Ex-prefeita é suspeita de negociar vaga para sobrinho
As investigações da Operação Ápate, deflagrada pela Polícia Judiciária Civil (PJC) na quinta-feira, apontaram que diversos políticos e agentes públicos teriam intermediado a aprovação de parentes e terceiros nos concursos aplicados pela Método Soluções Educacionais. Entre os suspeitos, estão uma ex-prefeita, uma chefe de gabinete e até mesmo o vice-prefeito de um município de Mato Grosso.
A Operação Ápate investiga uma organização criminosa que fraudou o concurso público do município de Mirassol D"Oeste e teria cometido as irregularidades em outros certames. Os gabaritos e as aprovações eram negociados por Jussemar Rebuli Pinto, empresário que morava em Araputanga e atuava no ramo de locação de software para o setor público.
Entre os compradores de gabaritos estava a ex-prefeita de Lambari D"Oeste, Maria Manea da Cruz, que teria intermediado a aprovação de seu sobrinho, Fábio Manea, que ficou em primeiro lugar no certame para o cargo de contador, com salário de R$ 7.038,25. Durante as negociações, a política chegou a relatar que temia que seu celular estivesse clonado pelo namorado e teria tentado angariar outros interessados.
Ela também teria pedido para que a Método Soluções Educacionais pudesse "fazer alguma coisa" para que sua sobrinha, Cristina Manea, pudesse ser aprovada num processo seletivo em Lambari do Oeste, para o cargo de pedagoga, afirmando que o prefeito do município teria prometido que a mulher seria selecionada. Os policiais não conseguiram identificar se realmente houve interferência do gestor para aprovação, mas a candidata foi aprovada na 13ª colocação do certame.
Quem também negociou a aprovação de terceiros foi o vice-prefeito de Porto Esperidião, Antônio Carlos Laudivar Ribeiro. As investigações apontaram que ele intermediou a fraude entre alguns candidatos, que até o momento não foram identificados pela polícia.
Ele foi um dos suspeitos que teve a prisão preventiva decretada, assim como a ex-prefeita de Lambari D"Oeste, Maria Manea da Cruz. A chefe de gabinete da Prefeitura de Porto Esperidião, Maria Regina Castro Martins, também foi um dos alvos que teve prisão preventiva decretada.
Ela negociou as aprovações de sua sobrinha, Suellen Karoline Martins Machado, e do marido da parente, Tércio Garcia Miranda. Ela temia que a fraude não tivesse sucesso, pois já teria perdido R$ 10 mil em uma situação semelhante.
A ousadia da servidora foi ainda maior que a dos políticos envolvidos. Isso porque ela pagou pela participação no esquema através de uma nota fiscal que tinha uma das empresas de Jussemar como beneficiário.
Foram pagos através da Líder Consultoria e Assessoria Empresarial, R$ 20 mil, tendo a própria chefe de gabinete como responsável pelo pagamento. No total, 32 pessoas foram favorecidas pela fraude, mas a Justiça entendeu que, em um primeiro momento, os suspeitos de terem sido aprovados de forma irregular, não ficarão fora dos cargos.
Apenas Maria Regina Castro Martins teve o afastamento do cargo determinado pelo juízo de primeiro piso, na decisão que decretou sua prisão. Outras nove pessoas, que teriam negociado a compra de gabaritos e de classificação no concurso tiveram medidas cautelares determinadas pela juíza Sabrina Andrade Galdino Rodrigues, da Terceira Vara de Mirassol do Oeste.
Júlio Cezar Massan Nichols, Rosinei Gonçalves da Silva, Neliton da Silva Mota, Celso Pereira dos Santos, Carlos Leandro Bravo, Débora Cristina de Arruda, Maria Manea da Cruz, Marcelo Aparecido Delforno Leite e André da Conceição Paiva estão proibidos de se ausentar da comarca em que residem e usarão tornozeleiras eletrônicas por 60 dias.