Nesta semana, o programa Mulheres Positivas recebeu a atriz Luiza Brunet.
Nesta semana, o programa Mulheres Positivas recebeu a atriz Luiza Brunet. Em entrevista à apresentadora Fabi Saad, ela desabafou sobre ter sido vítima de abuso sexual. “Esse é o grande enigma da violência doméstica, você pode estar em qualquer lugar público, no privado você é espancada e agredida, muitas vezes acontece o pior, que é o feminicídio. As pessoas que assistem não imaginam o que de fato acontece na privacidade da vida de um casal quando você é exposto a uma mulher que resolve colocar para fora suas dores. Mulheres com quem me surpreendi, que me deixaram perplexa. Por exemplo, a Hebe Camargo em seu filme, na sua vida e na sua história. Parecia ser extremamente forte e independente financeiramente, mas na vida privada sofria violência doméstica do seu companheiro constantemente. São surpresas que deixam a gente perplexa. A gente não imagina que tantas mulheres positivas sejam atingidas pela violência doméstica”, disse. “Eu assistia regularmente ao meu pai atingindo minha mãe com socos e tapas, com armas, palavras de baixo calão. Minha mãe decidiu voltar para o Rio de Janeiro. Quando cheguei ao Rio, fui trabalhar numa casa de família e, aos 12 anos, sofri abuso sexual. Mais um problema estrutural que acontece todos os dias, agora deve estar acontecendo. Eu nem sabia como falar sobre isso, guardei esse segredo horroroso por muito tempo. Hoje me sinto segura para falar sobre a violência que as mulheres sofrem, de todas as naturezas, física, emocional, patrimonial”, acrescentou.
Hoje, Brunet conta que se mantém focada em ajudar outras mulheres e orientar pela procura de autoridades específicas para cada caso ou crime ocorrido, especialmente em outros países. “Eu tenho um Instagram e um e-mail, está bem disponibilizado no mundo inteiro, essas mulheres acabam se conectando, já me ligam, com contato no WhatAapp e no próprio telefone. Peço um áudio, pergunto se está ilegal ou não, se está casada com um brasileiro ou estrangeiro, as condições que ela foi para fora. Eu começo a construir como ajudar essa mulher, falei com amigas advogadas e desembargadoras. Inclusive, o direito que elas têm para buscar ajuda no consulado brasileiro é muito bom”, explicou. “São muitas mensagens todos os dias. Quando são casos graves que eu não tenho condições de ajudar, delego para quem pode. É muito importante fazer a denúncia e não ter medo, delegacia da mulher, ministério público. São mil formas de ajudar, o mais importante é que a mulher entenda que ela está vivendo num relacionamento abusivo. É importante que quanto mais rápido saia disso, mais você vai ter uma sobrevida com dignidade”, pontuou.
Para a empresária, as mulheres devem sempre procurar informações que conscientizem sobre a violência doméstica e os tipos de abuso contra o sexo feminino. “Eu leio muitas matérias, passei dos livros para a pesquisa na internet. Acho que ler é muito importante, [pode ser] romance ou policial, não importa o que escolher, mas é muito importante olhar na internet e no Google, buscas de entendimento de plataformas e do relacionamento abusivo. Busque formas de se proteger de diversas violências”, aconselhou.
Como filme, ela indicou “Hypnotic”, estrelado por Alice Braga e Ben Affleck. A produção estreou em Cannes e chega aos cinemas do Brasil em setembro deste ano. ” É um filme extremamente moderno, fala do metaverso”, disse. Como mulher positiva, Brunet afirmou se inspirar na trajetória de superações da própria mãe. “Ela foi corajosa, era professora, sofreu violência doméstica numa época que ninguém falava disso. Hoje ela tem 82 anos, tem autonomia financeira, autonomia emocional e é um exemplo de mulher”, concluiu.