ler e interpretar tenham acompanhado a evolução de ciências como a arqueologia e a hermenêutica”, disse.
De acordo com Ranieri Costa, as traduções são elaboradas com base nos textos originais ou em fragmentos dos mesmos, e com isso é possível realizar uma tradução mais adaptada ao entendimento da sociedade em cada época.
“As traduções mais atualizadas trazem palavras mais ligadas ao nosso contexto hoje, de gramática, de vocabulário. Mas não fogem do significado original do texto”, disse.