A Ucrânia divulgou sua intenção de estabelecer um “corredor humanitário” no Mar Negro, visando liberar os navios cargueiros que permaneceram retidos em seus portos desde o início da guerra.
A Ucrânia divulgou sua intenção de estabelecer um “corredor humanitário” no Mar Negro, visando liberar os navios cargueiros que permaneceram retidos em seus portos desde o início da guerra. Este movimento apresenta um desafio adicional ao bloqueio efetivo implementado pela Rússia, que deixou de honrar um acordo recente para permitir a exportação de grãos de portos marítimos ucranianos.
Inicialmente, o corredor, anunciado na quinta-feira, seria aplicado às embarcações, como os navios porta-contêineres, que ficaram aprisionados nos portos ucranianos desde a invasão russa em fevereiro de 2022. Tais navios não estavam abrangidos pelo acordo anterior que permitia o embarque de grãos no ano passado.
Este movimento constitui um teste importante para avaliar a capacidade da Ucrânia em reabrir rotas marítimas num contexto em que a Rússia busca retomar seu bloqueio efetivo, tendo abandonado o acordo de grãos no mês passado. As fontes relacionadas ao transporte e seguro demonstraram preocupações quanto à segurança dessa ação.
Reportagens da agência de notícias local The Kyiv Independent indicam que a marinha ucraniana alertou sobre a persistência de ameaças militares russas, assim como a presença de minas marítimas ao longo de todas as rotas marítimas.
“Apenas os navios cujos proprietários ou capitães oficialmente confirmem sua prontidão para navegar nessas condições poderão passar”, informou a agência de notícias na quinta-feira.
De acordo com uma declaração da marinha ucraniana, já foram propostas rotas para o corredor diretamente à Organização Marítima Internacional (IMO). Essas rotas destinam-se, principalmente, aos navios civis retidos nos portos ucranianos de Chornomorsk, Odesa e Pivdennyi desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro de 2022.
A marinha afirmou que “somente os navios cujos proprietários/capitães confirmem oficialmente que estão prontos para navegar nas condições atuais poderão passar pelas rotas”. Acrescentou que os riscos de minas e ameaças militares russas permanecem.
“O corredor será altamente transparente. Instalaremos câmeras nos navios e haverá transmissão para demonstrar que se trata de uma missão puramente humanitária, sem qualquer propósito militar”, afirmou Oleh Chalyk, porta-voz da marinha ucraniana, em entrevista à agência de notícias Reuters.
Até o momento, não houve resposta de Moscou às solicitações de comentários.
Fontes familiarizadas com o transporte e seguro relacionadas à Ucrânia indicaram que não foram informadas sobre o novo corredor e que existem dúvidas quanto à sua viabilidade. Consequentemente, é improvável que a maioria dos navios concorde em navegar nas atuais circunstâncias.
“Não foi abordada a possibilidade de várias fatalidades de tripulantes no caso de um navio ser atingido, o que também é uma questão importante”, afirmou uma fonte da indústria naval.
Cerca de 60 navios comerciais permanecem retidos nos portos ucranianos desde a invasão russa, sem uma resolução para seus destinos conforme o acordo de retomada das exportações de grãos em julho do ano passado.
Mantendo sua postura após abandonar o acordo de grãos, a Rússia afirmou que considerará qualquer navio se aproximando dos portos ucranianos como potenciais embarcações militares e os países de bandeira como apoiadores do lado ucraniano.
Em resposta, Kiev emitiu uma ameaça semelhante a navios que se aproximem de portos russos ou ucranianos sob controle russo.
A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que a decisão da Rússia de romper o acordo poderia agravar a crise alimentar global, prejudicando particularmente países mais pobres, ao manter os grãos de um dos maiores exportadores mundiais fora do mercado.