Para fugir da prisão, ele usava a identidade de um parente morto e atuava como presidente da Câmara de Nova Nazaré. Agora, é assessor no gabinete do prefeito.
ex-vereador conhecido como Márcio Túlio (PSDB), cujo nome verdadeiro é Valdoir Bento Tavares, foi contratado como assessor no gabinete do prefeito João Filho (PSDB), de Nova Nazaré, a 800 km de Cuiabá. Ele é acusado de duplo homicídio e perdeu o mandato de vereador por causa de envolvimento em organização criminosa, segundo a Justiça Eleitoral. Ele chegou a ser preso no ano passado, mas foi solto meses depois.
Tavares ainda responde por outros crimes, como ameaça, furto de gado, apropriação indébita e direção perigosa. Há mais de 10 anos, ele teria usado um nome falso de um parente morto para se eleger como vereador e chegou a atuar como presidente da Câmara Municipal.
O g1 entrou em contato com a defesa de Tavares e com a Prefeitura de Nova Nazaré, mas, até a última atualização desta reportagem, não houve retorno.
No Portal da Transparência da prefeitura, Valdoir aparece como assessor externo do gabinete do prefeito. O salário dele variou de R$ 5 mil para R$ 5.321 entre janeiro e junho deste ano.
Segundo testemunhas, ele raramente é visto dentro da administração pública do município.
Em março do ano passado, a Justiça Eleitoral determinou o afastamento de Tavares do cargo de vereador. Ele também atuou como presidente da Câmara na cidade e foi eleito usando um nome falso.
Na decisão do juiz eleitoral da 30ª Zona Eleitoral, Jean Louis Maia Dias, a permanência dele no cargo público poderia incentivar a continuidade de práticas ilegais.
Segundo o magistrado, o fato do parlamentar integrar organização criminosa com a finalidade de apropriar-se de dinheiro justifica a aplicação de medida cautelar de suspensão do exercício da função pública.
"Mesmo que eleito para nova legislatura, pode ensejar a continuidade das atividades ilícitas em apuração", disse na decisão.
Em 2007, Tavares e o irmão, Valteir Bento Tavares, se envolveram em uma briga com outros dois homens na festa de réveillon próximo a uma casa noturna, em Ariquemes (RO).
As vítimas foram identificadas como Éder da Silva Martins e Edeilson Moura dos Santos, que morreram a tiros. Outra pessoa também foi baleada, mas conseguiu fugir a tempo.
A motivação da briga, segundo o processo, seria por causa de uma vaga de estacionamento. No ano passado, Tavares chegou a ser preso por participação no crime.
A investigação da Polícia Civil apontou que, pela Comarca de Ariquemes, ele e o irmão respondiam por tentativa de homicídio e duplo homicídio, sendo considerados foragidos.
Ao ser descoberto com a identidade falsa, Tavares foi autuado por falsidade ideológica e ainda por posse ilegal de arma de fogo, segundo a polícia. O irmão dele estaria preso em Aruanã (GO), onde responde pelo crime cometido em 2007.